Oskar Lafontaine sobre a Esquerda II: A crise financeira

Se fosse necessário uma prova, que nós, a esquerda crítica, não somos regressivos, que não procuramos no passado os remédios contra os males de hoje, tal como nos condenam constantemente os liberais e os conservadores, se fosse necessário uma prova, esta crise é essa prova. Desde o início dos anos 90 e a consequente mundialização, a esquerda, e eu inclusive, não temos tido descanso em reclamar a regulação dos mercados financeiros internacionais. Mas a opinião pública neoliberal troçou das nossas opiniões pelos vistos consideradas retrógradas. Disseram-nos que a lógica da mundialização não era compatível com a regulação, pregaram que não se devia nem por nada travar o comércio livre e o livre fluxo transnacional dos capitais, que toda regulação era uma solução caduca, regressiva. E agora, o que fazem os neoliberais na América do Norte e na Inglaterra? O que fazem os conservadores na Alemanha e em França? Ora bem, pretendem regulamentar. Aqueles que nos acusaram de regressão política, quando pedíamos a nacionalização de alguns sectores bancários para evitar a crise, que fazem agora? Ora bem, fazem de conta que nacionalizam os bancos em nome do futuro.
Agora socializa-se as perdas e faz-se pagar os grupos mais vulneráveis da sociedade pela falha do sistema. Agora, organizam-se pomposas cimeiras internacionais para regular os mercados financeiros. Mas, não nos enganam, pois os elefantes vão dar à luz um ratinho. Vão fechar o casino? Claro que não, desenganem-se! Vão apenas mudar radicalmente as regras do jogo no casino? Claro que não! O que vão fazer é elaborar com grande estrondo verbal um novo código de comportamento para os banqueiros da roleta. Nada vai mesmo mudar.»
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