sexta-feira, julho 09, 2010

Austeridade igual a Neoservidão?

Desculpem voltar à carga com as criticas à política de austeridade que nos querem impor à força. Quanto mais artigos acerca de politica económica leio, mais me convenço que estamos a caminhar para uma situação dramática de recessão e regressão democrática. Querem convencer-nos que a austeridade é a via para a prosperidade, implicando cortes na despesa pública e o aumento de impostos, cortando salários e benefícios sociais. É um verdadeiro desmantelamento do Estado social e das garantias conquistadas no passado como o direito à educação, a cuidados de saúde, a apoio no desemprego, na doença e na reforma. Vendem-nos esta ideia como necessária, mesmo contra as vozes de ilustres economistas que eu já tenho citado aqui, (hoje é a vez de Michael Hudson), que alertam para uma lógica auto-destrutiva que atira as economias para a recessão, reduzindo a receita e aumentando o défice cada vez mais.

É questão para perguntar quem vende está ideia, a resposta é simples são os bancos centrais independentes, todo um sistema financeiro que ninguém elegeu e cujo negócio é a “dívida”. Seja dos Estados, seja dos cidadãos, a Banca lucra com o endividamento, empresta e recolhe esse crédito com juros elevados. Como nem uns nem outros têm capacidade de pagar essa divida, o sistema financeiro tenta absorver o que a economia produz e que devia ser empregue em investimento, emprego e despesas sociais. O nível de endividamento torna-se insustentável, e os governos insistem em injectar mais dinheiro na Banca. A grande consequência é que a Banca faz lobbie para impor este tipo de politicas:


As políticas de austeridade são incompatíveis com os valores de equidade e justiça social em que assentam as bases da democracia, desde o séc. XVIII, colocam o próprio regime político em causa. Assim um problema económico, torna-se um problema de legitimidade democrática. O sistema só tem sido aceite porque existe uma manipulação da opinião pública que vende a ideia de pobreza como caminho para a prosperidade:


Até no séc. XVIII era consensual a ideia de que a riqueza devia ser criada pelo trabalho e esforço pessoal, e não pela obtenção de privilégios ou manipulação. Michael Hudson fala de um golpe de estado financeiro ao qual a União Europeia vai sucumbir:

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