segunda-feira, agosto 21, 2006

Quem ganhou com a guerra no Líbano?

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Muito se tem dito sobre vencedores e vencidos, mas para mim, de uma guerra, não sai ninguém vencedor. Parece-me evidente que este conflito veio radicalizar velhos ódios, destabilizando o já de si instável, médio oriente.
Israel viu todos os seus objectivos frustrados, nem o Hezbollah foi desmantelado, nem os soldados sequestrados foram libertados, nem os israelitas estão mais seguros no seu próprio território... Mais preocupante, são os derrotados desta guerra, as vítimas civis e os que sobrevivendo, se vêem sem infra-estruturas básicas que lhes permitam regressar à normalidade. É neste terreno que o Hezbollah se movimenta alegremente, cedendo apoio financeiro aos desalojados, estabelecendo estranhos laços de fidelização e chamando a si mais apoiantes.
Esta estratégia não é nova, os movimentos terroristas, actuam localmente colmatando as necessidades económicas e sociais das populações, que o poder político não consegue suprir. Veja-se como o Hamas, conseguiu ganhar as eleições com esta estratégia “sinistra e manipuladora”, mas pelos vistos eficaz.
É questão para perguntar quem vai desarmar um Hezbollah militarmente tão poderoso e com uma enorme plataforma de apoio junto dos libaneses (que não tinha antes, acrescente-se). O débil exercito libanês? A força da ONU, sobre a qual ninguém se entende? Quem?
Entretanto, a maioria dos políticos ocidentais continua convencida que é pela guerra que o terrorismo se combate. Quando o que torna as populações islâmicas sensíveis à ideologia fundamentalista e radical, são sobretudo as carências económicas, sociais e educacionais de que são vítimas (sobre esta questão, veja-se o meu post sobre o artigo de Fernando Belo…).
E com esta guerra, o que foi conseguido? Vítimas civis, vidas destruídas, manifestações requintadas de desrespeito pelos direitos humanos, uma ONU de mãos atadas, uma força internacional que ninguém quer dirigir… Ninguém ganhou, ninguém está mais seguro, nem os que perderam tudo, nem os ocidentais, que a milhas do médio oriente, foram apanhados na onda de pânico (paranóico ou não?) que varreu os aeroportos internacionais…
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3 comentários:

Anónimo disse...

Faço minhas as tuas palavras, Hopes and Dreams: numa guerra, ninguém sai vencedor...

Anónimo disse...

Ninguem sai vencedor e quem perde sao todas aquelas pessoas que perdem os seus bens materiais, os seus entes queridos e tudo o que construiram com muita dor e suor. Sao aquelas criancas que em vez de crescerem em um ambiente de amor crescem num ambiente de opressao e horror onde nada mais aprendem a nao ser odiar o proximo e a serem vingativos por uma causa sem pes nem cabeca. tens toda a razao, uma guerra e desnecessaria e futil e so fere e prejudica os inocentes.

Hopes disse...

Obrigado pelo comentário, António. Reparei que no teu blog também chamas a atenção, para a questão do «modelo de ajuda social-doutrina-extremista-guerrilha» (gostei dessa denominação, bastante precisa). É pena que muita gente ainda não tenha compreendido que modelo é esse!!