terça-feira, setembro 29, 2009

Feliz aniversário menina que queria mudar o mundo

Se ela mandasse, o mundo não estaria tão doente...



Mafalda uma criação de Quino

segunda-feira, setembro 28, 2009

No rescaldo das eleições

Ao que parece o CDS ganhou as eleições e o PS teve uma extraordinária vitória. No preciso momento em que Sócrates, perdendo a maioria absoluta e cerca de 500 mil votos, afirma uma vitória extraordinária e frisa extraordinária (para quem julgasse que percebeu mal à primeira), dissemos adeus ao Sócrates candidato do PS com laivos de esquerda, para vermos surgir o primeiro-ministro arrogante que todos conhecemos. Resta saber como fará ele para ver as suas propostas aprovadas. Será que vai ziguezaguear entre esquerda e a direita ao sabor das conveniências, arruinando a pouca coerência política que lhe restava ou assume definitivamente a viragem à direita e coliga-se com o CDS?

Seria grave desprezar a maioria de esquerda no parlamento, mas é conhecida a indiferença de Sócrates pelo conceito. A questão ficará do lado de Paulo Portas, até que ponto e sendo a perspectiva de poder tão aliciante, engole o orgulho e retira as críticas feitas ao PS durante estes quatro ano? Seja como for, acho lamentável que estejamos dependentes dos caprichos de um líder partidário que acha que as soluções para os problemas do país, passam por retirar o rendimento mínimo aos pobres, expulsar os imigrantes e colocar um polícia a cada esquina. Pena é que este discurso do egoísmo e do ódio ao outro, tenha tido tanta adesão por parte de uma classe média tão desfalcada por quatro anos de pseudo-esquerda...

quinta-feira, setembro 24, 2009

Tempo de escolher

Noutras eleições não me tenho pronunciado sobre intenções de voto, até porque quem ler este blog e acompanhar as minhas preocupações, percebe perfeitamente a minha orientação politica. Considero que só uma politica verdadeiramente de esquerda poderá garantir a justiça social e a equidade, que é o problema fundamental da nossa democracia. Não poderá haver crescimento económico sustentável enquanto uma minoria absorver grande parte da riqueza controlando o poder político, condenando a maioria da população a ver os seus direitos fundamentais limitados e as suas aspirações individuais cerceadas. Acredito que existem bens e serviços indispensáveis à sobrevivência que devem estar acessíveis a todos, independentemente do seu poder económico. Estou a falar da saúde, do emprego, da educação, da habitação, da água e dos recursos energéticos. Chamem-me radical, mas é uma questão de justiça e de direitos e garantias fundamentais. Assegurado o básico, cada um pode aspirar e lutar pelo que quiser e então venha o mérito, o individualismo e quaisquer escolhas só limitadas pela lei e pelos legítimos direitos do outro.

Claro que dificilmente algum partido, colocaria tudo isto em prática, até pela dimensão dos abusos e das desigualdades. Mas no mínimo, não se dê ao voto aos dois partidos do centrão que nos governam desde o 25 de Abril e que nos têm retirado sucessivamente estes direitos e garantias. Não é aceitável a situação de precariedade e de pobreza em que a maioria da população vive, que está muitas vezes encoberta pelo apoio de familiares ou de instituições privadas de solidariedade social. E de facto, só à esquerda do PS (como já disse noutros posts, o PS de Sócrates não é esquerda) é que eu encontro algum desejo de combater esta realidade e de mudar alguma coisa.

E porque é que a direita não é a solução? Porque foram soluções de direita que nos deixaram onde estamos hoje. Foram politicas neoliberais que encheram uma minoria de riqueza e de privilégios, reduzindo a questão dos direitos e garantias fundamentais, a algo acessível só a quem puder pagar. Até os cuidados básicos de saúde exigem o pagamento de uma taxa moderadora. Veja-se quantos direitos consegue uma pessoa pagar com uma reforma mensal de 200 euros ou mesmo com o salário mínimo... E por falar em direita, vale a pena analisar o fenómeno CDS que se tem tentado apresentar como alternativa à política actual. Penso que os eleitores não vão deixar de associar o CDS de Paulo Portas às politicas do centrão, mesmo tendo o populismo do senhor tentado dissimular estas relações com o poder. É preciso que se perceba a quem ele pretende tirar regalias, a esses privilegiados que recebem o rendimento social de inserção. A quem tem verdadeiramente regalias desmedidas, não existe nada a retirar.

Por tudo isto, eu concordo com Francisco Louçã, a escolha é entre a maioria absoluta e a esquerda. E é à esquerda que eu tenciono dar o meu voto. Por algum motivo, o BE tem sido atacado pelo PS, PSD e até CDS... será receio que alguma coisa efectivamente mude?

quarta-feira, setembro 23, 2009

É preciso ser um país com sorte...

«Temos um Primeiro-ministro que gosta de perseguir e um Presidente da República que tem a mania que é perseguido. É uma combinação muito feliz de personalidades disfuncionais.»

