terça-feira, agosto 04, 2009

Generosidade para quem?


Em primeiro lugar, tenho de pedir desculpa pela minha velocidade de reacção aos acontecimentos… é do calor, do cansaço acumulado, enfim... Vou falar de um anúncio que já tem uma semana, mas ainda assim merece um post. O PS num ataque frenético de generosidade ou quiçá numa tentativa propagandística de nova esquerda, resolve anunciar a atribuição de uma conta de 200 euros por recém-nascido, a movimentar quando este tiver 18 anos. A primeira coisa que salta à vista é o ridículo do valor, quando comparado com o praticado noutros países. A Alemanha atribui pelo nascimento de um filho até 25 mil euros, pagos pelo Estado durante doze meses. Espanha oferece 2500 euros aos recém-nascidos, o Luxemburgo, 2291 euros, na Bélgica o Governo criou um subsídio de nascimento de 1064 euros e em França existe um prémio de 855 euros pelo nascimento de cada filho.

O que também salta à vista, é que na altura em que a criança mais precisa de apoio, não tem acesso a essa verba. Não seria mais proveitoso aumentar o abono de família ou conceder mais direitos aos pais que trabalham, como reduções de horário (convém lembrar que o código de trabalho rosa, veio retirar direitos e não atribuir…). Aos 18 anos, “o bebé” já poderá até ter o seu próprio emprego e já os pais passaram pela fase dos maiores encargos. A nível social ou familiar nada disto faz sentido.

E por último, vamos pensar em quem ganha verdadeiramente com esta medida. Ora quem fica com 200 euros a multiplicar pelo número de nascimentos em Portugal, isto é, mais ou menos 20 milhões de euros? A banca. E já nem falo da eventual cobrança de comissões de conta, basta pensar que a verba só pode ser mobilizada pelos destinatários 18 anos depois, são largos milhões nos cofres dos bancos até ao primeiro levantamento.

Tudo isto, mais não é, do que dar uma ideia de aparente preocupação social de partido de esquerda, quando de facto se beneficia a mesma Banca, cujos privilégios permaneceram intocáveis ao longo da governação socialista. O português com a sua tendência ao conformismo e a pensar pouco no assunto, dirá até «É melhor que nada!», esquecendo-se do que já perdeu e de quem efectivamente ganha…

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