quinta-feira, dezembro 29, 2011

Um 2011 de má memória


 
Todos os anos por esta altura, faço um balanço do ano que passou. Das minhas memórias, fica o que agradou e o que me marcou pela negativa. O ano de 2011 neste blog, foi um ano de muitos avisos e sérias preocupações que se concretizaram no final do ano. 2012 mostrará se as preocupações eram ou não exageradas. Mas para já, aqui fica o ano de 2011, revisto pela minha memória subjectiva e selectiva:

 
A música
“The King Of Limbs” – Radiohead
"Mútuo Consentimento" - Sérgio Godinho
“Let England Shake” - PJ Harvey

O poema
“Força” - Joel Henriques in "Terra Prometida"
“Passagem” – Antonio Ramos Rosa

O filme
“Cisne Negro”
“Dos homens e dos deuses”
“Biutiful”

A série
Nada de novo, continua a ser “House MD”, “Fringe”, “Dexter” e “The daily show with Jon Stewart”

Preocupante…

Os odiosos planos de austeridade a pretexto da crise financeira provocam uma verdadeira catástrofe social e o aumento da pobreza

A democracia completamente rendida ao poder económico: Itália e Grécia já são governadas por tecnocratas não eleitos pelo povo
A acção dramática do FMI na Grécia, com noticias perturbadoras como o aumento da taxa de suicídio em 40%, o abandono de crianças pelos pais que não têm como as sustentar e as crianças que desmaiam de fome nas escolas

A assombrosa catástrofe natural – Sismo e Tsunami no Japão - causadora de muitas mortes, prejuízos e um impacto ambiental devido à radiação de Fukushima que ainda não conhecemos…

O início do fim da EU enquanto projecto de solidariedade e coesão entre países, por culpa de líderes de vistas curtas, completamente alheios ao abismo para o qual nos conduzem


Por cá, não menos preocupante…

2011 é o pior ano da nossa historia democrática, a uma assustadora perda de direitos, junta-se uma quebra de rendimentos que condenará muitos portugueses à miséria

Batem-se recordes dramáticos:o desemprego atinge os 13%, os 20% mais ricos ganham 6,1 vezes mais do que os 20% mais pobres, Meio milhão de trabalhadores não ganha o suficiente para dar condições de vida decentes às famílias

A chegada da Troika, a perda de sobrerania, a imposição de um plano de austeridade, que visa uma agenda neoliberal e que não demonstrou ter resultados positivos em nenhuma parte do mundo

O governo de direita ultraliberal, quer ir ainda para além das imposições da Troika,  empenhado em destruir o modelo social conquistado com o 25 de Abril. Assistimos ao aumento de impostos, cortes salariais, liberalização dos despedimentos, aumento do horario de trabalho, destruição do sistema de transportes e do SNS, com o brutal aumento das taxas moderadoras - é um ataque sem precedentes aos mais desprotegidos, doentes, desempregados

A odiosa retorica do andamos a viver acima das nossas possibilidades, quando 40% dos portugueses nem 600 euros ganham

Sistematicamente é excluída dos sacrifícios uma elite que controla a banca e o sistema económico em geral, cuja promiscuidade com o poder politico é evidente, mas que vai receber grande parte do dinheiro pedido ao FMI

Em nome do pagamento de um emprestimo de 78 mil milhões, teremos de pagar 112.400 milhões em 3 anos,mais comissões de 655 milhões, mergulha-se o país numa recessão, que lançará milhares na pobreza e no desemprego, numa injustiça social sem precedentes - Ninguém admite o óbvio ESTA DÍVIDA É IMPAGAVEL

O estado de negação, conformismo e apatia da população que não percebe que existem alternativas e que está a ser enganada e vítima de propaganda

Uma nota final, este ano é de facto assustador e vai rebentar em 2012, mas não quero deixar de referir o que achei positivo (o movimento Occupy Wall Street e dos Indignados,) e me dá esperança para o futuro: finalmente uma parte da população mostra-se esclarecida e disposta a lutar por um sistemas mais justo e verdadeiramente democratico.

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