quarta-feira, outubro 19, 2011

Balanço tardio

Não consegui fazer antes uma apreciação da manifestação do passado sábado, mas acho que vale a pena fazê-lo quando tantas criticas se levantam. Pessoalmente fiquei satisfeita com a manifestação em Lisboa, talvez porque as minhas expectativas fossem baixas. Nunca a propaganda mediática do apelo ao conformismo e às inevitabilidades foi tão grande e isso afastou muita gente da rua. Lamentei não ver os outros 100 mil que em 12 de Março encontraram razões de descontentamento e não conseguiram ver que hoje as razões triplicaram...

Gostei muito de assistir à Assembleia Popular, é uma lufada de ar fresco face aos comentadores televisivos, e se algumas declarações foram mais populistas ou exageradas, na maioria foram interessantes. Recusou-se a dívida, apontaram-se culpados (houve quem falasse das parcerias publico-privadas e das empresas que delas beneficiam), exigiu-se uma auditoria à dívida e discutiu-se a banca e a forma como recebe dinheiro do BCE a juros de 1% e empresta ao Estado a 6%. No entanto, basta duas ou três pessoas se insurgirem com o sistema partidário, para logo se erguerem vozes alarmistas falando em movimentos perigosos e irresponsáveis. Curiosamente são as pessoas dos partidos que não cumpriram programas eleitorais e que têm vindo a desiludir os cidadãos, portanto não me chocam esses discursos, nem que as pessoas prefiram uma democracia directa e soluções semelhantes à islandesa.

Por outro lado, também não me choca ver gente dos partidos na manifestação dos Indignados, porque nem todas são responsáveis por estas medidas e este estado de coisas. Nunca me agradou que se diga que os políticos são todos iguais, porque não são. Estou a falar dos dois lados da barricada, por uma razão muito simples. Quando o inimigo é altamente destruidor e poderoso, as diferenças devem colocar-se de parte para que a união de esforços vença o mal pior.

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