quarta-feira, outubro 10, 2007

A Igreja e o amor à porrada

«(...) Havia vidas desgraçadas quando não existiam divórcios...
Havia e hoje também há. E agora até há mais. No tempo em que não havia divórcios, havia situações bastante dolorosas, mas a pessoa resignava-se. A mulher dizia: calhou-me este homem, não tenho outra possibilidade, vou fazer o que posso. Ao passo que hoje as pessoas querem safar-se de uma situação e caem noutras piores.


Na sua opinião, uma mulher que é agredida pelo marido deve manter o casamento ou divorciar-se?
Depende do grau de agressão.


0 que é isso do grau de agressão?
Há o indivíduo que bate na mulher todas as semanas e há o indivíduo que dá um soco na mulher de três em três anos.


Então reformulo a questão: agressões pontuais justificam um divórcio?

Eu, pelo menos, se estivesse na parte da mulher que tives­se um marido que a amava verdadeiramente no resto do tempo, achava que não. Evidentemente que era um abuso, mas não era um abuso de gravidade suficiente para deixar um homem que a amava.»


Excerto da entrevista a Monsenhor Luciano Guerra, Reitor do Santuário de Fátima publicada na revista Notícias de Sábado do DN - via Womenage a trois.

A ICAR não veio ainda desmentir ou criticar este tipo de posição, por isso suponho que tais barbaridades sejam perfeitamente aceitáveis. Perante tais declarações, pergunto-me se as mulheres católicas vão ou não exigir uma mudança de mentalidades na instituição. Continuem a apoiar e a frequentar esta Igreja que vos ama, mas se levarem porrada não se queixem, ok?

2 comentários:

Eurydice disse...

Percebo... o género ELE BATE PORQUE ME AMA!... e Sua Eminência não acha mal que o amor se exprima ao sopapo?...
Estranha forma de vida tem o coração de Sua Eminência. Pena não ter uma mulherzinha com o coração cheio de amor para o encher de pancada e maus tratos físicos e psicológicos... só de três em três anos, que é preciso fazer sacrifícios para ganhar o céu, e portanto não se pode fazer o gosto ao dedo todos os dias!

Hopes disse...

Pois, Bianca... Sua Eminência acha isto muito normal e aceitável. Mas a mim irrita-me muito mais, as mulheres que sabem deste tipo de posições sistematicamente discriminatórias por parte da ICAR, e não se insurgem. Pactuam com pelo silêncio ou pela indiferença. Infelizmente não é só neste caso, mas noutros em que são os seus próprios direitos que estão em causa...