quinta-feira, agosto 10, 2006

Sobre o cessar-fogo: bem visto...

.
O Conselho de Segurança da ONU não dedicou uma só palavra à Faixa de Gaza, onde decorre, vai para mês e meio, uma ofensiva israelita sem precedentes. O lugar do começo e do fim deste conflito não merece uma só linha.
(..) As pretensões americanas e francesas ficaram no papel - nem fim da guerra, nem Força Multinacional para concluir o que o Tsahal não consegue. Paris e Washington concordam que discordam e remetem o Líbano para mais tarde. Eis o que, naturalmente, não é aceitável para Beirute. Ainda por cima quando duas pequenas alterações podiam resolver o essencial:
.
A primeira, definindo o "cessar das hostilidades" como obrigação das duas partes e não só do Hezzbollah. Não é preciso ser-se militar para compreender que se Israel apenas fica proibido de "operações militares ofensivas de grande amplitude", a fórmula deixa toda a "amplitude" para a continuação da guerra. Se for esta a formulação final da ONU, não cessa rigorosamente nada. Apenas desacredita ainda mais a instituição.
.
A segunda exigência é mais difícil, mas não menos justa: o fim das hostilidades deve reconduzir Israel à sua fronteira, repor o papel de separador dos capacetes azuis, dando às FFAA libanesas, que se têm mantido fora do conflito a missão de se posicionarem na "terra de ninguém". Isto, enquanto se negoceia uma segunda resolução.
.
A pretensão libanesa é realista. Na verdade, o Tsahal não criou qualquer "linha avançada" que possa reclamar. O que um dia declara "limpo" de milícias, no outro, "ressuscita" como plataforma de resistência e lançamento de roquetes. Ao fim de 27 dias de guerra, Israel quer obter na Secretaria até o que se revela incapaz de garantir no terreno...
.
Tudo isto é muito estúpido. Estúpida é uma resolução que nada resolva; estúpida é uma guerra em nome de objectivos irrealizáveis; estúpido é, principalmente, o sofrimento provocado a libaneses e, em menor escala, a israelitas, quando é evidente que nenhuma solução militar resolveu alguma vez um conflito no Médio Oriente.
Sobre as "culpas" da estupidez, tenho as minhas opiniões. Mas estúpido seria invocá-las no momento em que a urgência é um real cessar-fogo...
.

Sem comentários: