quinta-feira, março 04, 2010

O que não nos contam da Grécia

O que se passa na Grécia é extremamente preocupante, o primeiro-ministro socialista Georges Papandreou anunciou na terça-feira, num comunicado dramático à nação transmitido pela televisão, medidas futuras de uma austeridade sem precedentes, incluindo um aumento imediato do imposto sobre o combustível, o aumento da idade da reforma e cortes na remuneração dos funcionários públicos que representarão uma diminuição em 10% do salário para a maioria dos funcionários do estado e de 40% para os professores universitários. Será reduzido em 30% o salário correspondente ao 13.º mês, em 60% o subsídio de férias e o IVA será aumentado para 21%, uma subida repentina de 2 pontos percentuais.

São medidas gravíssimas que prejudicam o cidadão comum e comprometem a justiça social. O esforço é sempre exigido aos mesmos, os já sacrificados com o desemprego, a estagnação da indústria e do comércio. Estas medidas só irão aumentar o desemprego, a pobreza, fazer diminuir as receitas fiscais e tornar o país refém da especulação dos mercados financeiros. Veja-se como a situação piorou depois da redução do rating de crédito grego por três agências privadas de avaliação de riscos, e a consequente especulação nos mercados em torno da dívida pública grega, destinada a financiar o défice, o que levou a um aumento de 4% acima dos valores de base das taxas de juro. Joga-se com a bancarrota de um país, foi a isto que chegamos. Já se levantam vozes a sugerir a venda de patrimonio histórico e das ilhas gregas!!

O que ninguém nos conta da Grécia, é todo o historial de corrupção, evasão fiscal, clientelismo no sector público, toda uma elite que tirou benefícios públicos em proveito próprio e que fez aumentar a divida do estado. Familiar, não? Mas combater este problema, não é solução que ninguém aponte. A própria UE que deveria ter um compromisso com a justiça social e a democracia, pressiona a Grécia no sentido de tomar medidas que prejudicam trabalhadores assalariados, grupos de baixos rendimentos, agricultores de subsistência e desempregados... os mesmos de sempre. Insiste-se num modelo económico neoliberal assente num controlo do défice, nas privatizações e na redução do peso do Estado, que já demonstrou estar esgotado. A agravar a situação é que estas medidas vêem de um governo socialista, eleito por defender precisamente o oposto, o que coloca em causa a confiança nas instituições e na própria democracia. A persistência de um modelo esgotado, não só provocará uma crise social grave como politica.

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