sábado, novembro 17, 2007

«Na minha lista de desejos, uma WII da Nintendo vem muito à frente da democracia»


Esta frase é de uma jovem da nova geração yuppie chinesa. Trata-se da geração entre os 20 e os 30 anos, urbana que tem visto um crescimento do seu rendimento na ordem dos 34%, nos últimos 3 anos. Leio* alguns testemunhos destes jovens, não estão nada preocupados com o autoritarismo do governo, a repressão, os atropelos aos direitos humanos, as profundas desigualdades, as expropriações de terras.


Falam de viagens, roupas, férias na neve, iPpods, consolas, cartões de crédito, mas a política é tabu. «Não há nada que possamos fazer na política, de modo que não interessa falarmos nisso ou envolvermo-nos». A repressão de sublevações como a de Tiananmen é descrita como «certamente necessária”, não fosse a prosperidade económica ficar comprometida. Lá se iam os iPods, as consolas e os cartões de crédito, no fundo o que é verdadeiramente importante. O que interessa que esse conforto seja alimentado à custa da pobreza e sacrifício do mundo rural (recordo que já escrevi sobre este tema aqui).


Simon Elegant o repórter que recolheu estes testemunhos, deu ao artigo o nome de “Geração EU” e muito bem*. O materialismo e o hedonismo são os piores inimigos da democracia e da defesa dos direitos humanos. A geração Eu é muito evidente na China, mas não é um fenómeno exclusivo deste país. Basta olharmos em volta para verificarmos que o materialismo impera, leva ao conformismo e à apatia, toda a ética e sensibilidade social começa a passar para segundo plano. Não será a geração EU a grande ameaça à democracia e aos direitos humanos?


* Refiro-me ao Artigo "A geração EU" de Simon Elegant in Visão de 8 de novembro de 2007

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