Dignidade no trabalho exige-se

A retórica que justifica este tipo de medidas, também é nossa conhecida: «esses preguiçosos que não querem trabalhar». Basta ver as últimas reportagens da RTP, para ver este argumento exibido até ao vómito. O que a RTP não disse, é quantos empregos disponíveis existem relativamente ao número de desempregados. No caso da Inglaterra, alegadamente pejada de preguiçosos, temos 459 mil empregos para 2,5 milhões de desempregados. Um preguiçoso poderá ter que disputar o trabalho com 250 colegas… se não conseguir terá de contentar-se com a categoria de desempregado trabalhador, 1 libra hora sem qualquer perspectiva de melhoria social, sabendo que antes estava no seu lugar alguém com emprego. Estamos muito perto da Servidão e não é impressão minha.
É urgente uma mobilização pelo regresso da dignidade no trabalho, seja com greves, protestos ou criticas em conversas de café. Ou melhor inventem-se formas eficazes de protesto, antes que seja tarde demais. Há coisas muito simples do dia-a-dia que alimentam o sistema que nos quer semi-escravos e das quais podemos abdicar: produtos bancários de investimento em acções, cartões de crédito e afins, consumismo irracional em produtos dispensáveis e porque não seguir a sugestão do Cantona? Agir é mesmo necessário!