quinta-feira, maio 31, 2007

"Vamo-nos pirar daqui..."

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Calvin&Hobbes

In Público online


terça-feira, maio 29, 2007

Nada no horizonte

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«Estava realmente perdido de todas as maneiras. Passara a vida a sonhar um Portugal melhor numa península melhor e num mundo melhor. Para que essa aspiração fosse verdade, julgava que bastaria o desaparecimento das tiranias que aqui e ali oprimiam os povos.

Ora a verdade é que os tiranos carismáticos, um a um, iam desaparecendo (…) e, quanto mais parecia debelada, mais a opressão se enraizava no corpo social e mais sólida e subtilmente se implantava nele. E olhava sem antolhos os horizontes promisssores da democracia. Cada vez se tornavam menos nítidos no meu desespero.»


Miguel Torga “A criação do mundo”

sábado, maio 26, 2007

Parvoíces

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Parvoíce nº1

Sindicato diz que ministro devia «ficar calado»


O Sindicato dos Metalúrgicos diz que Manuel Pinho ganhava mais se estivesse calado já que os 250 postos de trabalho que a Delphi criou em Castelo Branco já estão preenchidos. Postos de trabalho que o ministro anunciou, esta segunda-feira, como sendo destinados a trabalhadores da Guarda que vão ser dispensados até final do ano.


Esta parvoíce não surpreende, Pinho já é versado na arte da parvoíce. Já gabou a mão-de-obra barata portuguesa junto dos chineses. Agora faz falsas promessas aos desempregados da DELPHI… ignorância, incompetência, tentativa desesperada de enganar alguém? Quem sabe? Mas já ninguém estava à espera que resolvesse o problema, como Zapatero fez aos 1600 trabalhadores da Delphi, despedidos em Espanha...


Parvoíce nº2


«O ministro das Obras Públicas, Mário Lino, afirmou hoje, no final de um almoço promovido pela Ordem dos Economistas sobre a Ota, que "a margem sul é um deserto" e por isso seria "uma obra faraónica" fazer aí o futuro aeroporto de Lisboa.


"Na margem sul não há cidades, não há gente, não há hospitais, nem hotéis nem comércio", disse o governante, acrescentando que, de acordo com um estudo recente, "seria necessário deslocar milhões de pessoas" para essa zona para justificar a construção do novo aeroporto.


Segundo Mário Lino, fazer um aeroporto no Poceirão ou nas Faias seria o mesmo "que construir Brasília no Alto Alentejo". (…)

Mário Lino não resistiu ontem a comparar a opção sul do Tejo a um doente aparentemente de boa saúde, mas "com um cancro nos pulmões".»


Já era tempo de alguém tirar protagonismo a Pinho. Eis um ministro que pensa que tem muita piadinha, só porque uma gracinha à custa da licenciatura do Primeiro-Ministro lhe correu bem… Mas... vamos lá ver, para esta declaração ter graça teriam que estar reunidas algumas condições:

  1. A Ota teria de ser uma grande, movimentada e populosa“urbe”
  2. Um ministro das Obras Públicas teria de ser totalmente alheio à construção de infra-estruturas na margem sul ou à falta delas
  3. Um cancro nos pulmões poder ser considerado um facto de alguma comicidade

Parvoíce nº3


«O presidente do PS, Almeida Santos, invocou esta noite os riscos de segurança para rejeitar a construção de um aeroporto a sul do Tejo, advertindo que a destruição de uma ponte num atentado terrorista poderia cortar a ligação entre as duas margens do rio.


"Um aeroporto na margem sul tem um defeito: precisa de pontes. Suponham que uma ponte é dinamitada? Quem quiser criar um grande problema em Portugal, em termos de aviação internacional, desliga o norte do sul do país", declarou Almeida Santos no final da reunião da Comissão Nacional do PS.»


Quando se pensa, que ninguém pode bater Mário Lino, eis que surge um novo concorrente: Almeida Santos. "Cuidado que a ponte pode ser dinamitada!". O próprio aeroporto, não…

Portugal até tem sido alvo de variados ataques terroristas. Aliás, eles só estão indecisos entre a Vasco da Gama e a 25 de Abril. E porque não as duas, em simultâneo? Assim como assim, ninguém precisa de visitar o deserto…


Será que alguém consegue defender o aeroporto da Ota, sem cair no ridículo?


quinta-feira, maio 24, 2007

"Enjeitados"


Hospital católico inaugura "roda dos enjeitados"


O Japão inaugurou este mês um serviço público para recolha de bebés indesejados e a polémica estoirou. A estrutura – que permite que os pais depositem, de forma anónima, a criança para adopção na “caixa dos bebés” construída nas imediações do hospital católico-romano Jikei (na cidade de Kumamoto) – foi criada com o objectivo de desencorajar o aborto ou evitar o abandono, infelizmente comum, de recém-nascidos em locais de risco tais como caixotes do lixo. Mas a primeira criança a dar entrada na “caixa” foi um menino de três anos, perfeitamente consciente da viagem que fez com o pai até ali.


