sábado, setembro 09, 2006

"Loose Change": um documentário para reflectir

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Ontem à noite, passou na RTP 2, o documentário Loose Change. Para quem não viu ou não conhece, trata-se de um documentário que alega que o 11 de Setembro não partiu de um ataque terrorista, mas sim do próprio governo dos EUA. O documentário coloca uma série de questões, sobre as quais vale a pena reflectir. Sem querer ser exaustiva, vou dar só alguns exemplos de questões levantadas no filme:

No caso do ataque ao Pentágono, alega-se que era impossível ter sido provocado pelo Voo 77, quer pelo tamanho do buraco no edifício, quer pela ausência de destroços do avião. As características da explosão e os testemunhos parecem demonstrar que a explosão foi provocada por um míssil ou por um pequeno avião militar.

Relativamente às torres do World Trade Center, apresentam-se testemunhos e imagens que pretendem mostrar que as torres desmoronaram não pelo impacto dos aviões, mas por explosivos detonados dentro dos edifícios.

O voo 93 teria aterrado em segurança no aeroporto de Cleveland, uma vez que não há destroços do avião em Shanksville. Quanto às chamadas de telemóvel, teriam sido simuladas porque em 2001 era tecnicamente impossível efectuar chamadas de voos da American Airlines.

E perguntam vocês, tudo isto porquê? O filme mostra quem ganhou muito dinheiro com o 11 de Setembro, desde o dono do WTC, Larry Silverstein, que convenientemente fez uma apólice de seguro que contempla ataques terroristas, no valor de 7 biliões de dólares, às entidades/empresas privadas cujos processos de investigação criminal estavam num dos edifícios destruídos nos ataques.
Por fim, a cereja no topo do bolo, o realizador denuncia a forma como o 11 de Setembro se encaixa perfeitamente no Project for the New American Century, com citações do manifesto, Rebuilding America's Defenses, uma pérola neo-conservadora, da autoria de Dick Cheney, Donald Rumsfeld, Jeb Bush, Paul Wolfowitz, e John R. Bolton. O grande argumento é que o 11 de Setembro foi o pretexto para concretizar o manifesto, nomeadamente a actuação militar no médio-oriente e controlo estratégico das reservas de petróleo do golfo pérsico.

O filme pode ser visto aqui e se quiserem saber mais, há um artigo na wikipédia sobre o assunto. Para terminar, não posso deixar de dizer que de vez em quando, até se faz serviço público. Apelar ao exercício da massa cinzenta é serviço público! Independentemente do documentário corresponder ou não à verdade, coloca as pessoas a pensarem criticamente e a verem a realidade de uma perspectiva diferente.

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33 comentários:

cãorafeiro disse...

trata-se de uma teoria de conspiração...

obviamente que o facto de o 11 de setembro ter acontecido favoreceu a implementação dos planos que o grupo que chegou ao poder com a eleção de bush tinha para os EUA e o mundo.

se o 11 de setembro não tivesse acontecido, certamente haveria de surgir outro acontecimento que poderia ser usado para legitimar estes planos.

mas o 11 de setembro aconteceu.

as provas do plano da al-qaeda são muito mais consistentes, e por outro lado, há as listas de passageiros mortos...

quanto ao pentágono, há testemunas oculares do acontecimento.

o problema das teorias de conspiração é que descredibilizam quem quiser desmontar os planos totalitários dos neo-cons fundamentalistas americanos, e além disso desvalorizam a gravidade do problema do terrorismo islamista.

""#$ disse...

Hopes and dreams:concordo com cão.

J+a gora escrve na barra de busca do browser "Rebulding américa´s defenses e aprece um link para a www.newamericancentury.org/ onde está o manifesto disponível em PDF.

Hopes disse...

Obrigado pelos vossos comentários. Claro que é uma teoria da conspiração e como todas as teorias da conspiração, é altamente controversa. Mas o meu objectivo com o post é suscitar reflexão e debate, não quer dizer que me identifique com o que foi dito no documentário. Por isso, usei o termo "alega-se"... Já tenho menos dúvidas, em relação a quem tirou proveito do 11 de Setembro. E na minha opinião tão perigosos são os "neo-cons fundamentalistas americanos", como os terroristas islâmicos.

