segunda-feira, dezembro 21, 2009

Capitalismo: Uma história de amor

Michael Moore voltou a fazer um excelente filme, "Capitalism: a love story" que recomendo vivamente. É analisado todo o sistema capitalista, o que ele representa e quais são as consequências da orientação para o lucro que estão na sua essência. O realizador começa logo com um excerto de um documentário sobre a Roma Antiga, as semelhanças são mais que muitas. Pão e circo, corrupção e manipulação da Lei, tudo bastante actual. Daí passamos aos dias de hoje, afinal o que acontece num sistema em que prevalece a orientação para o lucro? Temos pessoas sem trabalho, sem casa, com histórias de vida tocantes e verdadeiras apenas porque o que estava em causa era o lucro, de uma determinada instituição bancária.

A dura realidade das expropriações e das execuções de hipotecas, de alguma maneira já eram conhecidas. Mas o capitalismo tem facetas mais arrepiantes. São denunciadas duas situações que eu desconhecia e que de facto, são vergonhosas e mostram o culminar de um sistema deixado à rédea solta, onde o lucro está acima das pessoas. Numa pequena cidade dos EUA, uma casa de correcção juvenil estatal foi encerrada e substituída por uma instituição privada com o mesmo objectivo. Estranhamente muitos jovens começaram a ser condenados a uma reabilitação na dita instituição, pelos motivos mais insignificantes, como criticar o director da escola no myspace ou por discutir com um familiar. A reclusão era prolongada sem que houvesse ordem judicial. O estranhamente desaparece da equação, quando se descobre que os dois juízes encarregues destes casos, recebiam avultadas quantias para ajudar a empresa privada a ser lucrativa. Centenas de jovens sacrificados em nome do lucro, lindo não? Por algum motivo o interesse público existe e devia estar acima do lucro.

Mal refeitos desta enormidade de um capitalismo levado ao extremo, Michael Moore passa a mostrar como muitas empresas americanas fazem seguros de vida aos seus trabalhadores sem que eles e as famílias saibam. Estamos a falar de milhares de dólares, até contemplados nos orçamentos das empresas como “Dead peasants insurance” (sim é verdade, o nome é camponeses mortos!!), documentos onde até se lamentam as taxas de suicídio, que não são lucrativas. Lucrar com a morte de alguém? Isto é inarrável, mas permitido por lei e praticado nos EUA! Como é que isto passa? É fácil de perceber, basta ver quem foram os secretários do Tesouro nos últimos anos nos EUA, tão só a elite financeira, os gestores de topo da Goldman Sachs

O realizador interroga-se (e eu também…) como perante tudo isto, as pessoas pensam que este é o melhor dos sistemas. A resposta é propaganda, manipulação pelo medo e mais propaganda. Ele quer o fim do capitalismo e o regresso à democracia e conta com a ajuda de todos. Vê na eleição de Obama um sinal de mudança. Eu não consigo ser tão optimista, de qualquer forma a minha ajuda é este post. Espero que quem leia perceba melhor a gravidade de viver com um sistema onde o lucro está acima das pessoas e o governo é um mero fantoche da elite financeira, e não deixem mesmo de ver o filme!

1 comentário:

Bruno Ramalho disse...

will do that, really really soon. :)