quarta-feira, março 25, 2009

Como é que se quantifica o desespero?


É difícil avaliar um número. Um aumento de 18% de inscritos nos centros de emprego só no mês de Fevereiro traduz-se em quê, exactamente? Quantas vidas estão aqui em jogo? Não só as que perdem o emprego, mas as suas famílias. Perdidas, desesperadas, sem meio de subsistir, sem saber o que esperar do futuro. Como é que se quantifica o desespero? E o que dizer das pessoas que vivem esta mesma situação, mas não estão na estatística?

Não têm trabalho, mas estão num curso de formação perfeitamente ineficaz, logo não contam para a estatística.

Não têm trabalho, mas têm menos de 25 anos, logo não contam para a estatística.

Não têm trabalho, mas já esgotaram o período de subsídio de desemprego, logo não contam para a estatística.

Não têm trabalho, mas o último contrato que tiveram foi inferior a 12 meses, logo não contam para a estatística.

Não têm trabalho, mas trabalham a recibo verde, logo não contam para a estatística.

Mas o que está quantificado é que conta. E não se quantifica o desespero. O desespero não tem impacto impacto económico, não é uma variante como o défice ou a inflação. Logo não é importante, tal como a pobreza e a desigualdade. Não se vê, mas vive-se e sente-se...

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