quinta-feira, setembro 14, 2006

"Poema"

.
Alguma coisa onde tu parada
fosses depois das lágrimas uma ilha
e eu chegasse para dizer-te adeus
de repente na curva duma estrada

alguma coisa onde a tua mão
escrevesse cartas para chover
e eu partisse a fumar
e o fumo fosse para se ler

alguma coisa onde tu ao norte
beijasses nos olhos os navios
e eu rasgasse o teu retrato
para vê-lo passar na direcção dos rios

alguma coisa onde tu corresses
numa rua com portas para o mar
e eu morresse
para ouvir-te sonhar

António José Forte
in Poemas de amor e abandono, Coimbra-Castelo Branco, Alma Azul, 2002, p. 55

3 comentários:

Anónimo disse...

lindo... tão lindo...

Hopes disse...

Claro que é, neste blog só entram poemas lindos... Espero que os leitores deste blog, dele tirem bom proveito e que posteriormente me venham agradecer! :))

Anónimo disse...

Por isso deixei o comentário, para agradecer... tornaste a minha manhã um pouco mais luminosa...