segunda-feira, novembro 30, 2009

Sublime

Ontem tive o prazer de assistir ao concerto dos Muse no Pavilhão Atlântico e todos os adjectivos são poucos para descrever aquelas duas horas de espectáculo. O som e a musicalidade são de uma qualidade que muito poucos conseguem atingir. Mas o que impressiona mesmo é corropio de emoções que os Muse nos conseguem transmitir, é impossível ficar indiferente.



"Uprising" abriu o concerto como seria de esperar e o refrão a vermelho no écran gigante, ecoa nos nossos ouvidos: «They will not force us/ They will stop degrading us/ They will not control us/We will be victorious». Arrepiante no mínimo! Resistimos e nascemos de novo. E porque é que não percebemos que quando sangramos, sangramos da mesma forma? Nesta altura somos sugados para um buraco negro... «they are breaking through/ they are breaking through/ now we are falling/we are losing control/ Invisible to all/ The mind becomes a wall».

Mas nós queremos mais. Chama-se "Hysteria", pedem-nos o coração e a alma e nós damos! «Grating me/ And twisting me around/ Yeah I'm endlessly/ Caving in/ And turning inside out». E também há inquietação, «must we do as you're told?». E logo da inquietação, os Muse nos levam ao que a vida tem de bom e é impossível não nos sentirmos bem... «the fish in the sea/they know I feel/ it's a new day/ it's a new life for me!». Não falta a paixão, há uma luz que nos guia, revelam-se undisclosed desires: «I want to reconcile the violence in your heart/ I want to recognise your beauty is not just a mask/ I want to exorcise the demons from your past/I want to satisfy the undisclosed desires in your heart» e não é isso que nós queremos?Ligados à corrente, electrificados, o nosso tempo está a terminar, mas ainda há tempo para um alerta: «I am hungry for some unrest/ I want to push this beyond a peaceful protest/ I wanna speak in a language that they'll understand». E poderá ser mais claro que isto:

quinta-feira, novembro 26, 2009

E a solução é..... Congelar os salários e aumentar os impostos!!

Ao discurso do congelamento de salários, junta-se agora as sábias vozes do governador do Banco de Portugal e dos ilustres economistas que em coro defendem um aumento de impostos. Como se os portugueses não tivessem os salários mais baixos da Europa, sendo que os que efectivamente pagam impostos têm uma carga fiscal substancial. Estas vozes ilustres não falam do aumento de receitas que traria um combate efectivo à corrupção. Basta pensar que só os préstimos do Sr. Oliveira e Costa e companhia custaram ao país 6% da riqueza produzida. Nem o plano Cravinho foi tirado da gaveta.

Mas existem mais alternativas para aumentar a receita, porque não taxar as grandes fortunas e as transacções em bolsa, para já não falar da carga fiscal sobre a Banca que é inferior à exigida a uma pequena e média empresa. E do lado da despesa? Porque é que as vozes ilustres não se insurgem contra as grandes obras públicas?

Não saberão as vozes ilustres, que os baixos salários e a elevada carga fiscal, vão levar a uma diminuição do consumo e da procura interna que estiveram na base do parco índice de crescimento, que levou Sócrates a proclamar que não estamos em recessão. É pena que não tenham lido o artigo de Stewart Lansley, que eu citei no último post. Talvez assim percebessem os perigos do declínio salarial das classes média e baixa e da canalização da riqueza produzida para o pagamento de salários de topo e bónus na área financeira. Se calhar o problema, não está no desconhecimento mas nos poderes que se iam afrontar.

quarta-feira, novembro 18, 2009

O papel da politica salarial na recuperação económica

Assim começa um interessante artigo sobre as consequências do decréscimo dos salários no Reino Unido e o seu impacto na crise económica global. Muito se tem falado da crise financeira, dos créditos, das dívidas, da especulação e muito pouco no papel dos salários, que têm estado em declínio desde os anos 60. Este gráfico compara a percentagem do PIB gasta em salários desde os anos 60 no Reino Unido e é evidente o declínio, em 2005 só 53% do PIB se traduz em salários. O autor explica a tendência pelo aumento do poder negocial dos empregadores, que se deve à erosão dos direitos laborais, ao aumento da procura de emprego e à distribuição global do trabalho. Nota-se até um aumento da produtividade superior à proporção salarial.

