quinta-feira, maio 13, 2010

Esforço colectivo para quem?

Aí estão elas! As medidas que vão salvar o país! Um esforço colectivo, um sacrifício dividido por todos a pensar na sobrevivência do Euro e da União Europeia. Um esforço que todos devem encarar com alegria, porque não lhes foi retirado o subsídio de Natal. Se calhar até devíamos agradecer a generosidade. O problema é que tudo isto é uma absoluta falsidade. Primeiro não se trata de um esforço colectivo, todos pagam o aumento do IVA, mas os mais pobres e desprotegidos não conseguirão fazer face a esse aumento. O aumento da retenção na fonte no IRS é na mesma percentagem, mas não é igual a necessidade dessa fatia que se corta, a quem ganha o salário mínimo ou a quem ganha 2000 euros. Se as pessoas se derem ao trabalho de fazer as contas, rapidamente vão concluir que estão a perder mais que um salário por ano. Mas a perda de um salário numa só vez, teria um impacto psicológico muito forte, assim as pessoas vão perdendo dinheiro mensalmente de forma menos perceptível. O objectivo é enganar as pessoas, de forma a evitar contestação social. É bom que os cidadãos pensem bem e percebam que estão a ser enganados e se indignem contra a sem vergonha escandalosa que é aumentar o IVA dos bens essenciais. Imaginem o que será para um reforma com 200 euros pagar a sua alimentação com estes aumentos!

Tudo isto é feito contra tudo o que foi prometido e validado em eleições democráticas. O que é que isto diz da democracia? Diz que já estamos a falar de outra coisa, um regime para uma elite e não para a maioria. Sobretudo quando existem medidas alternativas que são rejeitadas, porque afrontam interesses instalados. A banca vai continuar a não pagar o mesmo IRC de qualquer comerciante, as transferências para offshores não são tachadas, os prémios e bónus não foram cancelados, mesmo as mais valias só serão taxadas só pela metade. Também não se toca nas obras públicas e no despesismo público (ajudas de custo, frota automóvel, subsídios de transporte, alojamento etc.). Porque é que não se reduzem salários acima de 2000 euros em 5%, em que vez de se tirar comida aquém não vai suportar o aumento do IVA?

Tudo isto depois da euforia de ontem com os dados do Eurostat que revelavam um crescimento da economia portuguesa, graças ao consumo interno (adivinhem o que vai acontecer ao consumo interno...). Tudo isto quando se estima que a visita do papa custou 78 milhões de euros ao país em 3 dias! E Cavaco Silva ainda diz que devemos pedir ajuda ao Papa para ultrapassar as dificuldades? Teixeira dos Santos diz que os portugueses não são os gregos e não teme contestação social. Retiram-nos parte do rendimento e ainda gozam com a nossa cara? Vamos permitir?

1 comentário:

sabine disse...

Agradeçamos apenas a Cavaco Silva ter convidado o Sua Eminência para vir ao nosso país.