sábado, setembro 30, 2006

O fenómeno blogosférico e a cultura da participação

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Deparei-me com um artigo muito interessante sobre a blogosfera e a chamada cultura de participação, no site da revista “The economist”, que eu enquanto “blogger de vão de escada” não posso deixar de comentar. O artigo chama a atenção para o facto de estar a surgir uma nova cultura dos média, em que as pessoas não se limitam a ser consumidores passivos de informação, mas são também elas parte activa desse processo, enquanto produtoras de conteúdos.

O lado mais interessante desta cultura de participação, é que se esbatem as fronteiras entre os criadores e as audiências, isto é, nos blogs geram-se verdadeiras conversas entre aqueles que antes eram uma vasta audiência sem voz. Estas mudanças são uma nova forma de discussão pública. Claro que no artigo também são citados, os que criticam o fenómeno blogosférico, dizendo coisas como:

“Self-publishing by someone of average talent is not very interesting. Talent is the new limited resource.” E aquele senhor, nem veio ao meu blog, para afirmar uma coisa dessas… As pessoas vulgares de talento mediano têm tanto direito a publicar, como os jornalistas/cronistas dos média de grande circulação, tantos deles com um talento igualmente mediano…
Mas isto é, um bom artigo e por isso também tem a opinião de um defensor dos bloggers, com o qual eu não posso deixar de concordar:

«Look around and there's tons of great stuff from rank amateurs. Diller is assuming that there's a finite amount of talent and that he can corner it. He's completely wrong.” Not everything in the “blogosphere” is poetry, not every audio “podcast” is a symphony, not every video “vlog” would do well at Sundance, and not every entry on Wikipedia, the free and collaborative online encyclopedia, is 100% correct, concedes Mr Michalski. But exactly the same could be said about newspapers, radio, television and the Encyclopaedia Britannica.»

Nem tudo o que existe na blogosfera tem qualidade literária ou artística, mas o que é interessante é a forma como cidadão comum tem o seu próprio espaço de criatividade e de manifestação da sua individualidade. Pode decidir por si próprio o que é interessante e o que não é, criando a sua própria agenda editorial. O facto de eu ter um blog, dá-me o direito de dizer: Porque é que eu hei-de falar da OPA e do SNS, se me apetece falar de testemunhas de Jeová e da cultura de participação?

E o que dizer da forma como as caixas de comentários dos blogs, exercitam o espírito crítico e a capacidade de argumentação? É um potencial cívico e democrático, que sem dúvida assusta os meios de comunicação de massas que receiam perder a hegemonia enquanto opinion makers. Quem não se lembra da voz irada de Pacheco Pereira, contra essa ideia que qualquer um pode ter um blog?

quinta-feira, setembro 28, 2006

«Isto não é para desperdiçar!!!»

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Estava eu um belo dia, na tranquilidade do meu lar, a gozar da privacidade que eu tanto prezo, quando ouço tocar a campainha. Não me perguntem porque é que eu resolvi abrir a porta a um casal de idosos que não conhecia de lado nenhum, que isto já foi há uns anos... provavelmente numa altura, em que eu ingenuamente ainda acreditava que os seres humanos eram seres bondosos e desinteressados. Seja como for, assim que eu abro a porta, a senhora diz:

- Boa tarde, menina, viemos dar-lhe este livrinho, para ficar a conhecer o nosso Deus, o único efectivamente misericordioso! Aceite lá!

- Eu estou perfeitamente satisfeita com a minha espiritualidade, muito obrigada – disse eu, enquanto a senhora estendia o livro na minha direcção.

