segunda-feira, abril 25, 2011

Porque é que tão poucos se importam?

Há 37 anos, portugueses lutaram, conquistaram a liberdade, deram-nos um ideal, um conjunto de valores de igualdade, fraternidade, paz, acesso ao emprego, à protecção social, à saúde, à habitação. Foi uma luta árdua que não se fez na praia, nem por conformistas que têm sempre qualquer coisa mais importante para fazer e certamente não foi feita, por quem acha que não vale a pena lutar por um mundo melhor. Infelizmente esses valores foram subvertidos por partidos políticos que esqueceram a noção de bem público e hoje sobra-nos tão pouco. Nem emprego, nem saúde, nem igualdade, com o FMI aí para acabar com o pouco que sobrou. Estão os portugueses de hoje, cientes de que os direitos não são adquiridos? Estão dispostos a abandonar a sua passividade e conformismo, para os exigir de volta? Vão calar perante a perda do direito ao subsídio de ferias e de natal, a redução de salário, o fim da comparticipação dos medicamentos e de um serviço nacional de saúde? O que vão fazer quando já não existirem transportes públicos, escola publica, subsidio de desemprego e doença? Vão calar ou ficar a lamentar o que já tiveram e que foram incapazes de manter, por egoísmo e conformismo?

A sensação que tive hoje ao recordar Abril e os seus valores, enquanto descia a Avenida, foi que são poucos os portugueses dispostos a não calar, a abdicar do seu tempo, a fazer um pequeno esforço... É triste perceber, que tantos mereçam tão pouco o esforço de alguns. Seja o esforço de suportar o sol abrasador na cabeça e a dor nas pernas, seja o esforço de informar, de alertar e de escrever contra as injustiças. Nada disto é por um, é por todos, por um país, pelas crianças, pelo futuro. Porque é que tão poucos se importam?

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