Porque voto sim...
.
Ana tem 14 anos, está no 8º ano, engravidou. Tomou uma qualquer medicação abortiva, sem supervisão médica. A sobredosagem acabou por provocar-lhe a morte. A Ana nunca chegou à idade adulta, porque para além de ter sido vítima, da inexistência de politicas de planeamento familiar e de educação sexual, não teve o acompanhamento médico que lhe permitisse abortar sem perder a vida.
Maria é mãe de 4 filhos, toma a pílula. Tomou um antibiótico para curar uma gripe, que anulou o efeito do contraceptivo. O rendimento do agregado familiar mantém 6 pessoas no limiar da pobreza. Maria não tem dinheiro para ir abortar a Espanha, terá de o fazer na cozinha de um apartamento de uma ex-enfermeira. Faleceu devido a complicações resultantes de um aborto mal efectuado. Quatro crianças perdem a mãe.
Joana disse ao namorado que estava grávida. O namorado não aceitou a situação, deixou-a. Joana não tem emprego, nem o apoio dos pais. Sabe que a questão mais colocada às mulheres numa entrevista profissional, é: «Tenciona ter filhos nos próximos cinco anos?». Como poderá ter um filho? Se abortar será julgada como criminosa.
Histórias assim, quantas? Por quanto mais tempo? Eu não aceito que as mulheres continuem a perder a vida, porque tiveram de fazer a dramática escolha de abortar. Não aceito que sejam julgadas como criminosas, quando não tiveram outra escolha. No próximo dia 11 de Fevereiro, vou votar sim.
2 comentários:
Eu voto não. Porque acho que o aborto é sempre um mal. Porque acho que ´não é solução. O que as mulheres que tu falas teriam precisado era de quem as apoiasse.
Quem lhes desse as mãos.Não de abortar.
Podiam criar uma lei que defendesse as mulheres, mas não o que está em causa é uma lei que as empurra para o aborto.
Eu não acho que abortar seja bom ou indiferente. Não acho que seja uma questão de consciência individual.
Se alguma vez tiver um filho,espero que ele nasça, porque os filhos têm-se antes de nascer!!
João,
Ninguém acha que o aborto é um bem, os apoiantes do sim defendem a despenalização. Certamente que o João não quererá ver mulheres julgadas e presas, porque não tiveram quem as apoiasse e ajudasse a tomar a decisão de não abortar...
A questão é essa, não julgar, quem em desepero, tem que tomar uma decisão dramática e traumática.
Decisão essa que nunca será influenciada, porque existe uma lei que a permite. É ofensivo para todas as mulheres, alguém insinuar que uma lei as empurra para o aborto.
Não se trata de uma questão de consciência? Então existe respeito pelos direitos humanos e pela liberdade de expressão, quando se obriga uma mulher a levar a cabo uma gravidez indesejada?
O ideal seria que todas as mulheres tivessem as condições socio-economicas e a informação, para evitarem uma gravidez indesejada. Mas essa não é a realidade. Se o sim ganhar, as mulheres terão acompanhamento médico num hospital público, com o apoio de um conselheiro. Terão as ajudas que o João fala, muitas poderão até desistir de abortar, já pensou nisso?
Enviar um comentário