Oskar Lafontaine sobre a Esquerda
Oskar Lafontaine esteve na origem do "Die Linke", um projecto alemão de refundação da esquerda, que apesar de só ter 2 anos e meios conta com o apoio de 12% dos eleitores alemães. Deixo alguns excertos das suas declarações sobre o problema da esquerda actual e da necessidade de profundas alterações:

(...) Quer seja na Inglaterra, quer na Alemanha, quer em Espanha, quer em França ou alhures, a distância entre a teoria e a prática política é sintomática para a história do socialismo da Europa do Oeste. Quase sempre e quase por toda a parte, os dirigentes dos partidos socialistas abandonaram os seus princípios - frequentemente contra a vontade da massa dos militantes - em troca de uma pasta governamental.»
Lafontaine propõe ainda um conteúdo programático claro e coerente, insistindo na nacionalização de sectores estratégicos e no reforço dos serviços públicos:
«Contra a ideologia de privatização pregada pelos porta-vozes do neoliberalismo, salvaguardamos a ideia de uma economia pública sob controlo democrático. Preconizamos uma economia mista onde as empresas privadas, a grande maioria, estão lado a lado com as empresas nacionalizadas. Sobretudo as empresas de que dependem as necessidades fundamentais para a existência da sociedade - o sector da energia por exemplo, ou até o sector bancário, na medida em que é indispensável para o funcionamento de toda a economia - devem ser nacionalizadas.
Voltamos a pôr na ordem do dia a questão da autogestão operária e a participação dos empregados no capital da sua empresa, que parece estar hoje esquecida.
Lutamos contra uma política de desmontagem social que dá prioridade aos interesses dos investidores e que faz pouco da injustiça social crescente, da pobreza de muitas crianças, dos salários baixos, dos despedimentos nos serviços públicos, da destruição do ecossistema. Lutamos contra uma política que sacrifica o que nos resta de uma opinião pública deliberativa ao rendimento do capital financeiro. Não aceitamos a privatização dos sistemas de providência social, nem a privatização dos serviços de transportes públicos. Também não aceitamos a privatização do sector da energia e ainda menos a privatização do sector público da educação ou da cultura. A nossa política fiscal quer voltar a dar ao estado os meios para cumprir as suas funções clássicas. »
1 comentário:
É a esquerda pela qual sempre me bati e conheço...democrática sim... mas com princípios!
Liberal..liberal...era mesmo o pai Natal!
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