sábado, janeiro 16, 2010

Haiti:Tentar compreender a tragédia

A tragédia que se abateu sobre o Haiti, deixou-nos consternados e as imagens que nos chegam diariamente são dramáticas. Mas há mais a dizer sobre a situação do Haiti. Se um sismo é impossível de prever e de impedir (se bem que nunca houve um empenho em financiar uma investigação cientifica profunda sobre o assunto, há domínios mais lucrativos onde investir suponho... ), o mesmo não se pode dizer da capacidade do Haiti em resistir à catástrofe. Se tivesse ajuda na devida altura, este país estaria hoje em melhores condições de lidar com a destruição, não deixaria de ser uma tragédia, mas não teria estas proporções assustadoras.

O Haiti é um país extremamente pobre, sacudido por uma grande instabilidade politica, ditaduras militares, golpes e contra-golpes o que gera violência, mas também a ausência das mais elementares formas de organização económica e social. Não há sistema agrícola, a saúde e a educação são muito débeis. a única fonte de rendimento é a floresta, que tem sofrido uma devastação tal, que provocou erosão dos solos e cheias destrutivas. Apesar da presença da ONU no território desde 1994, nunca houve ajuda económica que permitisse resolver os graves problemas do Haiti:

O pretexto da crise politica levou os EUA e a União Europeia a bloquearem a verba destinada à ajuda económica, impedindo o Haiti de contrair empréstimos junto de outros bancos. E mais grave, está a ser cobrado ao país juros e comissões de um dinheiro que nunca recebeu, aumentando a divida haitiana. Como em qualquer situação de embargo, quem sofre são as populações. Uma catástrofe desta dimensão num país tão débil, redundou em tragédia. Vemos agora, os países que no passado podiam ter resolvido os problemas existentes, mobilizarem uma ajuda insuficiente e tardia. Agora a grande questão é, até que ponto esta ajuda não serve para endividar ainda mais o Haiti e colocá-lo à mercê de politicas que só beneficiar as grandes corporações internacionais.

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