quarta-feira, abril 01, 2009

Caso práctico

Já escrevi muitos posts sobre a recessão e sobre a necessidade de re-inventar um sistema económico e social mais justo e igualitário. A maior parte das vezes mais em teoria do que na prática, e por prática, refiro-me ao impacto que o neoliberalismo tem na vida concreta das pessoas. Por isso vou partilhar neste post, a situação dramática que se vive numa empresa perto de mim, que podia ser qualquer uma outra noutro ponto do país.

Os trabalhadores não recebem salários desde Novembro do ano passado. Pode-se imaginar o drama das pessoas, muitas da mesma família a trabalhar no mesmo local. Resolveram fazer um protesto à porta da empresa e parar a laboração. Foi então que lhes foi "sugerido" que levassem o seu protesto à Câmara Municipal. Aparentemente a culpa dos salários em atraso é de uns 200 mil euros que ainda não foram pagos. Seria suposto acreditar que a empresa não teria outras fontes de receita? A estratégia era essa...

Conscientes ou não da manipulação subliminar ou porque não existia alternativa, os trabalhadores acederam a levar o protesto para outro lado. E lá foram para a praça do município, onde já estavam mais polícias que trabalhadores. E lá foram recebidos pelo Presidente da Câmara que acedeu a dar um aval ao tal pagamento...

Um final feliz? Para o empresário sim, recebeu uma dívida que nunca receberia sem esta pressão dos trabalhadores, com um bando de jornalistas locais atrás, diga-se... E os salários em atraso continuam sem ser pagos, enquanto outros bens foram adquiridos e rapidamente colocados em nome de esposas e netos...

Ao ponto que chega a mesquinhez e a manipulação... usar a dignidade dos trabalhadores em proveito próprio, desta forma? É o capitalismo selvagem no seu melhor, sem regulação e aos desprotegidos, sem defesa, nem a dignidade resta...

1 comentário:

Bruno Ramalho disse...

é o caso prático local do que se tem passado no geral por aí fora. Os ricos enterram o dinheiro dos outros, e venham todas as ajudas possíveis e imaginárias para salvar a situação, mas no deles não se mexe! É dar-lhes prémios, como na AIG.