Tempo de escolher
Noutras eleições não me tenho pronunciado sobre intenções de voto, até porque quem ler este blog e acompanhar as minhas preocupações, percebe perfeitamente a minha orientação politica. Considero que só uma politica verdadeiramente de esquerda poderá garantir a justiça social e a equidade, que é o problema fundamental da nossa democracia. Não poderá haver crescimento económico sustentável enquanto uma minoria absorver grande parte da riqueza controlando o poder político, condenando a maioria da população a ver os seus direitos fundamentais limitados e as suas aspirações individuais cerceadas. Acredito que existem bens e serviços indispensáveis à sobrevivência que devem estar acessíveis a todos, independentemente do seu poder económico. Estou a falar da saúde, do emprego, da educação, da habitação, da água e dos recursos energéticos. Chamem-me radical, mas é uma questão de justiça e de direitos e garantias fundamentais. Assegurado o básico, cada um pode aspirar e lutar pelo que quiser e então venha o mérito, o individualismo e quaisquer escolhas só limitadas pela lei e pelos legítimos direitos do outro.
Claro que dificilmente algum partido, colocaria tudo isto em prática, até pela dimensão dos abusos e das desigualdades. Mas no mínimo, não se dê ao voto aos dois partidos do centrão que nos governam desde o 25 de Abril e que nos têm retirado sucessivamente estes direitos e garantias. Não é aceitável a situação de precariedade e de pobreza em que a maioria da população vive, que está muitas vezes encoberta pelo apoio de familiares ou de instituições privadas de solidariedade social. E de facto, só à esquerda do PS (como já disse noutros posts, o PS de Sócrates não é esquerda) é que eu encontro algum desejo de combater esta realidade e de mudar alguma coisa.
E porque é que a direita não é a solução? Porque foram soluções de direita que nos deixaram onde estamos hoje. Foram politicas neoliberais que encheram uma minoria de riqueza e de privilégios, reduzindo a questão dos direitos e garantias fundamentais, a algo acessível só a quem puder pagar. Até os cuidados básicos de saúde exigem o pagamento de uma taxa moderadora. Veja-se quantos direitos consegue uma pessoa pagar com uma reforma mensal de 200 euros ou mesmo com o salário mínimo... E por falar em direita, vale a pena analisar o fenómeno CDS que se tem tentado apresentar como alternativa à política actual. Penso que os eleitores não vão deixar de associar o CDS de Paulo Portas às politicas do centrão, mesmo tendo o populismo do senhor tentado dissimular estas relações com o poder. É preciso que se perceba a quem ele pretende tirar regalias, a esses privilegiados que recebem o rendimento social de inserção. A quem tem verdadeiramente regalias desmedidas, não existe nada a retirar.
Por tudo isto, eu concordo com Francisco Louçã, a escolha é entre a maioria absoluta e a esquerda. E é à esquerda que eu tenciono dar o meu voto. Por algum motivo, o BE tem sido atacado pelo PS, PSD e até CDS... será receio que alguma coisa efectivamente mude?
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