A notícia chocou os líderes políticos do país e levou mesmo o Primeiro-ministro japonês, Shinzo Abe, a defender publicamente que “depositar uma criança de forma anónima é inaceitável”. Ainda assim, a “caixa dos bebés” está em funcionamento, num conceito que parece recuperar a “roda dos enjeitados”, existente nas Misericórdias dos países do Sul da Europa, entre os séculos XVI e XIX. Os órgãos de comunicação japoneses fizeram bandeira do caso dando conta da história do menino de três anos que se identificou pelo nome e contou como o pai o levou até ali de comboio, o depositou na caixa e de como as enfermeiras o foram buscar depois de soar o alarme que indica que está uma criança no “depósito”.


Este caso devia levar muita gente, a pensar nas consequências de levar a termo uma gravidez não desejada. Qual é o maior crime, interromper uma gravidez até às dez semanas ou deixar uma criança de 3 anos numa roda de enjeitados?


Note-se que esta iniciativa tem como pretexto desencorajar o aborto, com que fundamento ético ou moral, pergunto eu?


terça-feira, maio 22, 2007

Amanhecer

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Foto de Mark Tucker

"Sunrise Field 3" - Eastern Kentucky Trip

domingo, maio 20, 2007

“Especiismos”

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Não tenho por hábito escrever posts de reacção a textos de outros blogs, até me deparar com um post, que me suscita tantas dúvidas e divergências. Já há algum tempo que visito o Esquerda Republicana, com bastante gosto e deve ser a primeira vez que discordo profundamente de um texto deste blog. O texto em causa tem como título “Grandes touradas” e deve ser lido na íntegra aqui.

Pelo que percebi quem se manifesta contra as touradas é anti-humanista e sofre de alguma desorientação ética, porque considera que os animais podem ser sujeitos de direito. E mais, quem é anti-tourada é um puritano que investe contra a liberdade fundamental do ser humano de se divertir, só porque o espectáculo lhe desagrada pessoalmente.

Em primeiro lugar, acusar de puritanismo quem se insurge contra espectáculos que se baseiam, em infligir sofrimento aos animais, por diversão é tão ridículo, como dizer que pornografia e boxe é o mesmo que uma luta de cães ou uma tourada. Qualquer espectáculo proveniente do mútuo consentimento dos seres humanos envolvidos, nunca é comparável, com o que envolve uma outra espécie, incapaz de manifestar uma vontade e de reagir contra o sofrimento.

Em segundo lugar, o que tem de anti-humanista a defesa dos direitos dos animais? O meu conceito de humanismo implica uma responsabilidade ética para com os outros seres vivos, que coexistem com o homem neste planeta. Os animais não são capazes de processos mentais superiores, logo não podem ser sujeitos de Direito? Não interessa que sintam e que sofram, não merecem ser protegidos do sofrimento que lhes é inflingido por pura diversão, pelo ditos seres capazes de processos mentais superiores?

O que está na base desta linha de argumentação é o especiismo, ou seja, o homem considera-se superior a qualquer outro animal, baseando-se nos processos mentais superiores. Logo os seus direitos e liberdades fundamentais estão acima de qualquer outro não humano. É preciso ter a espécie humana em grande conta, no mínimo. Qualquer argumento que alegue superioridade mental, moral ou rácica é sempre dúbio, na minha opinião.

Não reconheço superioridade à espécie, que mais danos tem causado ao planeta, para já não falar nos danos que causa no ceio da sua própria espécie. Um pinguim, um elefante ou um gato doméstico sem processos mentais superiores, não lançaram bombas atómicas, não são responsáveis pelo aquecimento global, nem pela guerra no Iraque. Não posso ser especiista, porque as consequências das acções humanas são tão evidentes que desmentem qualquer primazia relativamente a qualquer outra espécie.

