segunda-feira, junho 30, 2008

O que é que eles têm que nós não temos?

Têm os combustiveis mais baratos, pagam só 17% de IVA, o salário mínimo é de 800 euros e ainda levam a Taça para casa?



Ora o que é que eles têm? Têm Zapatero e um governo que parece efectivamente ser socialista, não têm José Socrátes. Têm Aragónez, um treinador que efectivamente sabe o que é táctica de jogo e não Scolari. Têm Casillas, um guarda-redes que efectivamente sabe sair aos cruzamentos e não Ricardo.


Afinal a resposta é mais simples do que parece...


sexta-feira, junho 27, 2008

Escrito em 1942 ou hoje?


«O futuro imediato tem grandes probabilidades de se parecer com o passado imediato, e no passado imediato as mudanças tecnológicas rápidas, efectuando-se numa economia de produção em massa e entre uma população onde a grande maioria dos indivíduos nada possui, têm tido sempre a tendência para criar uma confusão económica e social. A fim de reduzir essa confusão, o poder tem sido centralizado e o controle governamental aumentado. É provável que todos os governos do Mundo venham a ser mais ou menos totalitários, mesmo antes da utilização prática da energia atómica; que eles serão totalitários durante e após essa utilização prática, eis o que parece quase certo. Só um movimento popular em grande escala, tendo em vista a descentralização e o auxílio individual, poderá travar a actual tendência para o estatismo. E não existe presentemente nenhum sinal que permita pensar que tal movimento venha a ter lugar.»



Não há nenhuma razão, bem entendido, para que os novos totalitarismos se pareçam com os antigos. (...) Um estado totalitário verdadeiramente «eficiente» será aquele em que o todo-poderoso comité executivo dos chefes políticos e o seu exército de directores terá o controle de uma população de escravos que será inútil constranger, pois todos eles terão amor à sua servidão. Fazer que eles a amem, tal será a tarefa, atribuída nos estados totalitários de hoje aos ministérios de propaganda, aos redactores-chefes dos jornais e aos mestres-escolas.»



Aldous Huxley, "Admirável Mundo Novo". Lisboa: Livros do Brasil, 1999. Prefácio escrito em 1942, p.15.



« Para governar, é necessário deliberar, e não perseguir. Governa-se com o cérebro, nunca com os punhos. (...) não se pode consumir muito se se fica tranquilamente sentado a ler livros»



Idem, p. 63.


terça-feira, junho 24, 2008

Cada vez gosto menos da vossa Europa

Parece-me que inevitavelmente, o meu primeiro post pós-regresso tinha de ser sobre a União Europeia. Ainda bem que não tirei o banner lateral, «não gosto da vossa Europa». São cada vez mais as razões para não se gostar desta Europa. E não estou só a falar do Tratado de Lisboa, sinceramente já esperava que o não irlandês fosse ignorado. Considerar alterações ao Tratado seria uma atitude muito democrática, vinda daqueles que escolheram deixar de fora do processo de decisão, os cidadãos europeus. Será que ridiculamente os senhores da Europa, vão propor novos referendos na Irlanda até que o Sim ganhe? É o que se chama de maturidade democrática...


Cartoon de Rainer Hachfeld, «Neues Deutschland» - gentilmente surripiado daqui


Se a questão do Tratado de Lisboa e dos referendos, ou da ausência deles, é preocupante, o que dizer da Nova Lei do Repatriamento? Mais que indignação, sinto tristeza, porque ainda via na UE um bastião de defesa dos direitos humanos (ingenuamente, admito...). Como é possível que se possa permitir que seres humanos, cuja unica culpa é procurarem uma vida melhor, sejam confinados em campos de retenção até 18 meses? Inclusivamente crianças... espantoso! Podem até ser individuos, que estão há vários anos a trabalhar em território europeu contribuindo para a produtividade desse país, mas que por qualquer questão burocrática não possuem documentação válida para aí permanecer.

Entretanto, os cidadãos europeus que trabalhem até 65 horas semanais. Pois, afinal, quem precisa de qualidade de vida quando existe toda uma economia para alimentar... Mais uma espantosa valorização dos direitos humanos, mais um motivo para não gostar da vossa Europa!

segunda-feira, junho 23, 2008

My Hopes and Dreams: o regresso

Apetece-me voltar a ser blogger. Mesmo se as razões que me levaram a deixar de o ser, ainda persistam. Mas de alguma forma, já não são importantes. No fundo os meus posts não são mais que desabafos, sobre o que me inquieta e os desabafos não precisam de ser ouvidos ou lidos, só têm de ser proferidos.

Não precisam de ter fundamento científico, de ser eloquentes ou brilhantes, podem mostrar ingenuidade, insegurança, medo, falta de cultura política, atrevimento ou imaturidade. Porque não? Podem não ter sentido nenhum ou ter sentido só para mim.

E a minha preocupação com a qualidade? Vou continuar a ser exigente comigo própria, mas não em demasia. Porque há dias de maior ou menor inspiração, existem erros, lapsos, imprecisões, falta de tempo, impaciência, mau humor...

Portanto, o blog continua. Continua porque eu disse demasiadas vezes, «isto dava um post»... post que eu não escrevi e fica um amargo de boca, uma sensação francamente dispensável. E continua, neste mesmo lugar, neste formato, com este nome, porque nada vai mudar... vou continuar a divagar pela actualidade, pela poesia, pela arte e pelas minhas sensações, angústias, felicidades ou o que seja. Mesmo que as minhas divagações sejam mundanas ou me exponham em demasia, seguem dentro de momentos...