terça-feira, novembro 21, 2006

Selecção natural das espécies


Pela primeira vez, neste blog: a vida selvagem. Imaginem um maravilhoso e impressionante ecossistema, denominado “concurso externo de ingresso para provimento de um lugar de …”. Impressionante porque este ecossistema conseguiu subverter todo o processo de selecção natural das espécies, como nós o conhecemos. Porque na realidade de externo, não tem nada. Toda a gente sabe que assim é, no entanto a comunidade científica continua a apelidá-lo de “concurso externo de ingresso para provimento de um lugar de …”, em vez de “concurso externo de ingresso para quem já está a contrato há 3 anos…” ou se quiséssemos ser precisos: “concurso externo de ingresso para o primo do irmão do sr. presidente…”.

Assim, devidamente reconhecido pela comunidade científica, este ecossistema é habitado por pequenas espécies incautas que na sua luta pela sobrevivência, acreditam tratar-se efectivamente de um “concurso externo de ingresso para provimento de um lugar de …”. Estes espécimes chegam a deslocar-se 200, 400 km e às vezes mais, para depois verificarem que mais não são que um objecto fundamental à reprodução do próprio ecossistema.


Segundo a comunidade científica, a selecção natural não se faz, se existir uma só espécie no ecossistema, logo existe um processo claro e transparente, em que, de entre inúmeros espécimes, só o mais capaz sobrevive. Quando na realidade, só uma espécie irá tirar partido deste ecossistema e já foi seleccionada à partida.


A selecção natural no ecossistema “concurso externo de ingresso para provimento de um lugar de …” é uma farsa a que toda a comunidade científica assiste impávida e serena. Deixemos a hipocrisia imperar e continuemos a brincar com a vida dos espécimes que alimentam este ecossistema.

5 comentários:

Anónimo disse...

hmmm... é impressão minha ou andaste a ler demasiados posts armadilhadores?... isso e teres sido um desses "espécimes chegam a deslocar-se 200, 400 km e às vezes mais, para depois verificarem que mais não são que um objecto fundamental à reprodução do próprio ecossistema." (como eu já fui), não?

cãorafeiro disse...

excelente post este.

o detalhe da curva de gauss diz tudo.

eu por acaso encontro-me numa das pontas. e se para me adaptar tiver de me chegar ao centro, o que alias e uma impossibilidade, logo estou a falar apenas hipoteticamente, acho que seria melhor extinguir-me, uma vez, fosso como fosse, deixaria de ser eu, passaria a ser outra pessoa (mais uma vez, trata-se de uma impossibilidade, porque eu nao escolhi ser como sou, embora, em abono da verdade, tambem nao tenha nunca tido grande vontade de contrariar essa imposicao da natureza que foi a de eu ser como sou.

enfim, com curva de gauss ou sem ela, estamos a mais...

Hopes disse...

António,
É assim tão óbvio que eu sou um desses espécimes? :) Se há influencias dos armadilhadores, não sei, talvez no estilo, eu podia dizer o mesmo de outra forma... Mas este assunto ia sempre merecer a minha crítica, independentemente de ir ou não ao "armadilha"!

Cão, obrigado pelo elogio.
Eu concordo contigo quanto à questão da adaptação, eu também acho que vou ser sempre uma inadaptada... Mas neste caso, eu podia ser eu própria na profissão que quero exercer, isto claro, se este país não fosse desonesto e o que esta legalmente estabelecido fosse efectivamente cumprido!

Anónimo disse...

hopes, concordo plenamente. Acho que devemos ser todos inadaptados... caso contrário não estávamos aqui neste canto da blogosfera a escrever os posts que escrevemos. E, como @ cão, não sinto uma especial vontade de ser diferente... Devemos ser mesmo espécimes condenados à morte evolutiva... porque (falo por mim e em sentido figurado claro) se a escolha for entre evoluir naquele sentido ou morrer, eu escolho a segunda.
Quanto ao "estilo", foi mesmo só com isso que quis gozar ;)

Anónimo disse...

E sim, é assim tão óbvio que és um desses espécimes... já padeci do mesmo mal como te disse, logo reconheço os efeitos ;)