sábado, agosto 25, 2007

Falar de transgénicos ou de eco-terrorismo?

Mesmo no meu alheamento de férias, consegui ouvir falar de Eco-Terrorismo, Movimento Verde Eufémia e milho transgénico. Pelo que vejo muita tinta correu sobre o assunto. Não sobre o que é isso de alimentos transgénicos e que perigos apresentam para o ambiente e para a saúde. Mas sim da forma como os verde-eufémios agiram e o método utilizado descredibilizaram a causa anti-transgénicos, dando aso a discursos de «ai a extrema-esquerda rastafaria turculenta que destrói a propriedade privada e que ainda por cima é do bloco esquerda».


Até o Presidente da República, que acha que perante o incumprimento da lei o cidadão deve queixar-se aos tribunais, condenou veementemente esta acção. É que agora não estamos a falar de Alberto João Jardim e da IVG, mas sim de arruaceiros destruidores da propriedade privada. Não vá a moda pegar e começarmos a ouvir falar de edu-terrorismo, quando alguma escola fechar e os pais resolverem partir mesas e cadeiras, ou saúde-terrorismo quando fechar alguma urgência ou maternidade. Suponho que os ataques à democracia e ao estado de direito, tenham uma gravidade diferente de acordo com quem os pratica.


São lamentáveis os métodos usados pelos verde-eufémios, mas daí a falar de eco-terrorismo... Eco-parvoíce parece-me mais apropriado (como bem observou Ricardo Araújo Pereira na Visão). Mas não deixa de ser parvoíce, reduzir esta questão a radicalismos de extrema-esquerda e perder a oportunidade de debater seriamente a questão dos alimentos transgénicos. Não deixo de me perguntar se aqueles que estão tão preocupados com a extrema-esquerda, gostariam de ter no seu prato um alimento geneticamente modificado...


Parece-me interessante a leitura de alguns artigos do site da Greenpeace, que alertam contra os riscos dos transgénicos no que diz respeito à perda de biodiversidade, ao aumento da resistência aos antibióticos e das alergias. Lendo os artigos que estão aqui e aqui, encontro motivos de preocupação. Talvez seja só de mim, mas o ambiente e a nossa saúde não serão mais importantes, que um movimento de meia-duzia de arruaceiros radicais, sem qualquer expressão?

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