Indecência

Acabei de descrever o que espero seja a percepção imediata das pessoas, perante estas medidas de austeridade. Mas é preciso perceber que há tudo um sistema económico internacional que está aqui subjacente e que permite explicar a imposição destas medidas de austeridade. A lógica é que se pretende que o rendimento do trabalho seja forçosamente ser miserável, para que estados e pessoas precisem de contrair empréstimos para sobreviver, numa espiral de divida. É questão para perguntar quem vende está ideia, a resposta é simples são os bancos centrais independentes, todo um sistema financeiro que ninguém elegeu e cujo negócio é a “dívida”. Seja dos Estados, seja dos cidadãos, o Sistema Financeiro lucra com o endividamento, empresta e recolhe esse crédito com juros elevados. Como nem uns nem outros têm capacidade de pagar essa divida, o sistema financeiro tenta absorver o que a economia produz e que devia ser empregue em investimento, emprego e despesas sociais. O nível de endividamento torna-se insustentável, e os governos insistem em injectar mais dinheiro na Banca. A grande consequência é que a Banca faz lobbie para impor este tipo de politicas, portanto temos as agências de rating em cima dos estados periféricos, a baixar as notações, façam os estados o que fizerem. De forma que a austeridade nunca será suficiente, o que significa que isto só terminará numa espécie de neo-feudalismo em que o cidadão comum não terá qualquer regalia pelo seu trabalho. Será que as pessoas acreditam mesmo que este tipo de medidas são provisórias e que não estamos a caminhar a passos largos para a neo-servidão?
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