sexta-feira, dezembro 18, 2009

Indicadores

Durante esta semana, surgiram dois indicadores económicos que convém realçar. O primeiro revela o poder de compra dos diferentes países europeus. Numa altura em que se recusam aumentos salariais e que os empresários fazem uma tremenda birra ao crescimento do salário mínimo para 475 euros, este indicador demonstra a profunda injustiça destas propostas. Apesar do custo de vida estar ao nível de outros países europeus (Lisboa já ultrapassou Londres no ranking das capitais mais cara da Europa), os nossos salários são ridiculamente mais baixos. Esta realidade não só tem consequências sociais, como nos afasta da célebre convergência europeia e ainda compromete a dinâmica do consumo e da procura interna.

O segundo indicador diz respeito aos prémios atribuídos aos gestores financeiros. Aqui curiosamente não há falta de convergência com o que se faz no resto da Europa, excepto pela diferente tributação a que estes prémios estão sujeitos. Em França, são tributados a 50%, porque afinal foi a mestria destes génios da gestão financeira que deu origem à crise que atravessamos. Mas em Portugal, não, parece que não houve conduta irresponsável dos gestores financeiros. Talvez o BPN e o BPP tenham sido apenas um sonho mau e o dinheiro dos contribuintes lá injectado, uma mera nuvem de fumo...

Estamos a falar de 300 milhões de euros em prémios, valor que é aceitável para a Banca Portuguesa. É bom recordar que a Banca é tributada na mesma percentagem que as pequenas e médias empresas, algo impensável em qualquer outro país europeu. Não admira que exista dinheiro para prémios chorudos, independemente da recessão e da responsabilidade assumida. Mas o que indigna é um aumento de 15 euros no salário mínimo...

A semana termina com a aprovação da proposta do governo de união entre pessoas do mesmo sexo, medida com a qual me congratulo e que consagra uma igualdade efectiva de direitos. nesta matéria. É sempre bom saber que pelo menos no acesso ao casamento, existe igualdade de direitos. Era óptimo poder dizer o mesmo para a igualdade no acesso ao emprego, à justiça, à saúde e à educação.

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