Hopes disse...

Mais uma coisa cão e pedro, vocês enquadram o Michael Moore na categoria das teorias da conspiração «que descredibilizam quem quiser desmontar os planos totalitários dos neo-cons fundamentalistas americanos, e além disso desvalorizam a gravidade do problema do terrorismo islamista»? (eu ia perguntar-vos isto se me interpelassem no meebo, mas já vi que não são grandes fãs do sistema...)

cãorafeiro disse...

não, o michael moore é outra coisa:

o bowling for columbine é bastante melhor do que o farheneit 911.

no bowling for columbine ele desmonta a cultura de violência de uma cidade pequena que vive da construção de armas. desmonta tb como funciona a rede de supermercados cujo nome agora não recordo, e mais uma série de coisas.

mostra o efeito contraproducente dos programas para pobres.

mostra como o conservadorismo serve para esconder o mal estar social, quando entrevista marilin manson.

em fareneit, ele já vive da fama. vive de um nicho de mercado chamemos-lhe assim que vive de ser aparentemente dissidente, mas que na verdade faz um enorme favor ao establishment, porque ao criticá-lo, legitima-o, no final o resultado é «nós os americanos somos tão democraticos que até temos o michael moore, ou o noam chomski»

aliás as teorias de conspiração êm o mesmo efeito, legitimar o sistema político americano.

já as investigações sérias, como a que trouxe à luz que a ideia de que havia armas de destruição maciça no iraque foi fabricada, ou sobre o que se esta a passar a coberto do patriot act têm o efeito de abriri os olhos a muita gente e mostrar até que ponto o regime político americano está degenerado.

(o noam chomski é um ódio de estimação meu, um dia posto a explicar porquê)

""#$ disse...

Os supermercados são o wall mart- o maior do mundo.
Michael moore não tema ver com teoris da conspiração,mas sim com um genuino cidadão que está preocupado com o ruoq ue a américa está a tomar e faz documentários acerca disso.
Embora concorde com o cãoacerca dobowling for columbuine. do outro nao digo nada porque não vi.

""#$ disse...

Off topic.Falamos noutra altura. O sistema meebo está semrpe a acair.

Hopes disse...

Off topic: não voltar a roubar ideias que não funcionam, sendo claro que a culpa do meebo não funcionar é do max.
De qualquer forma, gostei de falar ou melhor de trocar 5 frases contigo.

Hopes disse...

Em relação ao Michael Moore, também acho o "Bowling for Columbine" melhor concebido que o "Farheneit 911", porque faz uma análise mais profunda da mentalidade e cultura americana. No entanto, também gostei muito do "Farheneit 911" e não me pareceu legitimador do establishment. É claro que a resposta fácil para quem é alvo de críticas, é o «nós os americanos somos tão democraticos que até temos o michael moore, ou o noam chomski». Quer-me parecer que terão dito o mesmo em relação "aos que fazem investigações sérias." Apesar de tudo, eu prefiro uma América com Michael Moore e Noam Chomsky... Aliás fico ansiosamente à espera da justificação do ódio ao Chomsky (que até o tenho em grande conta, ou tu sabes alguma coisa que eu não sei?)

""#$ disse...

Hopes: o cão conhece mais em pormenor as razões pelas quais o chomsky NO ACTUAL MOMENTO não é para levar muito a sério. Actualmente em relação a certos assuntos o chomsky é algo desonesto.

O chomskyd e há 10 ou 20 anos é muito bom.
Aconselho porque é o único que conheço ou a ver ou a ler uma coisa dele chamada "manufacturing consent".

E nos Estados unidos usa-se muito essa técnica de "permitir" que certas vozes critiquem o establishement para dessa forma legitimar o mesmo.

O fahrenheit 9/11 não vi.
O bowling for columbine é muito bom e vale a pena.
Sobre a comparação com os dois terás que falar melhor com o cão.
Mas mesmo o bowling for colunbine tem lá algumas coisas que não são muito boas, embora no produto geral seja muito bom.

