Medo e Controlo
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Os recentes episódios “Fernando Charrua” e “Maria Celeste Cardoso” são exemplos evidentes das novas formas de controlo social nas sociedades globalizadas. Pergunto-me quantos funcionários públicos, num contexto de avaliação de desempenho e ameaçados pelo quadro de excedentes, não pensarão duas vezes antes de emitir uma critica ao governo ou qualquer outra opinião politica divergente. É uma espécie de ameaça psicológica velada, em que os alvos são as mais básicas necessidades humanas, como a manutenção do emprego que garante a sobrevivência do próprio e da família. Não há forma mais eficaz de garantir o silêncio e o conformismo, que jogar com a vida profissional das populações, num contexto de precariedade laboral e desemprego.
O medo instala-se não por ameaça de violência física, mas por chantagem psicológica, que leva o indivíduo à auto-censura. Nos regimes totalitários a censura e o controlo social eram visíveis, estavam estampados no rosto da polícia politica ou do censor de lápis azul
A verdade é que sociedades assustadas, oprimidas, inseguras e pouco esclarecidas são mais fáceis de controlar. Não será por isso que o nosso governo tenta “reformar” a saúde, a educação, a legislação laboral e tenta vender a ideia da flexisegurança? Porque é que todos os dias vemos, escapar das nossas mãos mais direitos e garantias e nos sentimos cada vez mais inseguros? Quanto mais inseguros nos sentimos, mais pensamos na necessidade de garantir alguma estabilidade. Temos medo, pensamos duas vezes antes de falar. O silêncio e a passividade surgem como a melhor das alternativas.
Tudo isto preocupa-me e muito… não é esta a sociedade que eu quero…
2 comentários:
Não vou estar a repetir o que já disseste e bem. Concordo contigo e é estranho que na dita sociedade democrática, onde a liberdade de expressão deveria ser o que dizem o ser, mas não o é...é estranho mas vejo que não somos os únicos e ter essa percepção...
aos poucos e de forma dissimulada vamos voltar à epoca da censura...se não metermos olhos e mãos a isto depois será tarde demais. e não é só estes casos de funcionários públicos, há muito mais dissimulado.
joquinhas boas
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