Sobreviver em Bagdad
«Ao passar por cima da capital iraquiana somos confrontados com uma névoa espessa que paira sobre a cidade. É muito difícil perceber se é neblina ou fumo libertado pelas bombas e pelos prédios incendiados. (...) são oito da manhã, mas nesta cidade deixou de haver horas, ou se as há contam-se ao ritmo das explosões e com a medida dos cadáveres que se acumulam.
(...) Converso com um viajante, que parece ter mais de 50 anos, mas tem apenas 35. Faço a pergunta ritual “Chako mako?” (Isso vai ou não vai?). Com um sorriso desiludido responde: «Vai indo, carros armadilhados, atentados suicidas, franco-atiradores e tiros de rajada, cadáveres que se vêem pela rua de manhã, preços que disparam...». se é isso que vai indo, então o que é que não vai? A resposta sai lesta: «o governo não vai. A esperança não vai. A segurança não vai. A estabilidade não vai.»
Excerto de “Como sobreviver à violenta Bagdade” in Courrier International ed.134
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