terça-feira, novembro 29, 2011

Confirma-se o pior...



Já escrevi neste blog um texto que falava numa estratégia de eliminação dos pobres e dos doentes. Quem leu achou exagerado... Recordo as minhas palavras há dois meses atrás:


Nestas alturas queria não ter tido razão. Espero que agora as pessoas percebam porque se devem empenhar em lutar contra estas políticas. Antes que morram mais crianças inocentes...

segunda-feira, novembro 28, 2011

Modelo social? Qual modelo social?

Se alguém ainda acreditava nas boas intenções do governo, no que diz respeito ao estado social, pode desenganar-se. O próprio Passos Coelho é claro, não temos capacidade económica para sustentar este modelo social. Haverá dinheiro para resgatar a Banca, haverá dinheiro para as parcerias público-privadas, haverá dinheiro para o BPN, para a Madeira, para a venda de património e empresas públicas, mas não há dinheiro para prestações e apoios sociais aos mais pobres e aos desempregados. Não há dinheiro para a saúde, entreguem-se hospitais às misericórdias, porque para as parcerias ruinosas com o grupo Mello, com os chamados hospitais empresas, há dinheiro.



É questão para perguntar, para quê pagar impostos e pagar cada vez mais impostos, se o estado se demite da sua função social e do apoio ao cidadão, nos seus momentos mais difíceis, a doença, a pobreza e o desemprego? A solução do Primeiro-Ministro é entregar este fardo desagradável a instituições privadas, às quais o cidadão terá de pedinchar uma caridadezinha. Não se trata de uma contrapartida social ao cidadão que descontou a vida inteira, não isso seria demasiado digno. A contrapartida do Estado para com o cidadão, passa pelo apoio social e pelo esforço da inclusão. O ideal é que o pobre se humilhe, afinal não teve mérito para ser rico, agora que viva da caridade alheia. Ainda bem que existem ricos com consciência social, já que o Estado não tem. Não tem... para algumas coisas, porque para disponibilizar 50 milhões a estas instituições privadas e caridosas, o dinheiro existe. Seria ridículo investi-lo directamente no apoio às pessoas e na criação de emprego. Pode-se questionar a quantas pessoas chega este dinheiro, antes de efectivamente chegar a quem precisa. Que critérios de atribuição de ajuda? Pode-se questionar porque é que nenhum dos representantes da caridade privada, veio condenar políticas que atiram as pessoas para a miséria? Todo um fim-de-semana dedicado ao Banco alimentar e à sua nobre actividade e nem uma crítica da sua digna representante aos cortes salariais, ao desemprego, ao aumento dos impostos que fazem engrossar as fileiras dos que recorrem ao Banco alimentar, em situações evitáveis? Só interessa impressionar os que ainda, vão tendo para dar e que vislumbram aí o seu futuro e portanto são muito solidários? Por muito mérito que estas instituições tenham na luta contra a carência extrema, nunca poderão substituir o Estado. Há todo um papel de reinserção social e inclusão que ultrapassa a caridadezinha. É aí que entra o nosso modelo social que Passos Coelho quer agora extinguir...

sábado, novembro 26, 2011

Haverá esperança?

A greve de dia 24 de Novembro, ao contrário do que diz o governo, teve uma larga adesão. A maior de sempre, mesmo tendo em conta os milhares de pessoas que não podem prescindir de um dia de salário e os que são ameaçados de despedimento. Mais do que ficar em casa, as pessoas expressaram a sua indignação também na rua. Mesmo sem transportes foram milhares, sindicalizados e não sindicalizados, professores e estudantes, precários, funcionários do público e do privado, todos os unidos, todos indignados. Foi tal a expressão da manifestação que o governo se viu obrigado a tentar sabotá-la e dar-lhe a carga pejorativa que não tinha. Os manifestantes foram seguidos por polícias largamente armados, viram infiltrados entre as suas fileiras, agentes provocadores que agrediram civis inocentes. E na Assembleia da República, que é afinal a também a sua casa, foram impedidos de aceder à escadaria por um esmagador número de polícia de choque que fez questão de distribuir bastonadas sobre aqueles que queriam usar escadaria para a Assembleia popular. Recordo que isso aconteceu no dia 15 de Outubro sem qualquer problema. Claro que foi o suficiente para as televisões falarem em incidentes graves e o governo conseguir a conotação negativa que pretendia. Parece que tentar ocupar a escadaria da casa da democracia, é um crime grave... Ao contrário de desviar milhares de euros, não me consta que o Dias Loureiro, o Duarte Lima ou o Oliveira e Costa tivessem levado bastonadas! Felizmente surgiu um vídeo amador que mostra os tais agentes infiltrados a pontapear um manifestante, ficando claro quem foram os sabotadores e os protagonistas de incidentes graves. Entretanto espero que os persistem em ficar fora desta luta pela democracia e pelo direito à sobrevivência digna, mudem de posição. Deixo-lhes a pergunta, porque será que o governo mostra um ligeiro recuo (e sublinho ligeiro) no corte dos patamares salariais e no IVA das actividades culturais? De repente apareceram almofadas ou alguma pressão da greve e da manifestação? E se tivéssemos sido mais?


quarta-feira, novembro 23, 2011

"Vim por ti. Venho por mim. Vens connosco?"