E neste momento, eu devo ter dado aos senhores, um certo olhar fulminante que dizem que eu tenho, baptizado de “olhar mete nojo” por uma amiga minha e aprovado por unanimidade pelos amigos presentes, que já testemunharam a dita expressão. Digo isto, porque ainda, eu não tinha aceite o dito livrinho, já o senhor idoso exclamava:
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- DÊ CÁ ISSO, QUE ISTO NÃO É PARA DESPERDIÇAR!!
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E fugiram apressadamente...
Ora querem ver que eu não tenho o perfil para uma testemunha de Jeová, sou tão inconvertível que não se vai desperdiçar um daqueles livrinhos que eles trazem às dezenas!?
Se eu visse aqueles bonequinhos tipo banda-desenhada que estão nos ditos livrinhos, com aquelas carinhas sorridentes, eu podia bem ver o caminho da Luz...
E mais, eu podia até ser uma testemunha de Jeová tão competente, que conseguisse angariar dezenas de novos crentes, o que eles perderam só porque o livrinho não é para desperdiçar...
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A verdade é que depois deste episódio, nenhuma testemunha de Jeová me voltou a tocar à campainha, ou melhor, eu não voltei a ser abordada por qualquer “angariador de crentes”. Chegam a passar por mim, Hélderes, e nem me dirigem a palavra! No outro dia, umas senhoras de meia-idade de crucifixo ao peito e de livrinhos coloridos debaixo do braço, passaram para o outro lado da rua, só para não se cruzarem comigo...
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A única explicação que eu encontro, é que deve existir, algures uma base de dados, partilhada pelas várias seitas, onde eu estou devidamente registada. Ao lado da minha foto e da minha morada, deve estar uma nota:
«Atenção apesar do ar angélico e incauto desta jovem, quem duvidar que ela não esta satisfeita com a sua espiritualidade, é automaticamente fulminado. E ao que parece ela frequenta o blog, de um tipo que é o mestre do mal e que até tem sequazes».
E em rodapé, deve passar a seguinte mensagem:
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“NÃO DESPERDIÇAR DOCUMENTAÇÃO RELIGIOSA COM ESTA FULANA!!”
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PS: Este post é para a minha amiga Rainny Days, ter alguma coisa com que se identificar comigo, já que a minha noção de arte lhe dá dor de cabeça e os meus posts de esquerda provavelmente também... E para o Max, excelentíssimo patrono do meu blog, que me disse uma vez, que esta história, dava um bom post!

terça-feira, setembro 26, 2006

A Tentação de Santo Antão

st.
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(painel central)
Hieronymus Bosch
Museu Nacional de Arte Antiga
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segunda-feira, setembro 25, 2006

"Sobre o Poema"

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Um poema cresce inseguramente
na confusão da carne,
sobe ainda sem palavras,
só ferocidade e gosto,
talvez como sangueou sombra de sangue pelos canais do ser.

Fora existe o mundo.
Fora, a esplêndida violência
ou os bagos de uva de onde nascem
as raízes minúsculas do sol.
Fora, os corpos genuínos e inalteráveis
do nosso amor,
os rios, a grande paz exterior das coisas,
as folhas dormindo o silêncio,
as sementes à beira do vento,
— a hora teatral da posse.
E o poema cresce tomando tudo em seu regaço.



E já nenhum poder destrói o poema.
Insustentável, único,
invade as órbitas,
a face amorfa das paredes,
a miséria dos minutos,
a força sustida das coisas,
a redonda e livre harmonia do mundo.

— Embaixo o instrumento perplexo ignora
a espinha do mistério.

— E o poema faz-se contra o tempo e a carne.

Herberto Helder

sábado, setembro 23, 2006

Socialismo para o séc.XXI? Um lugar no Conselho de Segurança da ONU?

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[Aviso prévio: Ao que parece ao longo desta semana, o meu espírito de síntese foi-se e adquiri o estranho hábito de colocar citações a fundamentar o que digo, logo este post está enorme e não me apetece cortar partes. Podem saltar as citações, se forem assim pró-preguiçoso…se saltarem o post todo, eu também percebo]

Agora que já tenho tempo suficiente para o blog, o que se me apraz fazer é falar do homem que deixou a Assembleia da ONU a rir. Temas e personalidades mais interessantes haveria, mas este senhor é o único carinhosamente chamado de “Clown President” na imprensa norte-americana. É o senhor que canta em programas de televisão, aliás tem um programa só para ele, em que troca impressões via satélite com Fidel Castro e outros presidentes sul-americanos (ver o inicio deste artigo)

