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domingo, maio 24, 2009

Morin: Conhecimento, responsabilidade e solidariedade

"Se pudesse existir um progresso de base no século XXI, seria que os homens e mulheres não fossem mais os brinquedos inconscientes não só das suas ideias mas das suas próprias mentiras. É um dever capital da educação armar cada um para o combate vital pela lucidez."

Edgar Morin, Os Sete Saberes para a Educação do Futuro, (1999), 2002, p. 43


Edgar Morin esteve em Portugal este fim-de-semana para um Congresso e fez algumas declarações à imprensa, que nos devem fazer pensar. Referiu a necessidade de uma multiplicidade de reformas, não só económicas e sociais, mas também do conhecimento. O grande problema do conhecimento académico é ser compartimentado e demasiado hiper-especializado, o que não permite uma visão global da realidade. Por outro lado, não se estuda o próprio conhecimento e a condição humana, perguntas como o que significa ser humano ficam de fora do sistema de ensino.

Isso explica que pessoas exímias numa determinada área do saber, tenham enormes dificuldades em produzir conteúdos originais, deduções fora do padrão académico-tipo a que foram habituados e tenham grandes dificuldades no conhecimento das relações humanas, revelando sérias dificuldades de relacionamento interpessoal (isto sou eu, mas se calhar era onde o Morin queria chegar). O que me lembra, o que ouvi certa vez de um importante professor universitário, que infelizmente não me lembro o nome. Era mais ou menos isto, a educação superior mais não é que um conjunto importante de ferramentas que permitiam atingir outro patamar de conhecimento, e que a maioria das pessoas achava que era um fim em si, quando é apenas um ponto para subir a um outro patamar que envolve mais que o conhecimento cientifico.

Voltando ao Edgar Morin, em entrevista à RTP, refere como é fundamental uma sociedade assente na solidariedade e responsabilidade ética. Até aqui o desenvolvimento tem assentado no egocentrismo e isso minou as antigas solidariedades que vinham dos séculos anteriores. O sociólogo refere mesmo a necessidade dos governos criarem observatórios das desigualdades económicas que cada vez são maiores, "deve em cada nação fazer-se um observatório das desigualdades, para em cada ano reduzir as diferenças entre os de cima e os de baixo".

O resultado, digo eu, está à vista de todos, o individualismo sem qualquer consciência de bem comum ou de solidariedade, levou a esta sociedade profundamente injusta e desigualitária. que conhecemos. Onde a única ética que impera é a do próprio ego. É bom que se ouça este senhor de 88 anos. Reformular a forma como se apreende o conhecimento, solidariedade e responsabilidade é esse o caminho.