Quanto ao Meebo é claro que a culpa é do MAX que é bruto semi esclarecido sem escrupulos que te deu uma versão adulterada do Meebo apenas e só com o propósito de te induzir a conversar com estranhos e te fornecer essa falsa sensação de segurança, para, dessa forma, tu o largares da mão e deixares de lhe andar a pedir programas complicados de comunicação.

Isto é tudo parte de uma vasta conspiração internacional da qual o Max é apenas a feia cabeça emergente que se deixa ver.
A mim ele nunca me enganou...

Hopes disse...

«bruto semi esclarecido sem escrupulos» e «feia cabeça emergente que se deixa ver»... lol lol... Vendo bem, a teoria da conspiração internacional é evidente, aquelas viagens todas, sempre de férias... mmm... (achas que nos vai processar por difamação?)

cãorafeiro disse...

um dia explico porque não consigo suportar chomski...

mas é um texto que tem de ficar muit bem escrito, com muita clareza, com links que comprovem as minhas aformações.

só uma clarificação:

uma tipa escreveu um livro a «demonstrar» que o massacre de srebrenica não aconteceu.

foi imediatamente criticada por estar a falsificar a história. por ser revisionista.

chomski defendeu-a em nome da liberdade de expressão.

para mim a liberdade de expressão não inclui a liberdade de falsificar a história, de falsificar a verdade.

depois há mais, há a reacção de chomski às críticas.

para mais esclarecimentos, lê isto:

http://www.bosnia.org.uk/bosrep/report_format.cfm?articleid=3054&reportid=170

nota uma coisa: eu não tenho nada contra os sérvios, pelo contrário, tenho uma grande estima pelo país e lamento profundamente a situação a que chegou...

Anónimo disse...

Ui, não comento aqui há algum tempo e agora que tenho disposição tanto haveria a dizer... Fico-me por algumas notas soltas:

Hopes&Dreams, recebi há uns anos um mail com um link para a trailer do tal documentário, fartei-me de rir, porque de facto não acredito em teorias da conspiração... Mas percebi a tua intenção, e é claro que tais documentários têm pelo menos a virtude de nos fazer questionar verdades que temos como estabelecidas.
Quanto ao Meebo, a única vez que tentei falar contigo não respondeste, depreendi que ou aquilo não funciona ou tu não gostas de mim :(

Cãorafeiro:
Concordo contigo quanto ao Michael Moore. O "Bowling for Columbine", no seu estilo truculento, é excelente, e acabei a aplaudir e a subscrever a sua teoria de que os USA são violentos por ser uma sociedade imbuída pelo MEDO... Recordo como melhores momentos o cartoon em que explica como ao longo da história todos os acontecimentos que definiram o país tal como ele é foram causados pelo Medo, e a sua excursão ao Canadá, onde a cultura é semelhante à dos USA, existe um número comparável de armas, mas as pessoas deixam a porta de casa aberta porque não há medo...
Já no "Fahrenheit 911" o Michael Moore é, como tu dizes, deslumbrado pela própria fama, e o documentário é apenas e só auto-glorificador. Panfletário e demagógico em extremo. O único bom momento é quando ele descobre que muitos dos congressistas que aprovaram o Patriot Act nem sequer o leram, e leva uma carrinha com sistema de som para o Congresso e anda às voltas a ler o Patriot Act para todos ficarem a conhecer...

"para mim a liberdade de expressão não inclui a liberdade de falsificar a história, de falsificar a verdade."
Cão, isso quer dizer que concordas com a proibição que existe em certos países em relação ao negacionismo do Holocausto?

Hopes disse...

António,
De facto, a intenção do post é levar quem lê a questionar e a reflectir sobre o problema das teorias das conspiração, o 11 de setembro e por aí fora... E diga-se que resultou, porque nunca tive tantos comentários num post ;)
Quanto ao meebo, só funciona se eu estiver online e se não se der uma network disruption, coisa que está sempre a acontecer... Logo, não é nada pessoal, aliás eu prezo muito os leitores que ainda por cima comentam...
Quanto à questão do revisionismo, uma teoria pode ser revista à luz de novas fontes, em história como noutras ciências. O problema é quando a investigação histórica não é ideologicamente isenta, serve interesses políticos ou revela preconceitos raciais. A questão é: proibe-se esses investigadores de publicarem ou deixamo-los exercer a sua liberdade de expressão e permitimos que outros autores "desmontem" os seus argumentos e provem a falsidade das suas teorias?