Exuberância, show mediático, enfim… olha-se para ele e a palavra POPULISMO, ocorre imediatamente. Eu não gosto do estilo, nem com livro de Noam Chomsky na mão, mas o povo venezuelano pelos vistos gosta. Vamos dar-lhe o benefício da dúvida (pausa para reparem na minha capacidade de autoquestionamento). Porquê a adesão popular? Porque é que quando se fala de Hugo Chávez, este é por muitos associado ao socialismo para o séc. XXI?

Será que é pelo discurso contra a hegemonia americana, proclamando o multilateralismo e a defesa da anti-globalização? E a nível interno? Há uma política de incentivo à participação cívica local, tratam-se de medidas para fomentar a desburocratização pela criação dos “conselhos comunais”. Desculpem a longa citação, mas é para ajudar a perceber as medidas a que me refiro:
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“O povo organizado deve fazer parte do novo Estado, participativo, social, de tal forma que este velho Estado paralisado, burocrático, ineficaz, seja totalmente derrubado”, explicava Chávez em 2004. Na época, ele evocava, principalmente, as “missões”, esses programas administrados pela “comunidade”, que ladeavam o “velho Estado” para atender à urgência social. A recente criação dos “conselhos comunais” [6], em 10 de abril de 2006, representa uma nova etapa importante rumo à construção deste “novo Estado” e das formas de governo local nas quais ele repousará.
“As pessoas começam fazendo um “croqui social” da comunidade: as casas, os habitantes, as rendas, mas também os problemas de infra-estrutura, os problemas sociais, etc.”. Esse trabalho permite elaborar, em conjunto, o “diagnóstico participativo” e estabelecer prioridades: abastecimento de água, evacuação dos esgotos, criação de um centro de tratamento, etc
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Tem como inimigos a administração Bush e a chamada “sociedade civil venezuelana” ou «société civile, en gommant cyniquement la majorité, les quatre protagonistes - Fedecámaras, CTV, Eglise, classes moyennes -, auxquels se joignent les médias, reconvertis en parti politique, cherchent à créer artificiellement une situation d’ingouvernabilité». Convenhamos que se esta malta não gosta dele, isso só abona a seu favor.... E finalmente, parece que nacionalizou a industria petrolífera - Petroleós de Venezuela SA (PDVSA), o que chateou bastante os lobbies economicos lá do sítio...

Mas existem aspectos que na minha opinião, afastam Chávez do que seria desejável para o socialismo do século XXI. Refiro-me ao populismo e mediatismo, já falei do show televisivo, mas ao acima referido devo acrescentar a sua estratégia eleitoral. Reparem como se associa uma crença popular tradicional (a batalha de Santa Inês) à necessidade de votar Chávez:
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Às três horas da manhã, como sugeriram os dirigentes da campanha a favor do chefe do Estado, ecoa pelas muitas colinas ocupadas por favelas uma melodia tocada por clarim, “Diana”. Foguetes ecoam por todo lado, provocando um alarido formidável ao qual se misturam os gritos de “Uh! Ah! Chávez no se va!”, os latidos dos cachorros e outros ruídos dos barrios1 .A ofensiva final da “Batalha de Santa Inês ” está lançada.

Outro factor pouco abonatório: o último grande amigo de Chávez é Mahmoud Ahmadinejad!!

Le Venezuela et l'Iran ont annoncé le renforcement de leurs liens économiques et stratégiques lors de la visite du président iranien, Mahmoud Ahmadinejad, à Caracas, dimanche 17 septembre.