Ricardo Araújo Pereira in "Gato Fedorento esmiúça os sufrágios" 22/10/2009

Há países com sorte não há?


terça-feira, setembro 22, 2009

Sobre os lóbis

«Um ano após a bancarrota do liberalismo, o (pequeno) pânico das oligarquias dissipou-se; o sistema político parece estar congelado em seu proveito. De vez em quando, um operador mais duvidoso – ou mais azarento – acaba por ficar atrás das grades, entoando-se nessa altura as palavras mágicas: moralização, ética, regulamentação, G20. Mas depois tudo recomeça como dantes. Christine Lagarde, ministra francesa da Economia e antiga advogada comercial em Chicago, questionada a respeito dos prémios colossais reservados aos traders do BNP-Paribas, recusou-se há pouco a condená-los: «Se dissermos “proibamos os bónus”, o que vai acontecer é que as melhores equipas de traders irão simplesmente estabelecer-se noutro lado». Instalados num sistema político que os protege – e que eles protegem –, aproveitando-se do cinismo geral e do desencorajamento popular, os traders e as seguradoras médicas vão continuar a perseverar na sua função de parasitas. O «abuso» não constitui um desvio do seu negócio, é a sua própria essência. O que se impõe, por conseguinte, não é uma «reforma» que eles possam aceitar, é retirar-lhes a capacidade de serem prejudiciais.»

Serge Halimi "A tirania dos lóbis"

Não podia estar mais de acordo, a questão é quem vai retirar a capacidade das oligarquias de serem prejudiciais? Onde está a coragem política?

sábado, setembro 19, 2009

Se fosse só a poluição a dar vontade de mudar de planeta...



.Esta sequência telenovelística da asfixia democrática, das escutas, do Presidente da República e dos emails, lembra-me este cartoon e dá-me vontade de me pirar daqui...


Calvin & Hobbes
in Jornal Público

quinta-feira, setembro 17, 2009

Para quem tem dúvidas...

Para quem tem dúvidas que existe corrupção nos grandes partidos que têm cargos de influência, veja-se o vídeo que se segue. É o testemunho de uma militante do PSD, que fala da “compra” de votos e militância a troco de um emprego:




Claro que já existem desmentidos, mas alguém tem duvida que isto acontece? E não só no PSD, mas também no PS? Se calhar as mudanças de dirigentes públicos, assim que mudam os governos é uma mera coincidência... Vale a pena reler o que eu escrevi sobre os partidos aqui.

segunda-feira, setembro 14, 2009

The uprising

Paranoia is in bloom,
The PR transmissions will resume
They'll try to, push drugs that keep us all dumbed down
And hope that, we will never see the truth around
(so come on)
Another promise, another seed
Another, packaged lie to keep us trapped in greed
And all the, Green belts wrapped around our minds
And endless, red tape to keep the truth confined
(so come on)

They will not force us
They will stop degrading us
They will not control us
We will be victorious
so come on




Interchanging mind control
Come let the, revolution takes its toll
If you could, flick the switch and open your third eye
You'd see that
We should never be afraid to die
(so come on)

Rise up and take the power back
It's time the fat cats had a heart attack
They know that their time's coming to an end
We have to unify and watch our flag ascend

They will not force us
They will stop degrading us
They will not enslave us
We will be victorious

They will not force us
They will stop degrading us
They can not control us
We will be victorious

MUSE
Album Resistance
2009

domingo, setembro 13, 2009

A hipócrita e o propagandista

Sócrates ou Ferreira Leite? Aparentemente uma destas lamentáveis figuras politicas será o próximo Primeiro-Ministro. O debate de ontem só veio demonstrar o ridículo de ambos, a discussão de propostas politicas que efectivamente resolvam a profunda crise económica e social em que o país mergulhou, pura e simplesmente não existiu. É mais do mesmo, são as mesmas políticas que nos deixaram no atoleiro onde estamos actualmente. A muito custo se encontram diferenças e as que poderiam existir estão omissas nos programas eleitorais. Estou a falar da tendência para as privatizações, quer a nível da saúde, quer da segurança social que sempre foi abordada pelo PSD, mas que não consta do seu programa. Sócrates esteve bem ao recordar esse facto, sendo que nada nos garante que as intenções do PS não sejam as mesmas, tendo em conta o que se tem feito para comprometer o SNS, começando pelos hospitais de gestão privada e acabando com o aumento das taxas moderadoras.

Até que ponto podemos acreditar que o PSD não vai avançar com as grandes obras públicas, se isso foi sempre um objectivo do passado? E a asfixia democrática vai acabar com o partido de Alberto João Jardim e com o autoritarismo de Ferreira Leite? As pessoas ainda se devem lembrar da sua postura como ministra... Parece que as diferenças se resumem mesmo a uma questão de estilo.