Anónimo disse...

Obviamente, a segunda alternativa...

Anónimo disse...

Mas o cão rafeiro não respondeu, a pergunta era para ele...

cãorafeiro disse...

peço desculpa, não tinha visto a pergunta do antónio rufino:

a resposta é sim, concordo que em países como a áustria e a alemanha seja crime a negação do holocausto.

a razão por que eu concordo é que se trata de uma falsificação deliberada da verdade, cujo objectivo é lançar a confusão.

pelas mesmas razões concordo com a proibição de partidos fascistas e nazis em portugal,

também com a punição de todo o discurso de ódio (hate spech).

estas pessoas aproveitam-se da tolerância que existe na sociedade para minar os próprios fundamentos da liberdade.

não se trata de liberdade de expressão mas de abuso da liberdade de expressão.

a minha liberdade de movimento não inclui a liberdade de atropelar os transeuntos quando conduzo um automóvel.

a minha liberdade de expressão não inclui a liberdade de ofender, calunias, e enganar as pessoas ao meu redor.

a investigação sobre a história está submetida a uma deontologia própria, que os revisionistas não respeitam. não se trata apenas de enviesamentos fruto de uma ideologia ou de preconceitos. trata-se de falsificações que têm como objectivo desacreditar a própria investigação histórica.

aceitarmos a segunda possibilidade proposta pela hopes and dreams é desconhecer até que ponto vai a má-fé de quem envereda por este tipo de teses.

não me leves a mal, mas nos últimos tempos tenho vindo a aperceber-me até que ponto podemos, sem querer, embarcar em relativisações de acontecimentos que à partida os nossos valores nos levariam a condenar.

não sou nem posso ser tolerante com quem tem como objectivo destruir a tolerância, porque isso não seria ser tolerante seria ser condescendente, appeaser.

voltando ao caso austríaco, se os austriacos não tivessem sido forçados a enfrentar a verdade sobre o nazismo, seria toda uma sociedade que viveria até hoje em negação. foi-lhes imposto pelos vencedores da guerra, e ainda bem. só lamento que os EUA não tenham feito semelhante imposição aos japoneses, quan agora glorificam como bravos samurais criminosos de guerra da pior espécie.

eu já vi livros de história de certos países, estou a referiri-me aos balcâs, e sei que a falsificação da história levada a cabo por muitos intelectuais tem consequências gravíssimas. essas pessoas continuam a falsificar a história, precisamente usando o argumento da liberdade de expressão. isto impede a sociedade desses países de encarar a verdade sobre oseu passado, e em muitos casos sobre as próprias vidas.

há países em que os revisionistas não são apenas uma pequena minoria marginalizada.

cãorafeiro disse...

por exemplo:

estas teorias da conspiração não foram criadas pela al-qaeda.
mas muitos muçulmanos estão a agarrar-se a elas para relativisarem o que aconteceu no dia 11 de setembro de 2001.

ou seja, este acto de liberdade de expressão completamente despido de ética teve consequências concretas...

Anónimo disse...

Pois, tem que sobrar para o Max :))) Um gajo não se põe a pau e o amigo Pedro anda por aí a dizer que eu sou cabeça - todos sabemos feia - de uma vasta conspiração internacional. A conspiração lá isso é internacional. Mas não é vasta: foi só o meu pai e a minha mãe que a fizeram :)))

Desculpem lá o off topic a uma discussão bem interessante...

""#$ disse...

Este max é o diabo, o verdadeiro diabo...

Anónimo disse...