"Last but not least", o conceito de diplomacia do líder venezuelo, parece ser com petróleo se compra um lugar no conselho de segurança da ONU:

«A diplomacia pessoal de Hugo Chávez, que sempre leva no bolso seu talão de cheques petroleiro, vem obtendo resultados positivos. Desde já, o presidente venezuelano garantiu para o seu país o apoio de dois membros permanentes do Conselho de Segurança, a China e a Rússia. Caracas comprometeu-se a vender 500.000 barris de petróleo por dia ao gigante chinês daqui a 2010 (contra 150.000 barris atualmente). Por sua vez, Pequim prometeu investir cerca de US$ 5 bilhões (R$ 10,79 bilhões) no setor petroleiro venezuelano.
Na Síria, Chávez anunciou a construção iminente de uma refinaria de uma capacidade de 200.000 barris por dia. Um acordo energético também foi assinado com Luanda, "que permitirá à Angola de se liberar da dominação das companhias petroleiras ocidentais", precisou o governo venezuelano. No decorrer dos últimos 15 meses, Caracas estabeleceu relações diplomáticas com onze países africanos.»

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Não me parece uma estratégia diplomática, que eu queira ver no socialismo para o século XXI... Eu sei que disse "last", e apesar de não ter a ver com socialismo, não deixa de ser curioso que numa conferência de imprensa, o líder venezuelano tenha lamentado a morte de Noam Chomsky. Mas ao que parece, Chomsky não faleceu. Antes de citar um autor e dá-lo como morto, certifique-se que ele morreu efectivamente!! Assim o pessoal até fica a pensar que Hugo Chávez não leu o livro... **

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Em suma, não é este socialismo que eu quero para o séc. XXI... Mas também não posso terminar o post, sem falar da eventual presença da Venezuela no Conselho de Segurança da ONU.

Mais que tecer juízos de valor, apetece-me perguntar, como irão pesar os aspectos acima referidos, na altura de escolher um representante para o Conselho de segurança da ONU? Será que os dirigentes que não partilham nem as convicções revolucionárias de Hugo Chávez, nem o seu discurso bélico votarão nele, de modo a estabelecer um contrapeso em relação à potência americana no Conselho de Segurança? A verdade é que ao seu estilo provocador e mediático, Chávez vai dizendo o que muitos líderes mundiais pensam, mas têm medo de dizer…

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** Depois do post ter sido escrito e publicado, o leitor deuscronio chamou-me a atenção para a gravação da conferência de imprensa de Chávez, em que se pode ouvir, que Chávez não se referia à morte de Chomsky, mas a outro autor norte-americano. Peço desculpa pelo lapso, mas o que é certo, é que quer o New York Times, quer o Le Monde noticiam a gaffe de Chávez.

domingo, setembro 17, 2006

Avizinha-se uma semana complicada...

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Infelizmente, na próxima semana não vou poder dar ao blog, o tempo e atenção que ele merece. Por isso acho que é preferível, não postar nada até dia 23... Os meus querídissimos e excelsos leitores, certamente irão compreender. Eu vou estar literalmente assim:
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Até dia 23!!

sábado, setembro 16, 2006

Fala-se de liberdade de expressão, e eis, se não quando...

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Pacheco Pereira num artigo de opinião na revista Sábado, acusa a RTP de «radicalismo anti-americano» a propósito da exibição do documentário "Loose Change":

A passagem pela RTP de um filme intitulado ‘Loose Change’ sobre o 11 de Setembro é inaceitável no quadro deontológico de qualquer estação de informação”, escreve Pacheco Pereira na sua crónica publicada ontem na revista ‘Sábado’. No entanto, segundo Paquete de Oliveira, provedor do Telespectador da RTP, os consumidores do canal público não partilham desta opinião. Os pedidos de reposição são tantos que já está agendada uma nova transmissão do bloco de documentários sobre os atentados terroristas, em data a designar oportunamente.

