segunda-feira, julho 16, 2007

Falta de comparência

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As eleições intercalares em Lisboa trazem dados preocupantes, o que salta mais à vista é uma abstenção esmagadora. É evidente o descontentamento com a forma como se faz politica e com os resultados da governação, sempre a milhas das promessas efectuadas. As pessoas começam a estar fartas e os candidatos revelaram-se incapazes de as motivar e cativar, e poucos foram os que reconheceram essa triste evidência.

O PS gaba-se da única vitória sem coligação em 31 anos, esquecendo convenientemente que dos 524.248 eleitores inscritos no círculo eleitoral Lisboa, só 57.907 cidadãos lhe confiaram o seu voto. Grande vitória, se pensarmos que em 2005, votaram em Manuel Maria Carrilho 75.022 eleitores. Depois vem o ridículo de trazer a Lisboa, militantes do PS de Teixoso, Cabeceiras de Basto e afins, para aclamar António Costa, não fosse a falta de lisboetas estragar a festa. Excelente estratégia para credibilizar a política e combater a abstenção!

O PSD sai derrotadíssimo, incapaz de se apresentar como alternativa credível. Enquanto Carmona Rodrigues age como se não tivesse sido o responsável pela gestão incompetente dos anos anteriores, talvez aqui a estratégia do coitadinho tenha resultado junto do eleitorado. Sobretudo se compararmos esta estratégia com a de Sá Fernandes, que se tem preocupado em denunciar situações ilegais e de corrupção, acabando apesar de tudo por perder eleitores. A percentagem de votos no BE é inferior a 2005, por 9 mil eleitores.

Derrota pior que a do PSD, foi a do CDS-PP. Em vez de assumir a derrota e demitir-se, Paulo Portas, qual Inspector Gadget, vai investigar as condições em que se faz politica em Portugal. Claro é mais fácil encontrar factores externos, que assumir responsabilidades e esquecer que Ribeiro e Castro e Maria José Nogueira Pinto fizeram muito melhor.

A CDU teve um bom resultado, a competência e o profissionalismo demonstrado a nível autárquico têm sido reconhecidas pelo eleitorado. Satisfeita também terá ficado Helena Roseta, cujo discurso em prol da cidadania activa e da lealdade aos valores da candidatura, foi muito bonito, resta saber se corresponderá à realidade...

O que marca em definitivo estas eleições é o divórcio entre os cidadãos e a política. Todos os políticos lamentam e vão reflectir, mas acções concretas não existem. Ninguém reconhece a incapacidade de motivar cidadãos, descrentes, que sabem que não são os seus interesses que norteiam a acção politica.

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