sexta-feira, agosto 29, 2008

Da onda mediática à paranóia

É só de mim ou esta onda mediática em torno da criminalidade, já se tornou paranóia? O Moita Flores já não sai do estúdio da SIC, vem o Sr. Presidente dizer que é uma coisa muito séria e a Polícia monta uma operação de propaganda com direito a helicópteros com holofotes e tudo. Com tanto mediatismo, os ladrões até regressam de férias mais cedo e vão cometer um crimezinho, que apareça logo no telejornal…Até o José Magalhães vem para a SIC Notícias dizer que o governo deve sobrepor-se aos tribunais para manter a ordem, o que eu acho o máximo vindo do deputado, que nos governos PSD era o paladino das liberdades e garantias dos cidadãos. Como se não bastasse, até o novo partido MMS, vem dizer que se encare o uso de armas pela polícia, sem tabus. E com isto tudo, lá vêm as declarações do cidadão comum que queria era ter uma arma nas mãos, pois claro…


No meio da paranóia passa despercebida a nova lei da Segurança Interna, que permite ao Secretário-Geral da Segurança Interna, conhecer detalhes de investigação criminal e da vida privada dos cidadãos. Está em causa a separação dos poderes político e judicial, mas se isso prejudica a democracia e as liberdades cívicas já é um facto secundário. Promulgado foi também o diploma do chip electrónico automóvel. Para cúmulo vamos ser obrigados a colocar chips nos nossos carros, pagos do nosso bolso para sermos mais controladinhos ainda. O que segue legalização do porte de armas, chips implantados nos nossos bracinhos? Não nos chega a recessão e a crise social como motivo de preocupação?


Não posso deixar de associar tudo isto, ao que parece ser o novo “modus operandi” dos governos democráticos na usurpação de direitos, liberdades e garantias dos cidadãos. Primeiro alarma-se a população através dos média, instala-se o medo e a insegurança e depois em nome do combate à criminalidade e da segurança, ataca-se o direito à privacidade e por aí fora… Os EUA e o Reino Unido fizeram-no a pretexto da ameaça terrorista, não justifica, mas é um pretexto mais ou menos válido. Agora nós? Em Portugal? Não sofremos atentados terroristas, somos o país com a menor taxa de criminalidade da Europa. Não há justificação, só o ridículo mesmo…


Adenda ao post: Sobre este tema vale a pena ler aqui, a análise genial do Baptista-Bastos.


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