O mais preocupante é que o declínio salarial é mais evidente para os trabalhadores que menos ganham, das classes média e baixa. Só as classes mais altas conseguiram um nível salarial idêntico ao índice de prosperidade da economia. Para além de uma sociedade mais desigual, mais endividada e baseada em baixos salários, a consequência é a diminuição do poder de compra que perante custos de vida elevados, leva ao crescimento do endividamento das famílias. Em 1980, 45% do rendimento das famílias era emprestado, em 2007 esse valor triplica para 157% do rendimento!

A par do declínio salarial das classes media e baixa, temos um direcionamento dos lucros obtidos para o pagamento de salários de topo e bónus na área financeira, em detrimento do investimento industrial, que traria largos benefícios a longo prazo. Em vez de financiar a industria e o consumo, o investimento fluiu para produtos financeiros duvidosos e o resultado é o que está à vista. «Little of this financial merry-go-round strengthened Britain’s economic base or helped create sustainable businesses and jobs. Most of it simply encouraged financial speculation aimed at building even larger personal fortunes.»

O congelamento e declínio salarial originou a actual crise económica e comprometeu os níveis de procura necessários a uma recuperação sustentada da economia. Os desequilíbrios e o endividamento só geram instabilidade económica. Já era tempo dos decisores políticos perceberem que enquanto os salários não voltarem a constituir 60% do PIB, a solução para a crise não estará à vista.

domingo, novembro 15, 2009

Repetições

Porque será tão difícil escrever algo de novo? Será porque os problemas se repetem, indefinidamente, sem solução aparente. Ou melhor a solução aparente existe, nunca existe é a coragem politica para a levar a cabo, porque há sempre algum tipo de poder que não pode ser afrontado. Os problemas perpetuam-se e eu repito-me. Repetem-se os casos de corrupção que nunca serão julgados e que custam milhares de euros. Repetem-se os discursos a favor do congelamento de salários, no país com o nível salarial mais baixo da Europa e os maiores índices de pobreza. Repetem-se as vozes da hierarquia católica a querer hipocritamente imiscuir-se na vida privada dos cidadãos, como se os direitos pudessem ser referendados ou negados em nome de qualquer religião. E eu repito-me a manifestar a minha indignação, contra a falta de coragem politica e contra os poderes que não podem ser afrontados.

Estes são os nossos problemas à espera de solução, mas outros há mais graves por esse mundo fora, todos à espera de solução. Hoje acordei com um documentário sobre a faixa de Gaza, com os efeitos das bombas de fósforo em pessoas de carne e osso. Sabiam que o fósforo corrói a pele, os tecidos até chegar ao osso, até em ultima instancia o paciente ter que ser amputado. É cruel demais para ser verdade, mas é verdade. Quase tão cruel como dizer a uma família que se aloje numa só casa onde estarão a salvo, para depois os bombardear e dizimar todos. Menos cruel será construir muros e privar as pessoas do acesso à água, com racionamentos e preços incomportáveis. E lá estou eu a repetir-me, já falei do médio oriente tantas vezes. E são mais os poderes que não podem ser afrontados.

sábado, novembro 14, 2009

Invisible to all The mind becomes a wall

The wavelength gently grows
Coercive notions re-evolve
A universe is trapped inside a tear
it resonates the core
creates unnatural laws
replaces love and happiness with fear

how much deception can you take
how many lies will you create
how much longer until you break
your mind's about to fall




and they are breaking through
they are breaking through
they are breaking through
we are losing control
they are breaking through
they are breaking through
they are breaking through
now we are falling
we are losing control
Invisible to all
The mind becomes a wall
All of history deleted with one stroke

how much deception can you take
how many lies will you create
how much longer until you break
your mind's about to fall
and they are breaking through
they are breaking through
they are breaking through
now we are falling
we are losing control

MK Ultra
Muse "Resistance"
2009

segunda-feira, novembro 09, 2009

20 anos depois, outros muros

Muro construido pelos israelitas para separar localidades palestinianas dos colonatos, condenado pelo Tribunal de Haia

Muro que separa Ceuta de Marrocos, financiado pela UE

Muro na fronteira dos EUA com o México

Muro que separa a zona grega e a zona turca em Nicósia - Chipre


E estes são apenas quatro exemplos....




sexta-feira, novembro 06, 2009

Direitos que se perdem

Concretizou-se o que já aconteceu em França e que eu temia neste post. Sob a definição arbitrária de “pirata”, qualquer utilizador de Internet, poderá ver o seu direito de acesso à informação suspenso. Nem é necessária a intervenção de um juiz, isto é, não há sequer direito à presunção de inocência. O cidadão é dado como culpado, não se sabe muito bem baseado em quê e caso discorde, terá ele que recorrer a um juiz e provar a sua inocência.