Max, estás lixado...

cão rafeiro:

"a resposta é sim, concordo que em países como a áustria e a alemanha seja crime a negação do holocausto."
Temia que fosse esta a tua resposta. Claro que é uma "falsificação deliberada da verdade, cujo objectivo é lançar a confusão", mas como tu dizes mais abaixo, "a investigação sobre a história está submetida a uma deontologia própria, que os revisionistas não respeitam." Portanto, a própria comunidade dos historiadores se encarrega de descredibilizar estas teorias, retirando-lhes boa parte do seu perigo.
O teu argumento é perigoso, mais perigoso que o deixar os revisionistas em paz...permite também abusos ainda mais perigosos...
Eu concordo com a proibição não de partidos nazis ou fascistas "per se", mas antes com a proibição de organizações que apelem à violência, como o PNR de resto já fez impunemente... Quanto ao mero discurso de ódio, a sua proibição também permite perigosos abusos, como já se viu por exemplo no Reino Unido após os atentados de 7 de Julho do ano passado. Se formos a ver bem, discurso de ódio temos todos, só que enquanto uns se viram para os estrangeiros ou negros ou árabes ou judeus, outros viram-se para Bush, os neocons, o governo israelita, Ahmadinejad, o Papa ou Salazar... Enquanto o discurso for só isso, discurso, deve ser permitido. Eu quero ser livre de odiar quem me apetecer. Agora, apelar à violência contra quem odeio, aí é que deve estar a "thin red line"...
Mas há aqui pano para mangas, porque essa "thin red line" é mesmo muito "thin"...

Hopes disse...

Cão, compreendo perfeitamente o teu ponto de vista. Provavelmente até é utopico da minha parte, pensar que as alegações históricas falsas podem ser automaticamente descredibilizadas e refutadas. Mas tal como o António, eu prefiro a liberdade de expressão. Imagina o que aconteceria, se efectivamente essas pessoas fossem censuradas. O empolamento mediático seria tal que as suas teorias teriam mais visibilidade social e seriam muito mais perigosas, não concordas?

Max, com tantas questões intelectualmente produtivas nesta caixa de comentários, só te apraz comentar as referências tão elogiosas à tua pessoa? Fico desiludida, se calhar és mesmo um bruto semi-esclarecido... lol. Agora a sério, gostava de saber a tua opinião sobre esta questão da liberdade de expressão. Estás comigo e com o António ou estás com o Cão?

cãorafeiro disse...

antónio e hopes, não deixam de ter razão no que dizem.

isto prende-se com uma questão que eu tenho procurado aprofundar, não sem dificuldade, de há uns tempos para cá.

inicialmente a minha posição era a vossa. depois mudei, mas ainda não me fixei porque isto exige de mim uma reflexão mais aprofundada.

simplesmente a vossa pergunta obrigou-me a dar uma resposta, e eu respondi o que sinto actualmente.

se uma decisão dependesse de mim, teria de reflectir bem mais, o que ali´s tenciono fazer.

ainda hoje recebi dois livros que de alguma forma estão relacionados com esta questão.

um deles chama-se the culture of lies, acho o nome revelador...

quando tiver uma análise mais sustentada sobre isto, tenciono escrever um bocado, e nessa altura dar-vo-ei disso conhecimento.

antónio, suspeitou bem porque já percebeu que eu sou algo radical...

Anónimo disse...

ehehe amiga Hopes. Eu tenho acompanhado a discussão com interesse!! Já muitas vezes abordei este assunto no Devaneios, por exemplo, aquando das caricaturas de Maomé ou do julgamento austríaco do Historiador revisionista do nazismo. À altura, as minhas ideias geraram intensa polémica no Devaneios uma vez que, embora compreendendo os motivos nada ingénuos dos caricaturistas, apoiei o lado "pró liberdade de expressão". Mas, alguns dirão paradoxalmente, também fui rápido a entender a necessidade de condenação do dito historiador no tribunal de Viena. Confesso-me apoiante de uma ala mais dura, menos politicamente correcta, que se baseia um pouco naquilo que @ amig@ Cão Rafeiro diz: a tolerância com a intolerância é impossível. Inaceitável.

Este assunto é - todos reconhecemos - delicadíssimo. A matéria constitui o cerne das nossas liberdades democráticas: é assim que concebemos a Democracia. Poder dizer sem medo. Poder pensar sem receio. Contudo, nada é absoluto. Nem ninguém é completamente livre. Para tanto, lembro-me sempre do pensamento sartriano e da velha discussão sobre os limites da minha liberdade por contraponto à dos outros. Em meu entender - e já assim o considerava antes do 11/9- as Democracias estáveis, que imprimem ao primado dos valores humanos toda a força da sua defesa não podem, nem devem, transigir na aceitação de um discurso de intolerância que faça uso da tolerância do sistema. Caso contrário, estar-se-ão a auto destruir. Tolerar quem não tolera é, de um modo ou de outro, ser-se conivente. A tolerância não pode ser uma "liberdade negativa", desprovida de convicção de obrigatoriedade. Tem que ser imposta e respeitada em sociedade como um dado adquirido e ratio última da vida social.