O que seria de esperar da espécie humana, era que usasse os seus processos mentais superiores, com sentido ético e responsabilidade, em prol das outras espécies que não têm essa capacidade. Nesse sentido, seria de esperar que o homem percebesse que é moral e eticamente condenável infligir sofrimento a uma outra espécie por diversão.

segunda-feira, maio 14, 2007

10 mitos sobre a pobreza

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Las 10 falacias sobre la pobreza

1- La negación o minimización de la pobreza (no es tan importante como lo cuentan)

2- La falacia de la paciencia. (Los pobres deben esperar el crecimiento económico para recibir los beneficios que hoy disfrutan las elites)

3- Con el crecimiento económico basta (no es necesaria una política de Estado. El crecimiento por si mismo se ocupará de hacer llegar los beneficios a los menos favorecidos)

4- La desigualdad es un hecho de la naturaleza y no afecta el crecimiento económico.

5- La desvaloración de las políticas sociales. (La única política social es la política económica. En su momento el Mercado resolverá todos los problemas)


6- La maniqueización del Estado. (El Estado es ineficiente, corrupto e incapaz de llevar adelante ninguna política)

7- La incredulidad frente a las acciones de la sociedad civil. (las organizaciones sociales son un mundo de segunda en comparación con el "mundo de las soluciones importantes")


8- La participación, si, pero... (A pesar de que se proclama la importancia de la participación popular en los temas públicos, la realidad demuestra que muy pocas veces los caminos de la participación están allanados)


9- La elusión ética. (La ética no tienen nada que ver con la economía)


10- No hay alternativa. (las medidas que se toman son las únicas posibles, las otras propuestas no son serias)


In: Periodismo Social

Legenda da imagem: "Poverty" de Picasso


Nota: Um agradecimento especial à Sabine, por ter chamado a atenção para este artigo.

sábado, maio 12, 2007

Sozinha, até ao fim dos tempos

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Há muitos, muitos anos...

num país muito longe e triste,

havia uma enorme montanha

de pedras escuras e ásperas.

Ao cair da tarde,

no topo dessa montanha,

florescia todas as noites uma rosa

que tornava imortal quem lhe tocasse.


Mas ninguém ousava

chegar perto dela

porque os seus espinhos

estavam envenenados


Os homens conversavam entre si

sobre o medo da morte,

e da dor, mas nunca

sobre a promessa

da imortalidade.

E todas as tardes,

a rosa desabrochava

sem poder oferecer os seus

dons, a ninguém...

Esquecida e perdida no topo

daquela montanha de pedra fria,

Para sempre sozinha,

até ao fim dos tempos.

In: "El Laberinto del Fauno"

quinta-feira, maio 10, 2007

Thinking blogger award

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Para minha surpresa, o O Bico de Gás presenteou este blog com um “thinking blogger award”. Resta-me agradecer a distinção, mas o My Hopes and Dreams limita-se a aspirar, um dia, fazer pensar alguém. Até porque os posts são feitos mais de interrogações do que factos e conteúdos, que possam considerar-se material pensante.


E a maioria dos posts, que vão desde poemas, a músicas e a fotos, têm mais o objectivo de apelar aos sentidos, convidam à abstração e mais ao não pensar, que ao pensar. Ou melhor, não sei se convidam alguém, sei que é o que eu sinto quando os publico, em vez de publicar qualquer outra reflexão minha…


Mas, deixando as divagações da parte, e apesar de existirem milhares de blogs mais pensantes que este, deixo aqui o meu muito obrigado ao C3H8. Já não estou tão grata pela árdua tarefa, de ter que atribuir o prémio a 5 “thinking blogs”. Ao que parece, faz parte do protocolo da cerimónia…


Começo por pedir desculpa aos blogs que não estão nesta lista. Existem milhares de blogs com certeza de grande qualidade, que eu nunca descobri. E depois, existem os blogs de grande qualidade, mas que não prendem a minha atenção. E por fim, estão os blogs muito bons, que eu gosto de visitar, mas que têm de competir com os 5 que conseguiram levar-me a visitá-los com maior regularidade. Não sei se é o critério mais justo, porque conseguir captar a minha atenção, é um acto tão subjectivo, que não me atrevo a tentar explicá-lo…


Enfim, todo um parágrafo para dizer que esta escolha é pessoal e subjectiva. E sem mais delongas... porque se isto fosse a cerimónia dos óscares, já me tinham cortado a palavra há muito tempo... Os blogs que me fazem pensar são:

Devaneios Desintéricos

Altermundo


O Bico de Gás


Armadilha para Ursos Conformistas


Arrastão


Infelizmente não pude incluir “A Macambúzia Jubilosa”, porque o blog já não está activo, mas não deixo de o referir porque também me fez pensar. Numa tentativa de ser isenta, deixei de fora os blogs dos meus amigos que também visito com frequência. Eles sabem quem são, fica um beijinho e desculpem lá não vos nomear… ;))


quarta-feira, maio 09, 2007

Death from breathing outdoor air

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Roy, the Toxic Boy

To those who knew him
-his friends-
we called him Roy.
To others he was known
as that horrible Toxic Boy.


