Medo e controlo
«A sociedade, num futuro muito próximo, reduzirá o seu já limitado espaço de liberdade a uma instância insistentemente policiada. Não haverá sociedade como intervenção cultural, relação com o contrário, subdivisão de grupos de interesses, coexistência de sinalizações alternativas. Ser continuamente vigiado liquida o fundamento das instituições democráticas, o qual oscila entre o tratamento igualitário e o tratamento diferenciado. Impossível escapar ao reconhecimento de que caminhamos para uma nova e diferente ditadura, dissimulada em leis de "segurança", de "ordem" e de "autoridade". Não há lugar para o exercício das "referências", porque se deixou de admitir a alteridade. Uma das características sociais reside no direito do indivíduo a não ser "massa", e a recusar a rigidez identitária que a vigilância (pelo medo que lhe subjaz) sugere, impõe e inculca.
Não sorria. Está a ser filmado.»
Baptista Bastos, “A instrução do Medo” in DN Online
Estamos a cair numa sociedade controlada pelo medo, uma nova forma de ditadura que anula a diferença e as vozes críticas. Quer seja o medo pela vigilância, quer seja o medo de perder a estabilidade económica, de perder o emprego. Para além das câmaras de vigilância, existe ainda a delação e até a obrigatoriedade das empresas de telecomunicações guardarem por 2 anos, o registo dos sites que consultamos. Medo e controlo, é óbvio...
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