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domingo, maio 20, 2007

“Especiismos”

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Não tenho por hábito escrever posts de reacção a textos de outros blogs, até me deparar com um post, que me suscita tantas dúvidas e divergências. Já há algum tempo que visito o Esquerda Republicana, com bastante gosto e deve ser a primeira vez que discordo profundamente de um texto deste blog. O texto em causa tem como título “Grandes touradas” e deve ser lido na íntegra aqui.

Pelo que percebi quem se manifesta contra as touradas é anti-humanista e sofre de alguma desorientação ética, porque considera que os animais podem ser sujeitos de direito. E mais, quem é anti-tourada é um puritano que investe contra a liberdade fundamental do ser humano de se divertir, só porque o espectáculo lhe desagrada pessoalmente.

Em primeiro lugar, acusar de puritanismo quem se insurge contra espectáculos que se baseiam, em infligir sofrimento aos animais, por diversão é tão ridículo, como dizer que pornografia e boxe é o mesmo que uma luta de cães ou uma tourada. Qualquer espectáculo proveniente do mútuo consentimento dos seres humanos envolvidos, nunca é comparável, com o que envolve uma outra espécie, incapaz de manifestar uma vontade e de reagir contra o sofrimento.

Em segundo lugar, o que tem de anti-humanista a defesa dos direitos dos animais? O meu conceito de humanismo implica uma responsabilidade ética para com os outros seres vivos, que coexistem com o homem neste planeta. Os animais não são capazes de processos mentais superiores, logo não podem ser sujeitos de Direito? Não interessa que sintam e que sofram, não merecem ser protegidos do sofrimento que lhes é inflingido por pura diversão, pelo ditos seres capazes de processos mentais superiores?

O que está na base desta linha de argumentação é o especiismo, ou seja, o homem considera-se superior a qualquer outro animal, baseando-se nos processos mentais superiores. Logo os seus direitos e liberdades fundamentais estão acima de qualquer outro não humano. É preciso ter a espécie humana em grande conta, no mínimo. Qualquer argumento que alegue superioridade mental, moral ou rácica é sempre dúbio, na minha opinião.

Não reconheço superioridade à espécie, que mais danos tem causado ao planeta, para já não falar nos danos que causa no ceio da sua própria espécie. Um pinguim, um elefante ou um gato doméstico sem processos mentais superiores, não lançaram bombas atómicas, não são responsáveis pelo aquecimento global, nem pela guerra no Iraque. Não posso ser especiista, porque as consequências das acções humanas são tão evidentes que desmentem qualquer primazia relativamente a qualquer outra espécie.

O que seria de esperar da espécie humana, era que usasse os seus processos mentais superiores, com sentido ético e responsabilidade, em prol das outras espécies que não têm essa capacidade. Nesse sentido, seria de esperar que o homem percebesse que é moral e eticamente condenável infligir sofrimento a uma outra espécie por diversão.