O cronista acusa o canal de “radicalismo antiamericano” e classifica o filme como “um produto menor, de muito má qualidade, que circula na internet como um dos muitos exemplos das teorias conspirativas que consideram que o que aconteceu nos desvios de aviões e no derrube das torres de Nova Iorque foi uma operação cuidadosamente montada pelo Governo americano”.
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A minha questão é, devia a RTP ter privado os espectadores do visionamento deste documentário, ainda que possa ser um produto menor ou de má qualidade, porque se trata de radicalismo anti-americano? Não será o verdadeiro serviço público, mostrar aos espectadores as diferentes análises de uma mesma realidade, para que depois o cidadão possa formular a sua própria opinião? Recordo que a RTP passou uma série de documentários, nessa semana e viu-se de tudo, de todos os pontos de vista, desde o americanismo patriótico à exploração dos sentimentos das vítimas e seus familiares... Suponho que este tipo de documentários seja pró-americano, isto na lógica de Pacheco Pereira, sendo assim temos 7 ou 8 documentários pró-americanos e 1 anti-americano, logo a RTP é anti-americana!! Perfeitamente lógico...

quinta-feira, setembro 14, 2006

"Poema"

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Alguma coisa onde tu parada
fosses depois das lágrimas uma ilha
e eu chegasse para dizer-te adeus
de repente na curva duma estrada

alguma coisa onde a tua mão
escrevesse cartas para chover
e eu partisse a fumar
e o fumo fosse para se ler

alguma coisa onde tu ao norte
beijasses nos olhos os navios
e eu rasgasse o teu retrato
para vê-lo passar na direcção dos rios

alguma coisa onde tu corresses
numa rua com portas para o mar
e eu morresse
para ouvir-te sonhar

António José Forte
in Poemas de amor e abandono, Coimbra-Castelo Branco, Alma Azul, 2002, p. 55

terça-feira, setembro 12, 2006

Burocracia



Cartoon de Quino

segunda-feira, setembro 11, 2006

11 de Setembro


Hoje não quero tecer grandes considerações sobre o problema do terrorismo e as consequências do que aconteceu no dia 11 de Setembro de 2001. Só me apetece lamentar as mortes que ocorreram nesse dia e as mortes que continuam a ocorrer, em nome desse dia.

sábado, setembro 09, 2006

"Loose Change": um documentário para reflectir

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Ontem à noite, passou na RTP 2, o documentário Loose Change. Para quem não viu ou não conhece, trata-se de um documentário que alega que o 11 de Setembro não partiu de um ataque terrorista, mas sim do próprio governo dos EUA. O documentário coloca uma série de questões, sobre as quais vale a pena reflectir. Sem querer ser exaustiva, vou dar só alguns exemplos de questões levantadas no filme:

No caso do ataque ao Pentágono, alega-se que era impossível ter sido provocado pelo Voo 77, quer pelo tamanho do buraco no edifício, quer pela ausência de destroços do avião. As características da explosão e os testemunhos parecem demonstrar que a explosão foi provocada por um míssil ou por um pequeno avião militar.

Relativamente às torres do World Trade Center, apresentam-se testemunhos e imagens que pretendem mostrar que as torres desmoronaram não pelo impacto dos aviões, mas por explosivos detonados dentro dos edifícios.

O voo 93 teria aterrado em segurança no aeroporto de Cleveland, uma vez que não há destroços do avião em Shanksville. Quanto às chamadas de telemóvel, teriam sido simuladas porque em 2001 era tecnicamente impossível efectuar chamadas de voos da American Airlines.

E perguntam vocês, tudo isto porquê? O filme mostra quem ganhou muito dinheiro com o 11 de Setembro, desde o dono do WTC, Larry Silverstein, que convenientemente fez uma apólice de seguro que contempla ataques terroristas, no valor de 7 biliões de dólares, às entidades/empresas privadas cujos processos de investigação criminal estavam num dos edifícios destruídos nos ataques.
Por fim, a cereja no topo do bolo, o realizador denuncia a forma como o 11 de Setembro se encaixa perfeitamente no Project for the New American Century, com citações do manifesto, Rebuilding America's Defenses, uma pérola neo-conservadora, da autoria de Dick Cheney, Donald Rumsfeld, Jeb Bush, Paul Wolfowitz, e John R. Bolton. O grande argumento é que o 11 de Setembro foi o pretexto para concretizar o manifesto, nomeadamente a actuação militar no médio-oriente e controlo estratégico das reservas de petróleo do golfo pérsico.

