sábado, junho 09, 2007

A indústria farmacêutica global

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«Para acelerar a liberalização de drogas ultra-lucrativas, as companhias farmacêuticas recorrem cada vez mais a cobaias humanas dos países pobres. Milhões de pessoas submetem-se, por migalhas, a testes sem supervisão, sem padrões éticos e que muitas vezes as privam de medicamentos essenciais»


A indústria farmacêutica é uma das mais lucrativas do mundo, só nos EUA e desde 2000, cresceu 15% por ano, triplicando o lançamento de drogas experimentais entre 1970 e 1990. Para lançar novos medicamentos, há que testá-los antes. O problema é que cada vez menos pessoas, nos EUA e na Europa Ocidental estão dispostas a inscrever-se nos testes clínicos exigidos. Qualquer pessoa percebe porquê, ninguém no Ocidente se sujeita a riscos e efeitos secundários… Nos países mais pobres, com graves carências a nível económico e de cuidados médicos, não existe esse problema. É neste contexto, que surgem argumentos como este:


«Outro executivo de companhia de testes clínicos afirmou: “A África do Sul é um país óptimo [para AIDS]”, por causa do grande número de pacientes infectados pelo HIV ainda não tratados com drogas anti-virais. Com freqüência os fabricantes de drogas ficam frustrados em suas tentativas de provar que as novas drogas funcionam nos corpos impregnados de medicamentos dos ocidentais testados. Há tantas drogas em seus organismos que é cada vez mais difícil observar o efeito do composto experimental. Assim, os pacientes-virgens – pessoas doentes pobres demais para obter tratamento médico – são altamente valorizados nos testes clínicos.»


Os grandes laboratórios estão a realizar milhares de ensaios clínicos nos países em desenvolvimento como a Bulgária, Zâmbia, Brasil e Índia, por exemplo. Aqui o recrutamento é rápido. Na África do Sul, uma empresa de testes farmacêuticos, conseguiu recrutar três mil pacientes para testar uma vacina experimental em nove dias. Curiosamente ou não, a população não é totalmente informada dos riscos que corre, nem as autoridades locais têm os meios de supervisão e fiscalização adequados.


Os medicamentos testados visam a cura das doenças ocidentais, como doenças cardíacas, artrite, hipertensão e osteoporose. Isto significa que os voluntários não vão beneficiar do ponto de vista clínico com esta medicação. São tratados como ratos de laboratório, enriquecendo as grandes companhias farmacêuticas, sem qualquer contrapartida. Os mais pobres continuam a morrer de SIDA, malária e tuberculose sem acesso a essa medicação, enquanto que os pacientes ricos do Ocidente, beneficiam de mais e melhor saúde à sua custa.


1 comentário:

Anónimo disse...

bem sei que tudo isto é triste e um autentico atentado aos direitos humanos, creio que estamos a deixar para trás o teste em animais porque há muita manifestação contra e aposta-se nos muribundos que mais tarde ou mais cedo vão desta pra melhor....e sendo assim para os grandes senhores e grandes potencias: "que fazem eles aqui? nada...então vamos usá-los como cobaias."

joquinhas boas