Ainda bem que eu enumerei os direitos consagrados na Carta Europeia dos Direitos Humanos há dois atrás. Não preciso de me repetir para concluir que os direitos, liberdade e garantias só se concebem se não ameaçarem um qualquer lobbie económico. Quando o que está em jogo é o lucro da poderosa industria do audiovisual, o direito à presunção de inocência e à liberdade de informação são negados ao cidadão comum. Estamos a caminhar para a aniquilação de direitos conquistados duramente ao longo do século passado, serão reconquistados ou perdidos de vez? É esta geração conformista, consumista e mal informada que vai conquistar esses direitos? O futuro adivinha-se sombrio...

Nota lateral: Tenho que destacar o que escrevi no referido post, porque resume muito bem esta questão e continua a fazer todo o sentido:

Podemos questionar se a partilha de conteúdos é de facto crime. Podemos perguntar-nos se o acesso à informação e à cultura que a Internet proporciona, não trouxe uma mais valia cívica e um crescimento pessoal a cada indivíduo, que traz benefícios socioeconómicos. Não podemos porque isso não é medível. O que é medível é a capacidade de lobbie de uma poderosa indústria audiovisual, que perdeu o monopólio sobre autores e consumidores e das empresas de telecomunicações que explora os lucros que a primeira perdeu. Mas no final os criminosos são os consumidores, o elo mais fraco da cadeia...

quinta-feira, novembro 05, 2009

We're not droplets in the ocean

They'll laugh as they watch us fall
The lucky don't care at all
No chance for fate
It's unnatural selection
I want the truth

I am hungry for some unrest
I want to push this beyond a peaceful protest
I wanna speak in a language that they'll understand

Dedication, to a new age
Is this the end of destruction and rampage?
Another chance to erase then repeat it again

Counter balance this commotion
We're not droplets in the ocean

They'll laugh as they watch us fall
The lucky don't care at all
No chance for fate
It's unnatural selection
I want the truth

No religion or mind virus'
Is there a hope that the facts will ever find us
Just make sure that your are looking out for number 1

I am hungry for an unrest
Lets push this beyond a peaceful protest
I wanna speak in a language that you will understand


Counter balance this commotion
We're not droplets in the ocean


They'll laugh as they watch us crawl
The lucky don't share at all
No hope for fate, its a random chance selection
I want the truth




Try to ride out the storm
Whilst they'll make you believe,
That they are the special ones, (we have not been chosen)

Injustice is the norm
You won't be the first and you know you won't be the last

Counter balance this commotion
We're not droplets in the ocean

They'll laugh as they watch us fall
The lucky don't care at all
No chance for fate
It's unnatural selection
I want the truth, I want the truth
I want the truth, I want the truth


"Unnatural Selection"

Muse "Resistance"

2009

segunda-feira, novembro 02, 2009

O preço do Tratado de Lisboa

DIGNIDADE

Artigo 1º
Dignidade do ser humano A dignidade do ser humano é inviolável. Deve ser respeitada e protegida.
Artigo 2º
Direito à vida
1. Todas as pessoas têm direito à vida.
2. Ninguém pode ser condenado à pena de morte, nem executado.
Artigo 3º Direito à integridade do ser humano 1. Todas as pessoas têm direito ao respeito pela sua integridade física e mental.
Artigo 4º Proibição da tortura e dos tratos ou penas desumanos ou degradantes
Artigo 5º Proibição da escravidão e do trabalho forçado

LIBERDADES
Artigo 6º Direito à liberdade e à segurança
Artigo 7º Respeito pela vida privada e familiar
Artigo 8º Protecção de dados pessoais
Artigo 9º
Direito de contrair casamento e de constituir família
Artigo 10º Liberdade de pensamento, de consciência e de religião

Ler o resto da Carta Europeia dos Direitos do Homem aqui.

Foram estes os princípios que foram vendidos para que Reino Unido, Polónia e Republica Checa possam assinar o Tratado de Lisboa. Estamos oficialmente numa Europa, em que três países não são obrigados a respeitar os direitos universais, liberdades e garantias mais elementares. Espero que percebam porque é que ainda não saiu da barra lateral deste blog, a imagem “Não gosto da vossa Europa”. Pela mão de Durão Barroso, esta Europa é cada vez menos a Europa dos cidadãos e dos direitos humanos. Algo me diz que não vou alterar a barra lateral tão cedo...