quinta-feira, julho 30, 2009

Stupid me...



Placebo
"Battle for the sun"
2009

sábado, julho 25, 2009

There is no economy left to recover...


Esta frase é de um excelente artigo de Paul Craig Roberts, que fala de uma transformação económica que levou à grave crise que hoje nos afecta. Passamos de uma economia assente na produção, para uma económica assente na desregulação do mercado, baixas taxas de juro e produtos financeiros fraudulentos. A esta nova economia, ele chama «make believe economy».

Outro aspecto do sistema, o consumismo extremo, leva a uma situação de dívida constante. Os cidadãos são impelidos a comprar mais e mais bens, contraindo créditos atrás de créditos, comprometendo o seu rendimento ao ponto de deixarem de conseguir pagar as suas dívidas. Era esse rendimento que sustentava a nova economia, mas a partir do momento em que as dividas deixam de ser pagas e novos empréstimos deixam de poder ser contraídos., a base da economia colapsa. As pessoas perdem os empregos e as próprias casas. Milhões de americanos estão sem casa e a viver com familiares ou em “cidades tenda”.

Entretanto o governo americano continua a endividar-se, numa escala deficitária galopante, ao ponto de ter comprometer o próprio dólar. A China, principal credor dos EUA já começou a comprar ouro e matérias-primas, para substituir o dólar. A desvalorização do dólar será inevitável e com ele a desvalorização dos salários e dos rendimentos.

A resposta dos governos Bush e Obama não resolveu estas questões fundamentais, as ajudas vão para a Goldman Sachs e para a indústria de armamento. A crise está longe do final:

terça-feira, julho 21, 2009

Até na prevenção da GripeA uns têm mais deveres que outros

Não há nada melhor que a Gripe A para fazer esquecer a proximidade das eleições legislativas e a falta de propostas viáveis para o futuro do país dos candidatos a Primeiro-Ministro. Chega-se ao cúmulo de um deles ainda nem ter apresentado qualquer projecto para o país. Mas o importante é que as pessoas alucinem com a Gripe A. Não utilizem os apoios no metro e no autocarro, mais vale partir uma perna que apanhar um punhado de germes e vírus da Gripe A!! Caixas Multibanco, só com um toalhete desinfectante! Mas o melhor para perceber a dimensão da paranóia, é ler um artigo que vinha hoje no Diário Económico com o título «Acabou-se o beijinho e o “passou-bem”».

Repare-se como até a questão da Gripe A revela bem a mentalidade instalada. O cidadão é que tem que se prevenir. O cidadão que parta uma perna, o cidadão que compre desinfectante na farmácia. Não se exige às empresas ou aos comerciantes que aumentem as precauções com a limpeza e desinfecção das instalações que o publico utiliza. Quem entrar numa casa de banho pública, nem que seja para lavar as mãos terá sorte se encontrar sabonete. Já nem falo na limpeza dos próprios transportes públicos. Alguém já reparou nas equipas de limpeza que entram nos aviões antes do embarque e que 10 minuto depois, já cá estão fora? E o que dizer dos nossos locais de trabalho mantidos por equipas de limpeza, que muitas vezes arrastam uma esfregona molhada e nem detergente usam? (E um aparte, pelo que pagam a estas pessoas não as censuro, critico sim quem permite que isto se passe...).

Até no que pode funcionar como uma distracção do que é verdadeiramente importante, conseguimos perceber o grau fundamental de desigualdade de direitos e de tratamento a que se chegou. Ao cidadão comum tudo se exige ao ponto do ridículo, a quem de facto tem poder e responsabilidade, nada é exigido em matéria de prevenção da “pandemia”. Veja-se que as empresas recusam até pagar salários em caso de quarentena. Na GripeA como em tudo o resto, os sacrifícios e os cuidados são exigidos só a alguns.

quinta-feira, julho 16, 2009

Mais sangue na Rússia de Putin





Estemirova, de 50 anos, trabalhou com a jornalista Anna Politkovskaya que foi assassinada há três anos em Moscovo. Em 2007, recebeu o Prémio Politkovskaya e foi distinguida pelos parlamentos europeu e sueco. »

Tal como Anna Politkovskaya, Natalia pagou com a vida a ousadia de denunciar os crimes desumanos da Rússia de Putin e com a mesma impunidade os assassinos não serão acusados. Serão encontrados bodes expiatórios, mas nunca os responsáveis morais e políticos destes crimes. No entanto o mundo sabe. Não sabem os líderes políticos com os seus interesses estrategicos e económicos, ignoram os crimes de Putin e o homícidio e perseguição brutal de uigures na China, mas nós não temos de o fazer...

"Ela dizia abertamente a verdade, às vezes falava das autoridades com dureza. Mas é por isso que apreciamos os defensores dos Direitos do Homem", acrescentou Medvedev, segundo quem este é "um acontecimento triste e uma provocação".

Sim, apreciamos os defensores dos Direitos do Homem! Lá me obrigam a falar de hipocrisia novamente... pelo menos na parte da provocação, ele acertou... Pena é que quem tem poder para reagir a provocações, não reaja...



domingo, julho 12, 2009

Hipocrisias...

Acho que este post vai ser uma espécie de rescaldo da semana. A nível nacional, e uma vez que já falei do Ronaldo, falta destacar o triste final da comissão de inquérito ao BPN. Quando toda a gente ouviu evidencias mais que suficientes do desleixo da supervisão do Banco de Portugal, o PS protege um dos seus e mais uma vez as responsabilidades ficam por atribuir. Pelo menos os trabalhos da Comissão tiveram alguma cobertura televisiva, que permitiu às pessoas perceberem alguns dos esquemas fraudulentos que a alta finança utiliza, com a complacência da Supervisão. Esperar que o sentido de justiça e o peso dos factos superassem os interesses partidários, era de facto pedir de mais… Assim não será surpreendente o descrédito da imagem dos partidos juntos dos eleitores.


A nível internacional, não posso deixar de falar na escolha da cidade de L’Aquilla para receber a cimeira do G8. As cimeiras do G8 já são escandalosas sessões de prepotência e manutenção de “status quo”, mas é preciso serem também insultuosas para populações que perderam tudo e vivem ainda em tendas? Não é indecente? Qual é o objectivo é para que não existam manifestações, dado à dificuldade de acessos e inexistência de infra-estruturas, pouco importando como isso prejudica quem lá tem de viver? Ou é alguma exibição de um Berlusconi que acha que está a lidar com a situação de L’Aquilla de uma forma brilhante? Ou será um pretexto para os líderes do G8 demonstrarem caridade com os pobres e desfavorecidos? Devia existir algum limite para a hipocrisia…

sábado, julho 11, 2009

No one cares...



Album: "Battle for the sun"

segunda-feira, julho 06, 2009

Já paravam de falar no Cristiano Ronaldo!

O tempo que as nossas televisões têm dedicado à novela Cristiano Ronaldo já roça o insulto. O telejornal da televisão pública tem sido nos últimos dias a versão televisionada da revista Caras, ao dar um longo destaque ao suposto caso do futebolista com a Paris Hilton. “Who cares”, pergunto eu? Aparentemente toda a gente... Ele é notícia de abertura e ocupa 10 a 20 minutos de telejornal? Directos do Santiago Barnabéu durante toda a semana que antecede a apresentação do jogador? Caramba, só lá estão turistas a tirar fotos... suponho que como é o dinheiro dos contribuintes a pagar o tempo de satélite, não faz mal...

Tudo se justifica com a euforia à volta do jogador, como se a vida do Cristiano Ronaldo tirasse o sono a alguém. As pessoas estão muito mais preocupadas em manter o seu emprego e em pagar as suas contas e preferiam saber dos problemas reais que as afectam. Mas alguém entende que querem saber do Cristiano Ronaldo. Alguém decidiu que há euforia. Pretende-se fazer crer que se trata de um sucesso nacional, tentando empolar algum nacionalismo básico, para que as pessoas esqueçam que este país de bem sucedido tem muito pouco.