O filme pode ser visto aqui e se quiserem saber mais, há um artigo na wikipédia sobre o assunto. Para terminar, não posso deixar de dizer que de vez em quando, até se faz serviço público. Apelar ao exercício da massa cinzenta é serviço público! Independentemente do documentário corresponder ou não à verdade, coloca as pessoas a pensarem criticamente e a verem a realidade de uma perspectiva diferente.

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quinta-feira, setembro 07, 2006

Da bronca do PCP com as FARC às microcausas

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Ao que parece vários blogs juntaram-se em torno da causa aqueles-sacanas-do-PCP-convidaram-as- FARC-para-a-festa-do avante-era-apanhá-los-a-todos. É bonito ver blogs ideologicamente ligados ao PS na mesma causa de blogs de extrema-direita. Momento enternecedor (pausa para lágrima...). Até a comunicação social destaca esta questão e refere o nome dos blogs em causa. Não deixa de ser curioso, que com tantas questões tratadas por vários blogs em simultâneo, é o ataque ao PCP que merece destaque nos jornais...
Atenção que eu não defendo o PCP nem a sua conivência com as FARC, se há movimento terrorista que eu abomino particularmente é esse, sobretudo por causa da Ingrid Bettencourt, que é uma figura política que eu admiro imenso. Por isso utilizo o termo bronca no título deste post e condeno vivamente a presença das FARC e a posição do PCP. O que eu questiono é o porquê do envolvimento em torno da questão vamos-todos-bater-no-PCP e não em torno de outras causas tão pertinentes como a luta contra o desemprego, contra a pena de morte, a favor da Amnistia Internacional ou da questão do Darfur, ou da extinção do lince da serra da Malcata e por aí fora...
A união dos vários blogs na crítica ao PCP, originou um debate muito interessante no blog Armadilha para ursos conformistas, em torno da questão das causas, e como a imagem sugere, vale a pena ler aqui.
E já que estamos a falar de microcausas, eu lembrei-me das seguintes (uma vez que as que eu já referi, não considero micro... bem, talvez a do lince... seja mais pró-micro que as outras). Como tal, neste blog, consideram-se microcausas a abraçar:
Defesa dos pequenos-blogs-esquecidos e ostracizados-que-têm-menos-de-15 leitores/ dia-isto-num-dia-bom
Campanha a favor dos trabalhadores precários-que-têm-que-levar-com-tudo-o-que-os-que-ganham-o-dobro-deles-e-nunca-vão-ter-que- trabalhar-a-recibo-verde-não-querem-fazer

Haverá mais, mas agora não me ocorre nenhuma... Vou deixar este post em aberto e vou acrescentando microcausas à medida que elas surjam nesta cabecinha iluminada...

Ah e já agora, não tentem fazer o jantar e escrever um post ao mesmo tempo, quem sai prejudicado é quem vai comer o jantar que fica intragável (no caso, eu...)

"When the Levees Broke"

