sábado, outubro 07, 2006

Genialidade: papel de alumínio e paradas

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Vivemos no país dos pequenos génios. Não tenham dúvidas que há pequenos génios entre nós, tanto pode ser a senhora que se senta ao nosso lado no comboio, como o director de Marketing da SIC. Eles andam aí, emanam genialidade e de certeza estarão a votos entre os Grandes Portugueses recordados no ano de 2050.

Génios, porquê? Deixem-me começar pela senhora que se senta ao nosso lado no comboio. Um dia alguém lhe disse que a folha de alumínio só se utiliza com produtos alimentares. Ela disse não. As mentes audazes vão mais longe. As mentes audazes olham para a folha de alumínio e vêm um excepcional material para encapar livros. Nada mais prático. Cada vez que se manipula o livro, o som melodioso do amachucar da folha de alumínio. Scrap, scrap, scrap, scrap (haveria onomatopeia melhor para simular o som do amachucar alumínio, haveria… mas como não me lembro de outra, scrap será…). Vira-se a página. Scrap, scrap, scrap, scrap. Cruza-se a perna. Scrap, scrap, scrap, scrap. Pousa-se o livro. Scrap, scrap, scrap, scrap. Coloca-se a mala debaixo do livro. Scrap, scrap, scrap, scrap.

Mas a genialidade, está no secretismo. Ninguém sabe o que estamos a ler. Pode ser o Mein Kampf de Hitler, pode ser o Noddy, pode ser o Kamasutra. Quem olhar só vê os reflexos distorcidos do seu próprio rosto. Os estranhos não têm que saber da nossa vida. O que interessa se a melodia do amachucar alumínio perturba um bocadinho a concentração e a leitura. Que interessa, se 20 minutos de scrap, scrap, scrap, scrap, já é considerado técnica de tortura, bem mais eficaz que a tortura do pingo.

Mas este golpe de génio, nada é, se comparado com o aniversário da SIC. Uma parada. Ah… nós cá não tínhamos paradas! Mas agora temos, ah se temos… Metem a Floribela, as vaquinhas do Cow Parade, ranchos folclóricos e os palhaços da Associação Nariz Vermelho. Belo conceito de marketing, sim senhor. Aposto que quem precisava de circular pela avenida de Liberdade, também gostou. Os contribuintes que pagaram a força policial que controla a parada, também apreciaram. As crianças que nem almoçaram para ver a parada, a SIC e as audiências da SIC, os fabricantes de saias da Floribela, também ficam a ganhar…

Mentes audazes, génios que quase passam despercebidos.

4 comentários:

Claudia disse...

Adorei! Adorei! Adorei!

A ideia de usar papel de aluminio para encapar livros é brilhante.

Do melhor.

Até sei de um sitio maravilho para colocar isso, ia ser giro cada vez que alguém roubasse um livro ouvir o crap crap crap pelo corredor fora.

Iam à casa de banho, pousavam o saco e crap crap crap...

Entravam no comboio, pegavam no livro e crap crap crap...

Brilhante!

Quanto à parada, atenção não confundir com Cow Parade, a resposta está no meu artigo de hoje de la matina: muda o tema mantem-se o principio.

Bjs.

Hopes disse...

O mais preocupante é que eu não estou a confundir. Na Parada do aniversário da Sic, ia um carro com 5 vaquinhas que o Balsemão deve ter comprado no leilão do Cow Parade (o outro evento). Isto entre ranchos folclóricos, tunas, palhaços e afins. Mais uma importação, só que mais foleira... tal como o Halloween, que referes no teu blog.

Macambúzia Jubilosa disse...

Papel de Aluminio?

Eu alturas houve, quando andava muito de transportes publicos que fazia isso, mas era com papel manteiga, com papel aluminio não...que raio de ideia...

papel de aluminio...

Não me parece a melhor estratégia para quem quer passar despercebido, ou pelo menos para quem não quer que saibamos o que lemos...

E olha...é por conta das paradas e dos concursos e doutras coisas mais, que eu praticamente já não vejo televisão portuguesa.

Masoquismos, não...

E só vejo, quando sei que vai dar alguma coisa que me interesse (um filme, um documentário, etc).

Hopes disse...

A história do papel de alumínio é rigorosamente verdade. Felizmente para mim, tenho o condão de atrair pessoas estranhissimas, a senhora sentou-se à minha frente e para além da tortura do scrap, scrap, pude constatar que se tratava de folha de alumínio.

Quanto à parada, o masoquismo não durou mais de 3 minutos, o tempo suficiente para me aperceber da "caldeirada pirosa" que ia ali...

Quando parece que a nossa TV não pode descer mais baixo, verifica-se o contrário!