"Reform Madness"
Nos EUA decorre uma escandalosa campanha contra o plano nacional de saúde de Obama. O sistema público de saúde está a ser apelidado de comunista, comparado à antiga URSS, diabolizado de uma forma ridícula. Por trás desta violenta campanha de manipulação dos cidadãos americanos, estão os lobbies das seguradoras de saúde privadas que sentem os seus lucros milionários ameaçados. De facto estas empresas obtêm lucros espantosos, porque cobram preços elevadíssimos que depois não correspondem aos serviços efectivamente prestados. São recusados vários tipos de tratamentos graças a cláusulas contratuais abusivas. Basta ver o filme “Sicko” de Michael Moore para perceber o grau de desumanidade e de fraude que impera neste sector.O que existe nos EUA é o sistema de saúde mais caro do mundo, colocado no ranking de qualidade em 37º lugar, deixando à margem, sem acesso a qualquer tipo de cuidados de saúde 40 milhões de americanos! Só esta informação deveria colocar o povo americano ao lado de qualquer tentativa para mudar o sistema (e o plano de Obama nem sequer é um sistema inteiramente público, é um sistema misto) ,mas não é isso que está a acontecer. As informações que estão a passar da parte dos Republicanos, lobbies das seguradoras e dos próprios média, são mentiras inacreditáveis como: «o novo plano de saúde promove a eutanásia», «haverá racionamento de tratamentos e medicação» e «o estado vai tomar conta de todo o sistema de saúde incluindo o privado».
Chegou-se ao ponto do editorial do jornal "Investor's business Daily" publicar afirmações perfeitamente disparatadas, como dizer que o físico Stephen Hawking nunca teria hipotese de tratamento no Reino Unido, porque o Sistema Nacional de Saúde Britânico consideraria a sua vida inútil! Nem sei como há alguém vivo na União Europeia, a julgar por estes comentários...
Chegou-se ao ponto do editorial do jornal "Investor's business Daily" publicar afirmações perfeitamente disparatadas, como dizer que o físico Stephen Hawking nunca teria hipotese de tratamento no Reino Unido, porque o Sistema Nacional de Saúde Britânico consideraria a sua vida inútil! Nem sei como há alguém vivo na União Europeia, a julgar por estes comentários...
É isto que acontece quando o lucro vem antes das pessoas! Não se olham a meios para manipular a opinião pública! Um bom exemplo disso neste excerto do Daily Show de Jon Stewart, para ver aqui.
3 comentários:
Ah... e o nosso sistema de saúde?? Não está a caminho de ser privado, por seguradoras e do estilo "cada um tem direito à saúde que poder comprar"?
Ao menos os americanos apontam o dedo a quem devem... ai de quem em Portugal acusar a industria dos cuidados de saúde (e são meia dúzia de entidades) de qualquer influência imprópria nos vários governos dos últimos 30 anos.
Pedro,
Ao falar dos EUA, não pretendo dizer que o nosso sistema de saúde não esteja também a sofrer perigosas privatizações. Aliás basta ver que se o PS já ia nesse sentido, o PSD tem propostas que vão muito mais longe. Já não basta termos especialidades médicas fora do SNS, o aumento generalizado das taxas moderadoras excluí várias pessoas do acesso aos cuidados de saúde.
«Ao menos os americanos apontam o dedo a quem devem...» eu diria antes alguns americanos informados e esclarecidos. A maioria da população sofreu uma verdadeira lavagem ao cerébro e não têm a mínima noção do poder e dos interesses da industria dos cuidados de saúde. Houve uma fulana que comparou o plano de Obama ao que Hilter pretendia para os judeus...
Os portugueses terão pouca noção da influencia dos privados, mas não me parece que estejam dispostos a abdicar do SNS. É do conhecimento geral os casos que vêem do privado para o público, por incapacidade de resposta e cobertura dos primeiros.
Hopes,
Formalmente os portugueses não abdicam nem este (SNS) lhes será retirado mas na prática não fazem nada de concreto para o conservar e acabarão por o perder (o trabalho de destruição está quase todo feito).
Isto estar dependente de políticos que têm interesses pessoais na privatização total é uma falta total de moral política. Mas mais não podemos (de forma realista pelo menos) esperar dos partidos e dos seus membros.
Este é realmente um daqueles casos com aplicações práticas no dia a dia que mostra bem que o eleitor não percebe o sistema político que tanto defende com unhas e dentes.
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