terça-feira, outubro 28, 2008

Labirinto

«... Acabamos por nos envaidecer com subentendidos que afinal mudam tudo, como um sinal negativo colocado discretamente à frente de uma soma; esmeramo-nos, neste ou naquele passo, em fazer de uma palavra mais audaciosa o equivalente a uma piscadela de olho, ao levantar da parra, ou ao descer da máscara, logo a seguir reposta, como se nadafosse. Opera-se então uma triagem entre os nossos leitores; os parvos acreditam em nós; outros supondo-se mais néscios que eles, repudiam-nos; os que ficam, aprendem a desenvencilhar-se no meio do labirinto, a saltar e a contornar os obstáculos da mentira.»


Marguerite Yourcenar, "A obra ao negro", Ed. D. Quixote, p. 88.


1 comentário:

Anónimo disse...

"Não vivo como eles vivem. Não amo como eles amam. Eu morrerei como eles morrem...vou-me esforçar por entar na morte com os olhos abertos"

"o nosso maior erro consiste em tentarmos colher de cada pessoa em particular as virtudes que não têm, e de nos esquecermos de cultivar as que de facto são suas."