quarta-feira, fevereiro 10, 2010

Actos dispensáveis

Que este país tem profundos problemas estruturais, sistematicamente deixados por resolver por sucessivos governos e que culminaram numa grave crise económica e social, já todos sabemos e lamentamos. O que se dispensava era uma serie de encenações dramáticas, ameaças veladas, escândalos, fugas ao segredo de justiça e tentativas de manipulação da comunicação social. Já não bastava as agências de rating a embelezarem a imagem do país, colocando Portugal, Itália e Grécia num simpático acrónimo PIGS, precisam também os nossos políticos de demonstrar imbecilidade e desonestidade grosseira? Parece que todos se juntaram e estão divertidíssimos de pá na mão a enterrar o país. Enquanto se divertem, os portugueses tentam sobreviver no desemprego ou com um salário precário, vendo a vida cada vez mais difícil e os seus problemas longe de ser resolvidos. Ao mesmo tempo, outros apresentam os lucros magníficos que obtiveram no ano da recessão. A comunicação social diverte-se com escândalos e escutas, vitimiza-se, omitindo os problemas reais de uma crise social profunda. Esquece-se a comunicação social de referir, que grupos económicos a sustentam e alimentam...

Todos dispensávamos um Primeiro-Ministro que se preocupa mais com a imagem que a comunicação social passa, do que em resolver os problemas do país. Era preferível que explicasse aos senhores do FMI e das Agências de rating como se podem congelar salários já de si miseráveis ou como se vive com uma reforma de 200 euros. É mais interessante jogar outros jogos, colocando em causa a imagem da democracia. Preferíamos não ver, à custa da brincadeira, levantarem-se movimentos a defender a liberdade de expressão encabeçados por monárquicos e radicais de direita. Não precisávamos disto, já temos problemas suficientes.

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