Manuela Ferreira Leite enterrou-se no passeio pela Madeira para falar de democracia, revelou o seu lado preconceituoso, primeiro eram os ucranianos que beneficiam das obras publicas, agora são os espanhóis com o TGV e o mau gosto de tiradas “Parece aquele que mata o pai e mãe, só para dizer que é órfão”. A comunicação social chama-lhe gaffes, mas não será antes uma demonstração de carácter conservador, fechado e até insensato. Entre a hipocrisia e a propaganda, a arrogância e o preconceito, tudo isto faz Sócrates parecer o menor dos males. É lamentável...

sábado, setembro 12, 2009

Não há verdade

Génesis

De mim não falo mais: não quero nada.
De Deus não falo: não tem outro abrigo.
Não falarei também do mundo antigo,
pois nasce e morre em cada madrugada.

Nem de existir, que é a vida atraiçoada,
para sentir o tempo andar comigo;
nem de viver, que é liberdade errada,
e foge todo o Amor quando o persigo.


Por mais justiça ... - Ai quantos que eram novos
em vão a esperaram porque nunca a viram!
E a eternidade...Ó transfusâo dos povos!

Não há verdade: O mundo não a esconde.
Tudo se vê: só se não sabe aonde.
Mortais ou imortais, todos mentiram.

Jorge de Sena

quarta-feira, setembro 09, 2009

Sócrates versus Louçã ou Neoliberalismo versus Economia social

Confesso que estava curiosa em relação a este debate, porque iria ser uma oportunidade de ver desmontada a politica do governo Sócrates, que mergulhou o país numa crise económica agravada por uma total desprotecção social do cidadão. Mas não foi isso que aconteceu, porque numa estratégia bastante eficaz, Sócrates virou o jogo para o programa do bloco, evitando que o debate incidisse sobre os colossais erros da sua governação. Louçã viu-se obrigado a defender o seu programa político, chegando a repetir-se e cometeu o erro de não confrontar as suas propostas com as medidas tomadas por este governo. Não conseguiu passar das referências à Galp, Américo Amorim e ao caso dos contentores de Alcântara. Sem com isto querer dizer que o apelo à transparência e o combate à corrupção não sejam importantes, mas era preciso ter passado para outros pontos fulcrais como a sustentabilidade de um Estado social capaz de financiar a oferta de créditos com baixas taxas de juro às PME, serviços de educação e saúde gratuitos.

Convinha ter destacado o imposto sobre as grandes fortunas, o registo de entradas de capitais em offshores e porque não falar na taxa Tobin (taxar as transacções bolsistas com 1%) e no aumento do IRC pago pela Banca. Quando Sócrates agitou o papão das nacionalizações, era preciso ter explicado como o controlo de sectores estratégicos financia o estado social e garante que todos tenham acesso a bens fundamentais. Foi isso que falhou quando Sócrates confronta Louça com a proposta do BE do fim dos benefícios fiscais para despesas com saúde e educação. Ainda que Louçã, tenha explicado que a gratuitidade desses bens torna os benefícios fiscais desnecessários, haverá sempre quem tenha ficado com dúvidas, até porque o conceito de gratuidade é demasiado estranho aos portugueses.

Ainda assim será tão difícil a escolha entre o neoliberalismo de Sócrates e a economia social de Louçã? Será que as pessoas precisam que lhes expliquem as vantagens da política económica da esquerda moderna ou não sentem já as suas consequências na pele? Não percebem já que as vantagens deste sistema são só para alguns, enquanto vêem o acesso à saúde e ao apoio social cada vez mais limitado? E perante esta percepção de que algo está fundamentalmente errado, as propostas económicas do BE parecem assim tão aterradoras? Não me parece...

sexta-feira, setembro 04, 2009

Não é óbvio?

Com as legislativas à porta, e numa altura em que surgem os primeiros debates entre candidatos, vale a pena pensar um bocadinho nas medidas que era importante ver implementadas. O que precisa urgentemente de mudar, parece-me mais importante do que discutir jogos de influencias sobre o jornal da TVI. É tal a promiscuidade entre o poder político e o poder económico, que qualquer deles já faz da comunicação social uma marioneta. Se o poder não estivesse concentrado nas mãos destes dois grupos e se a sua acção fosse regulamentada, hoje não se falaria tanto do Jornal de Sexta.

O que é que precisa efectivamente de mudar? O poder político beneficia os grandes grupos económicos que por sua vez se vêem obrigados a retribuir o favor e vice versa. Esse ciclo vicioso tem que terminar, sob pena de esmagar todos os direitos dos restantes cidadãos, que vão desde o direito a ter um emprego até à liberdade de informação.

Existindo coragem política é possivel acabar com esse privilégio absurdo, bastam algumas medidazinhas verdadeiramente de esquerda como: taxar as grandes fortunas, aumentar os impostos à banca, nacionalizar o sector energético, controlar a saída de capitais para offshores (só para dar alguns exemplos). Estas medidas não só evitariam a capacidade de lobby de alguns grupos económicos, como trariam maior justiça social. O Estado teria mais dinheiro para pagar a convergência das pensões ao salário mínimo nacional, combater a pobreza, proporcionar mais e melhor saúde e educação. Não se colocaria em causa o financiamento da segurança social.

Não é óbvio?