sexta-feira, março 18, 2011

E agora?

300 mil pessoas saem à rua e a única reacção do Primeiro-Ministro é manifestar compreensão, tendo em conta que na véspera anunciou o chamado PEC 4. No mínimo, podia ter anunciado medidas para transformar os falsos recibos verdes em contratos de trabalho. Qualquer coisa que desse alguma esperança às gerações que se uniram numa expressão comum de indignação. Qualquer recompensa pela maturidade cívica que as pessoas demonstraram, sempre ordeiras e pacatas. Nenhuma... a recompensa foi o anúncio de mais medidas de austeridade desigualmente distribuídas. É aceitável que se congelem pensões de 200 euros e se facilite os despejos, enquanto se desce o IVA do golfe de 23% para 6%? Não será isto empurrar cidadãos pacíficos para soluções populistas de extrema-direita, agravando a indignação e colocando em risco a própria democracia? Não se pode negar que a manifestação de 12 de Março foi de profundo descontentamento com a classe politica, com a corrupção e a governação em função de grandes interesses económicos. E o governo reage confirmando esta ideia.

Só nos resta esperar que os cidadãos resistam ao discurso anti-democrático, tenham em mente que o discurso da direita é o das privatizações, do fim de serviços públicos essenciais e do “despedimento por razão atendível” e que saibam ver onde está a verdadeira alternativa. Resta esperar que saibam capitalizar o descontentamento em novas iniciativas de protesto, a favor de uma democracia pura, da seriedade politica e da afirmação dos direitos ao trabalho, à igualdade e à felicidade. O importante é não desmobilizar até a mudança acontecer, precários, trabalhadores, sindicatos, filhos, pais e avós podem unir-se na exigência de uma politica alternativa. Sendo assim não me parece incompatível que quem saiu à rua no dia 12, volte a fazê-lo amanhã e no dia 25 de Abril!

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