Saramago: Religião e espírito crítico
Não que eu goste de temas demasiado batidos e debatidos, mas toda a polémica gerada em torno das declarações de Saramago merece-me um comentário obvio. Ainda não somos capazes de conviver com opiniões radicalmente opostas aquilo que nos é vendido como socialmente aceite ou verdade absoluta. As críticas do autor à religião, à Católica em particular, mas não só, são conhecidas desde “O Evangelho Segundo Jesus Cristo”. Está no seu direito de não gostar das historietas da Bíblia, são cruéis e desumanas, muitas serão, outras não merecerão esses adjectivos. Seja como for, já era tempo dos Católicos viverem com a diferença e aceitarem que nem toda a gente tem que idolatrar livros sagrados como verdades absolutas. Mas o que seria de esperar de pessoas que acreditam piamente que um Deus que pede à Abraão o sacrifício do seu próprio filho, é misericordioso e omni-tudo? Não me espanta que quem ache o infanticídio aceitável desde que seja uma demonstração de fé e que nunca tenha analisado criticamente todo este tipo episódios bíblicos, venha dizer que a cidadania portuguesa deve ser retirada ao escritor. Concorde-se ou não com as opiniões de Saramago, só tenho a dizer que seriamos certamente um povo melhor, se todos tivéssemos o espírito crítico deste senhor. E só mais uma observação, as reacções às declarações do Saramago só vêem demonstrar como a religião e tudo o que dito e feito em seu nome, gera intolerância, ódio e radicalismo. Se contassem os crimes feitos em nome de Deus, deixavam o Saramago em paz...
1 comentário:
Ora nem mais! E por falar nisto, vi este fim de semana o Religulous do Bill Maher. Aconselho! ;)
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