Foto de Ricardo Alves

Calar ou protestar?



 Amanhã é dia de greve geral e manifestação em frente à Assembleia da República. Não se pode questionar os motivos que levam à greve, nunca foram tantos e tão gravosos. Pode questionar-se se a greve é de facto o meio de luta mais eficaz, apesar de eu achar que se deviam pensar em novas estratégias de contestação, elas ainda não foram definidas. Portanto sobra a greve e a manifestação, são as únicas armas que o cidadão comum que não é dono de um banco ou de uma grande empresa, tem ao seu dispor. A alternativa é não fazer nada, deixar tudo como está, o que tem acontecido nos últimos anos e que nos conduziu à situação dramática de hoje. Para quem diz não adianta nada, faça o favor de olhar em redor e ver as consequências da passividade pós 25 de Abril. Se alguém tem dúvidas acerca do ponto a que se chegou, basta ver este vídeo e os indicadores de desigualdade que colocam Portugal na pior posição possível. E isto foi antes de Passos Coelho. Não é díficil imaginar o depois. Familias empobrecidas, a perder a casa, o emprego, a não conseguir fazer face à subida dos preços e dos impostos, a ver escolas e hospitais a fechar, assim como outros serviços públicos fundamentais. Dizem-nos que o dinheiro não chega, mas chegou para o BPN, chegou para engordar Oliveiras e Costa, Dias Loureiro e Duartes Lima. Há dinheiro para a Banca apresentar lucros milionários, assim como as maiores empresas do mercado. Até produzimos riqueza suficiente para 18 milhões de euros por semana sairem para offshores. Há dinheiro para reformas douradas, subvenções vitalícias e salários milionários. As 28 maiores empresas portuguesas, que enriquecem com o nosso trabalho e com o que consumimos, nem sequer têm domicilio fiscal em Portugal. Enquanto uns são sobrecarregados de impostos, roubados nos seus salários e pensões, outros descontam zero. Não há dinheiro? Porque a maioria da população entre reformas de miséria e salário mínimo, não traz para casa nem 500 euros, está a viver acima das suas possibilidades? Chega de insultos e enganos. Ninguém tem dúvidas do dramatismo da situação. Falta é ter consciência que a nossa resignação, determinará a miséria do nosso futuro e o dos nossos filhos. Lutamos contra uma elite que nos quer pobres, rendidos e escravizados, que querer absorver a riqueza e o poder. Manipula o governo e mistura-se com ele, nunca será chamada a fazer sacrificios porque ameaça levar o dinheiro para fora do país. Só no dia em que o cidadão mostrar que também faz parte da equação, será ouvido e respeitado. Se não fizer parte da equação, será tratado como lixo, há que ter consciência disso. Amanhã é a nossa oportunidade, desperdiçá-la será um erro.

PS. Uma nota final para os que se julgam invulneráveis porque ainda têm um bom emprego, porque trabalham numa boa empresa. Pensem no que acontecerá à empresa quando os clientes não puderem pagar. Os que são funcionarios publicos, mesmo sem dois salarios, acham-se invulneraveis porque ainda têm emprego. Pensem no que lhes acontecerá com um governo que não acredita em serviços publicos e que tem ordem da Troika para despedir? E os comerciantes e pequenos empresarios, donos de cafés e restaurantes, o que acontecerá quando os clientes não tiverem dinheiro para consumir. Neste país não há cidadãos trabalhadores invulneráveis.

segunda-feira, novembro 14, 2011

O fim dos políticos: a democracia vendida aos “tecnocratas”

Nos últimos anos, temos verificado que a democracia já não faz jus ao nome, “poder do povo” é coisa de outros tempos. O que tem acontecido é que os políticos têm vendido a ideologia e os próprios programas políticos ao poder económico. Anos e anos de políticas contra os cidadãos e para favorecer uma elite económica, não poderiam ficar sem consequência. A elite acumulou poder ao ponto de já não precisar dos políticos, o poder económico tomou a democracia. Os cidadãos, afectados por uma eficaz campanha de desinformação (protagonizada pela cúmplice comunicação social) durante algum tempo apanharam as migalhas que sobraram e portanto calaram e consentiram. Agora tudo se faz às claras, já não são necessários referendos, nem eleições. Veja-se o caso da Grécia, Papandreou foi forçado a recuar na ideia de fazer um referendo e posteriormente obrigado a demitir-se, foi substituído por um economista em quem os mercados confiam. Veja-se a Itália, Berlusconi é forçado à demissão e é substituído por um tecnocrata, e aqui a palavra é dita às claras, o povo nem é chamado a escolher o seu governante. É curioso que nem casos de corrupção escandalosos, utilização da imunidade politica como fuga à justiça, abuso de poder, escândalos sexuais inclusivamente com menores, discursos racistas, sexistas e altamente discriminatórios (e outras condutas altamente anti-democráticos) fizeram cair Berlusconi, mas bastou a necessidade de agradar aos mercados para o afastar.

