terça-feira, maio 29, 2007

Nada no horizonte

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«Estava realmente perdido de todas as maneiras. Passara a vida a sonhar um Portugal melhor numa península melhor e num mundo melhor. Para que essa aspiração fosse verdade, julgava que bastaria o desaparecimento das tiranias que aqui e ali oprimiam os povos.

Ora a verdade é que os tiranos carismáticos, um a um, iam desaparecendo (…) e, quanto mais parecia debelada, mais a opressão se enraizava no corpo social e mais sólida e subtilmente se implantava nele. E olhava sem antolhos os horizontes promisssores da democracia. Cada vez se tornavam menos nítidos no meu desespero.»


Miguel Torga “A criação do mundo”

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