Já que a população em geral, poucas possibilidades tem de obter qualquer sucesso profissional, é importante mostrar que Ronaldo consegue. Se ele consegue, o povo também. Olhem para o Cristiano Ronaldo, todos os directos, todas as reportagens, horas de informação pertinente... porque há um salário milionário e uma Paris Hilton a cada esquina! A realidade fica para depois...

Fonte da imagem: www.toonpool.com/cartoons/

Adenda: Enquanto publico este post, a SicNoticas mostra uma entevista do Nuno Luz à TVE (sim a TVE quis entrevistar o Nuno Luz, por incrivel que pareça), em que ele explica que a historia de Ronaldo é como a da Cinderela e que ele é uma pessoa muito simples... É desta que eu não consigo conter o vómito...

sexta-feira, julho 03, 2009

O Estado da Nação “according to me”

Discutiu-se ontem na Assembleia da República o Estado da Nação, em que o optimismo do governo que parece não partilhar o mesmo espaço/tempo que nós meros mortais. É que nós meros mortais percebemos que algo está profundamente errado e estamos fartos que sucessivos governos se demitam da responsabilidade dessa situação.

É perceptível para todos a desigualdade social gritante, há de facto quem não tenha sofrido com a crise e continue a lucrar, há sectores que não sofrem avaliações e penalizações e por outro lado, há quem não tenha acesso ao subsídio de desemprego. Persiste o velho problema, uns pagam impostos, outros não, uns têm direitos, outros não. A igualdade de oportunidades é um mito. A educação e a saúde têm um preço cada vez mais elevado. O acesso à reforma foi dificultado e há de facto uma forte penalização.

E o que dizer do acesso à justiça? Já de si caro e moroso, já de si só acessível a alguns, foi ainda dificultado pelo aumento das custas judiciais. Nem será de falar das empresas que encerraram sem que nada fosse feito. Preferem-se planos de investimento megalómanos que vão afectar o nosso endividamento, a investimentos ponderados na recuperação de escolas e hospitais, que podiam estimular a economia a nível local. Até a nível ambiental se conseguiu desresponsabilizar as industrias que façam descargas poluentes...


E devo-me estar a esquecer de outras tantas evidências, mas a nota fundamental é que há sempre quem ganhe e não somos nós meros mortais. E convém acrescentar que o que se discutiu não foi o Estado da Nação, nem as questões que eu levantei. Discute-se um imbecil que não se sabe comportar e que já tinha demonstrado isso há muito tempo, porque agora fez um gesto ofensivo e isso é que é a noticia... Os gestos ofensivos deste governo ao longo da legislatura, não incomodaram ninguém...


quarta-feira, julho 01, 2009

Viesses tu...

(...)
O tempo em que viesses sim seria
um tempo vertebrado um tempo inteiro
e não meras palavras arrancadas ao tinteiro
e alinhadas em fugaz caligrafia
Viesses tu que a tua vinda afastaria
todos os meus cuidados transeuntes
e para sempre alegre viveria
os meus dias infantes já distantes
A solução da solidão compartilhada
onde vejo o meu mais profundo mundo
seria a solução ampla e sem fundo

oposta sem resposta ao meu país do nada



Com a voracidade do olvido
seria só tu vires e lutares
e por mim de olhos enormes e crepusculares
serias ente querido recebido
Volta com as primeiros anjos de dezembro
num vasto laranjal eu quero amar-te
e então a tua vida há-de ser a minha arte
e o teu vulto a única coisa que relembro
O passado é mentira digo eu
sensível ao esplendor do meio-dia
e sob a árvore plena de alegria
o mínimo cuidado esmoreceu
Ao grande peso de tanto passado
com a insónia da dúvida na testa
basta a tua presença que protesta
e todo eu me sinto renovado


Ruy Belo
"Poema para a Catarina"
in Despeço-me da Terra da Alegria