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«No ano passado, o Festival de Veneza assistiu pela televisão à tragédia do furacão Katrina em Nova Orleães. Um ano depois, o Festival de Veneza viu, na secção paralela Horizonte, When The Levees Broke, o enorme (mais de quatro horas) documentário de Spike Lee sobre o Katrina e os seus efeitos em Nova Orleães, produzido pelo canal de televisão HBO.
(…) Spike Lee declarou, na antestreia do filme nos EUA, há poucos dias, que "o Katrina marcou para sempre a história dos EUA. Quis fazer qualquer coisa: dar voz a quem o viveu e ainda o vive, na própria pele, todos os dias. Não creio que o documentário seja classificável como um filme simplesmente político, acho acima de tudo que é um filme necessário". É certo que Lee não resiste aqui e ali a jogar a cartada racial, sobretudo quando dá voz a alguns habitantes negros de Nova Orleães que estão convencidos de que os diques foram dinamitados de propósito por "especuladores de terrenos" brancos, mas esta é apenas uma gota no oceano de depoimentos contidos em When the Levees Broke, que nunca desliza para o panfleto primário e imediato.
(…) Desta massa de depoimentos de cidadãos anónimos, figuras públicas, políticos e peritos, acaba por surgir um retrato claro, detalhado e impressionante de uma tremenda catástrofe natural que foi ajudada e agravada por uma sucessão de falhas, erros, descoordenações, burocracias, politiquices, incompetências e negligências. Começaram com as deficiências na construção dos diques que deviam proteger a cidade, erguidos por engenheiros do Exército dos EUA, e foram por aí acima, até à desastrada actuação da Administração do insondavelmente asinino George W. Bush, passando pelo descontrolo do presidente da câmara e do chefe de polícia de Nova Orleães, ambos negros e ferozmente criticados de todas as direcções, e pela criminosamente ineficaz Protecção Civil, liderada por um amigo do presidente especializado na "organização de eventos" e em cavalos árabes, em vez de catástrofes.
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In http://dn.sapo.pt/2006/09/02/artes/o_longo_lamento_spike_por_nova_orlea.html
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Fico ansiosamente à espera deste documentário de Spike Lee. Lendo a crítica parece-me que vale a pena ver...

quarta-feira, setembro 06, 2006

30 anos depois, um português ganha uma etapa na Vuelta

«Sérgio Paulinho obteve ontem o segundo êxito mais importante da sua carreira, depois da medalha de prata na prova de estrada nos Jogos Olímpicos de Atenas'2004: a vitória na décima etapa da Volta a Espanha. Um resultado que lhe possibilitou a subida de oito lugares, encontrando-se no 10.º lugar da geral.

O vice-campeão olímpico sucede a Joaquim Agostinho - que obteve três triunfos (dois em 1974 e um em 1976) - em vitórias portuguesas em etapas da Vuelta, registando-se ainda êxitos de João Lourenço (1946), de João Rebelo (1945), de Alves Barbosa (1961) e de José Sousa Cardoso (1959). »
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in http://dn.sapo.pt/2006/09/06/desporto/sergio_paulinho_vence_e_entra_top_te.html




terça-feira, setembro 05, 2006

domingo, setembro 03, 2006

Criacionismo e incentivo à ignorância

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Folgo em saber que a Igreja Católica discute a questão do criacionismo. Questão altamente pertinente! De facto, a paz, a fome no mundo, a solidariedade, o amor ao próximo são questões meramente secundárias. Discutir a contracepção, a posição das mulheres, a homossexualidade, enfim demonstrar um certo espírito de abertura, era pedir demais... O importante é chamar mentiroso ao Sr. Darwin, questionar o progresso científico e estupidificar os poucos crentes que ainda frequentam a igreja. Realmente, porquê falar de progresso e do séc. XXI, quando a idade média foi uma época tão bonita. Aquelas missas em latim... qual obscurantismo! Olha que bela ideia para um próximo concílio, o regresso da missa em latim...
Já estou a ver os papás católicos portugueses a exigirem que se retire o evolucionismo dos currículos das escolas, ou então não... Se calhar vão fazer, o que têm feito em relação à contracepção...
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P.S: A propósito desta questão, não podia deixar de colocar aqui este vídeo do Ricky Gervais... está demais!

Ricky - The Bible (animals)

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sábado, setembro 02, 2006

Fim de férias

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Não me apetecia voltar. Que bom foi estar uma semana sem saber de nada. As únicas coisas que existiam eram as dunas, o cheiro da vegetação, o sol, a praia e o mar. Depois era ficar ali a sentir o sol, a ouvir as ondas, como se naquele momento não existisse mais nada… desses dias deliciosos, só ficaram mesmo as fotografias. Deixem-me continuar a saboreá-las, deixem-me continuar nesta preguiça de fim de férias, naquele vazio de espírito… Não me peçam para reflectir, para criticar, nem para me informar, não me apetece… Talvez amanhã… até lá, fico a olhar melancolicamente para as fotografias que partilho convosco…

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Almograve, Costa Alentejana