He loved ammonia and asbestos,
and lots of cigarette smoke.
What he breathed in for air
would make other people choke!


His very favorite toy
was a can of aerosol spray;
he'd sit quietly and shake it,
and spray it all the day.


He'd stand inside the garage
in the early-morning frost,
waiting for the car to start
and fill him with exhaust.


The one and only time
I ever saw Toxic Boy cry
was when some sodium chloride
got into his eye.


One day for fresh air
they put him in the garden.


His face went deathly pale
and his body began to harden.


The final gasp of his short life
was sickly with despair.
Whoever thought that you could die
from breathing outdoor air?


As Roy's soul left his body
we all said a silent prayer.
It drifted up to heaven
and left a hole in the ozone layer.


In: "Tim Burton's: Roy the toxic boy"

segunda-feira, maio 07, 2007

A França de Sarkozy?

.No comments

sexta-feira, maio 04, 2007

É este senhor, que querem? De certeza?

Em França, as sondagens publicadas após o debate entre os dois candidatos, continuam a dar vantagem a Nicolas Sarkozy. Apesar de não ter conseguido ver o debate Ségolène/Sarkozy na íntegra, pareceu-me que Sarkozy tentou esconder a faceta da brutalidade e Ségolène insistiu temática das políticas sociais.

A candidata de esquerda insistiu no combate ao desemprego, pela criação de 500 mil empregos para os jovens (onde é que eu já ouvi isto?), construção de mais esquadras e centros de reabilitação, aumento da eficácia dos hospitais públicos e a manutenção das 35 horas de trabalho. Sarkozy desvalorizou estas questões pelos custos que acarretam, sobretudo as 35 horas de trabalho que admite não eliminar, mas vai incentivar as horas extraordinárias, posicionou-se claramente contra a adesão da Turquia à União Europeia. Portanto, nada de novo…

O momento mais caricato do debate, na minha opinião, é quando Sarkozy fala das crianças deficientes e na sua integração no sistema de educação. É acusado de imoralidade politica pela sua adversária, porque anulou a medida socialista de colocação de 7 mil funcionários públicos a acompanhar estas crianças. Ségolène disse mesmo: «Je suis en colère!». Eu por acaso, também fico um pouco colérica quando ouço isto:

«Que tipo de educadores seríamos nós, se não pudéssemos chamar vadios aos vadios?»


E mais colérica fiquei, quando li isto:




Ségolène não será a candidata perfeita, e no debate faltou-lhe explicar como iria assegurar a concretização das políticas sociais que propõe. Mas como podem os franceses colocar no poder aquela figura de ar agressivo e autoritário, que diz isto do Maio de 68?


Talvez não seja motivo, para ficar colérico... Mas, se os próprios franceses rejeitam a herança de 68, o que será dos ideiais de esquerda no futuro?

Nota: O cartoon é de David Miège

quarta-feira, maio 02, 2007

"Mais papistas, que o Papa..."



O beijo do presidente do Irã, Mahmud Ahmadinejad, na mão de sua antiga professora provocou a revolta do jornal islamista Hezbollah, que representa a tendência mais radical.


"Ahmadinejad tomou a mão da ex-professora e a beijou. Depois esta mulher de meia-idade o tomou em seus braços. O povo muçulmano iraniano não recorda tais atos contrários à sharia durante o reino islâmico", afirma o jornal, que publica três fotos do presidente e da professora.


A cena aconteceu na terça-feira, por ocasião do dia do professor. A mulher usava luvas e não houve contato direto entre ela e o presidente. Segundo a lei islâmica, qualquer contato físico entre um homem e uma mulher está proibido, exceto se são casados.


"Este ato incrível do presidente acontece quando os fiéis ainda não esqueceram sua decisão de autorizar as mulheres a entrar nos estádios de futebol", acrescenta o jornal.

Estas críticas da imprensa são tão injustas, o Sr. Ahmadinejad esforça-se tanto...