segunda-feira, agosto 07, 2006

Modernidade e terrorismo

No blogue Altermundo li este texto que me chamou a atenção e que vai ao encontro da minha opinião sobre o problema do terrorismo e do conflito no Médio Oriente:

"(...) só quando as sociedades árabes chegarem à modernidade é que poderá desaparecer o síndroma do 'choque das civilizações' (o qual só tem sentido do ponto de vista da impotência deles, da raiva que esta dá)...A contradição deste tipo de guerras é visível a qualquer espectador de telejornais, quer a mortandade absurda de gente civil, quer a destruição de estruturas civis de modernidade de todo o género que haverá em seguida que reconstruir, sabendo-se que os meios para tal faltam cruelmente. Isto é, estas guerras matam gente inocente, geram jovens com ódio e impedem a modernidade dos países que não podem contar ainda com gente suficientemente escolarizada. Enquanto a estratégia for de guerra, esta eternizar-se-á. A questão do fim da contradição do Médio Oriente pode colocar-se, em termos teóricos, da seguinte maneira, difícil, senão utópica: que Israel colabore decididamente na construção da modernidade palestiniana, crie uma rede de instituições e práticas de tal maneira forte que nenhuma das partes, capital e empregos, possa querer guerra. (...) Utopia hoje, é certo, mas estrita condição de possibilidade da paz. (...)"
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Fernando Belo, «Israel e a Lei da Guerra» in Público 7/08/2006
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Este texto chama a atenção para um factor fundamental para a questão do terrorismo. A deficiente escolarização da população, a falta de infra-estruturas básicas, de instituições que gerem capital e emprego, agravada pelo clima de violência, tendem a gerar um clima de insatisfação e de ódio, que em última instância levam ao apoio e incitamento do terrorismo. Não seria mais eficaz auxiliar os povos islâmicos a reunir condições socioeconómicas favoráveis ao desenvolvimento ou «à construção da modernidade»? Será que reunidas estas condições os terroristas teriam eco junto da população? Não estarão os ataques israelitas e a aniquilação destas estruturas básicas, a fomentar o ódio e o terrorismo, em vez de o combater?

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