Em Espanha e no nosso país, foi a interferência dos mercados e a dureza dos pacotes de austeridade que levou à queda dos governos de Zapatero e Sócrates. Assim se explica que o governo de Passos Coelho, tenha o seu tecnocrata, Vítor Gaspar, ao serviço dos mercados e da ideologia que os sustenta. Por isso temos um orçamento de Estado criminoso, de uma insensibilidade social atroz que para além de atirar milhares de pessoas para a miséria, elimina o Estado social e os serviços públicos como os conhecemos. Mais grave que isso, compromete qualquer possibilidade de recuperação no futuro, porque arruína qualquer hipótese de crescimento económico e dá de bandeja os poucos meios de controlo da economia de que o Estado ainda dispõe. Conclui o processo de venda da democracia que temos vindo a assistir. Acabou o tempo dos políticos e iniciou-se a era dos tecnocratas. A alta finança ditará a lei daqui em diante, sobreviverá o cidadão que tenha muito dinheiro para comprar os bens e serviços essenciais, os restantes serão subjugados a troco de um prato de comida. Exagero? Antes fosse… a única esperança que resta, é que os cidadãos tomem consciência do que está a acontecer e resgatem a democracia, devolvendo-a à pureza dos seus princípios, elegendo representantes que a alta finança não consiga comprar. Será um processo duro, senão mesmo impossível e julgo que não será iniciado enquanto os cidadãos se contentarem com as míseras migalhas que o poder económico deixa. O que me faz pensar que algo poderá mudar, é que depois deste orçamento, não haverá migalhas para ninguém…

quarta-feira, novembro 02, 2011

Se a única coisa que consegue fazer é empobrecer o país, saia da nossa zona de conforto

Não bastam as medidas assassinas do Orçamento de Estado para 2012, que são a sentença de morte dos direitos conquistados pelos portugueses no 25 de Abril, temos ainda que ouvir as declarações ignobeis do Primeiro-Ministro e do Secretário de Estado da Juventude. Diz o Sr. Primeiro-Ministro com todas as letras, para que ninguém tenha dúvidas, que só vamos sair da crise empobrecendo. Curioso… tinha ideia que a função dos governos era desenvolver o país e fomentar o crescimento económico. Empobrecer é muito fácil, qualquer idiota consegue, basta eliminar salarios, serviços públicos e despedir gente.

Ah pois, isso Passos Coelho sabe fazer. Que as medidas tomadas e a tomar vão empobrecer o país, já tinhamos percebido, o que não tinhamos percebido é que a personagem que nos governa, acha que as suas competências são essas. Como é que é possivel que um governante não saiba, que fomentando o crescimento economico, aumenta a receita e como tal diminui o defice, aumenta o PIB e assim a capacidade de pagar a dívida?? Devia ter colocado essa frase no programa eleitoral, para quem não sabe ler nas entrelinhas ter percebido bem no que estava a votar. Como não o fez, admita que a única coisa que consegue fazer é empobrecer o país, é incapaz de desempenhar o cargo para o qual foi eleito e portanto, seja honesto pela primeira vez na vida e demita-se. Como se um atestado de incompetência fosse pouco, o Secretário de Estado da Juventude resolve aconselhar os jovens e passo a citar: «Se estamos no desemprego, temos de sair da zona de conforto e ir para além das nossas fronteiras». Tal como o Primeiro-Ministro, este senhor também desconhece que cabe ao governo promover politicas de emprego para os jovens, que aproveitem o seu potencial e que permitam que o seu trabalho faça aumentar o PIB, que o seu IRS constitua uma receita para o Estado e que contribuam para a sustentabilidade da nossa segurança social (ainda por cima num país com a população envelhecida).
Mas isto é assim tão díficil de compreender? E desde quando, é que escolher ficar num país governado por semelhantes pessoas, é escolher ficar na zona de conforto? Pedir aos jovens para emigrarem e abdicar de lutar pelo desenvolvimento do nosso país, só pode ser explicado estatisticamente, o governo pretende ter uma taxa de desemprego mais simpática e menos encargos para a Segurança Social. Se os jovens não emigrarem, a taxa de desemprego aumenta e isso é capaz de demonstrar que os resultados das medidas do governo são desastrosos e incompetentes… Pois eu tenho uma ideia melhor, e que tal, o Sr. Primeiro-Ministro, o Sr. Secretário de Estado da Juventude e restante equipa governativa, deixarem a nossa zona de conforto e emigrarem? Passamos bem sem a vossa incompetencia na nossa zona de conforto, nem para ganharem o titulo de pior governo da República vos queremos cá…

Legenda: O vídeo que tão bem resume o orçamento de estado é da autoria dos Precários Inflexíveis.