Posto isto, que critério usar? Pois, aí está a parte difícil. Porventura, um critério baseado na defesa dos direitos humanos. Do núcleo intimamente conexo com a dignidade humana. Quem o coloque em causa, invocando, por exemplo, raças ou orientações sexuais deve ser castigado. Proibido. O amigo DJ, por exemplo, quando foi ao blog Fishspeaker confessar à L. que a considerava uma aberração como pessoa que merecia ir para o Tarrafal...merecia castigo. A democracia deve assegurar a defesa última e intrasigente dos pressupostos de vida que permitem a vida em sociedade: a tolerância é um deles. Nem que para isso tenha que fechar, condenar ou proibir.

Pois é verdade, meus amigos: sou moderado numas coisas mas noutras bem radical :))))

Hopes disse...

Max, obrigado pelo comentário e desculpa a provocação! Foi uma estratégia baixa e calculista, para te sentires obrigado a deixar um longo comentário, intelectuamente bem elaborado, que definitivamente te livrasse da fama de bruto semi-esclarecido... :)) E resultou, foste promovido nesta caixa de comentários à categoria de intelectual bem-educado e altamente esclarecido, está bem assim? Estou desculpada?

Deixando-me de parvoices e passando à parte séria. Tu chamaste a atenção para um conceito fundamental, a nossa liberdade acaba onde começa a dos outros. Há um limite ético à liberdade de expressão que devia nortear a acção de cada individuo. A questão é vamos permitir total liberdade de expressão, a quem não percebe que a sua acção individual tem um limite ético?

É um tema complexo e delicado, como diz o Cão Rafeiro, também eu sinto necessidade de mais informação e de maior reflexão. Cão, vou ficar à espera das tuas impressões sobre o Culture of Lies, será sem dúvida uma leitura interessante...

cãorafeiro disse...

max:

quando vamos buscar exemplos concretos tudo fica mais claro.

hopes and dreams, o livro é de uma autora croata, a dubravka ugresic, que se tornou dissidente ao recusar o nacionalismo. tornou-se, aos olhos dos seus compatriotas, uma traidora.

infelizmente não está traduzida em português.

existe por esse mundo fora uma enorme quantidade de intelectuais que merecem ser lidos, mas que não nos chegam às mãos. só nos chegam as mãos via EUA, inglaterra ou frança.

é pena que assim seja.

""#$ disse...

Eu diria mesmo mais para aprofundar o nível desta discussão:
O Max é o diabo, o verdadeiro diabo...

Anónimo disse...

"O Max é o diabo, o verdadeiro diabo..."

Bem me parecia que estavas muito ausente, Pedro :))

Hopes disse...

«O Max é o diabo, o verdadeiro diabo...» expressão balbuciada pelo pedro silva pela segunda vez nesta caixa de comentários.
O caso é grave, o senhor ficou incapaz de formular qualquer outro tipo de comentário minimamente pertinente. Posso recomendar um bom exorcista?

cãorafeiro disse...

hopes, duvido que haja exorcista capaz de ter mão no pedro silva...

éu própria já tentei váriasvezes trazê-lo para o camino do bem, mas é um caso perdido...

diria mesmo mais, ele é menino para fazer terceiro comentário. a repetição é, para ele, uma figura de estilo.

Hopes disse...

LOL... Cão, realmente nem o Van Helsing... Eu estou a contar, com pelo menos mais três comentários que se refiram ao Max, como sendo o Diabo. Vendo bem e tendo em conta o número de vezes que foi proferida a palavra microcausa, podem ser bem mais que 3 comentários...

""#$ disse...

A pedido de várias familias recuso-me a voltar aqui a conspurcar isto dizendo que "Max é o diabo, o verdadeir diabo".
Direi antes que é o Demo,o verdadeiro Demo...

Anónimo disse...

buuuu...o Max voltou, que medo!!! :))))))