Sócrates versus Louçã ou Neoliberalismo versus Economia social

Convinha ter destacado o imposto sobre as grandes fortunas, o registo de entradas de capitais em offshores e porque não falar na taxa Tobin (taxar as transacções bolsistas com 1%) e no aumento do IRC pago pela Banca. Quando Sócrates agitou o papão das nacionalizações, era preciso ter explicado como o controlo de sectores estratégicos financia o estado social e garante que todos tenham acesso a bens fundamentais. Foi isso que falhou quando Sócrates confronta Louça com a proposta do BE do fim dos benefícios fiscais para despesas com saúde e educação. Ainda que Louçã, tenha explicado que a gratuitidade desses bens torna os benefícios fiscais desnecessários, haverá sempre quem tenha ficado com dúvidas, até porque o conceito de gratuidade é demasiado estranho aos portugueses.
Ainda assim será tão difícil a escolha entre o neoliberalismo de Sócrates e a economia social de Louçã? Será que as pessoas precisam que lhes expliquem as vantagens da política económica da esquerda moderna ou não sentem já as suas consequências na pele? Não percebem já que as vantagens deste sistema são só para alguns, enquanto vêem o acesso à saúde e ao apoio social cada vez mais limitado? E perante esta percepção de que algo está fundamentalmente errado, as propostas económicas do BE parecem assim tão aterradoras? Não me parece...
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